Depois das eleições, os cientistas políticos do país terão um “caso” para estudar: a força do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, em termos de transferência de voto.

Marconi Perillo, do PSDB, foi governador do Estado por quatro mandatos. Era, portanto, poderoso. Mas nunca conseguiu eleger, para citar um exemplo, um prefeito em Goiânia. Porque, exatamente, não se sabe. Mas é fato que lhe faltou força política, capacidade de transferir votos.

Ronaldo Caiado, com base numa pesquisa qualitativa, concluiu que os eleitores de Goiânia queriam um prefeito-gestor, e não mais um mero político.

Primeiro, testou Jânio Darrot, do MDB. Embora o ex-prefeito de Trindade seja de fato gestor, faltava-lhe algo mais. O quê?

Aí Ronaldo Caiado percebeu que seu grupo precisava de um candidato que fosse gestor e, ao mesmo tempo, político. Porque o gestor pode até agradar, de cara, parte dos eleitores. Mas o gestor que é fortemente político parece que é mais apreciado pelos eleitores e pelos indivíduos que lidam com política diariamente, ou seja, aqueles que têm e não têm mandato.

Ao examinar o quadro de possíveis candidatos, em busca do perfil de um gestor-político ou de um político-gestor, Ronaldo Caiado pensou no ex-deputado federal e empresário Sandro Mabel. Trata-se, de maneira indubitável, de um gestor, mas, ao mesmo tempo, de um político com trânsito local, estadual e nacional.

Definido como candidato, Sandro Mabel pôs-se a trabalhar, com o apoio direto de Ronaldo Caiado. Se alguns dos candidatos, como Adriana Accorsi, do PT, e Vanderlan Cardoso, do PSD, estavam no jogo há praticamente quatro anos, portanto com amplo recall, o postulante do União Brasil era um chegante.

Rapidamente, Sandro Mabel chegou ao terceiro lugar, aproximando-se de Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso, até então apontados como favoritos para a disputa da Prefeitura de Goiânia.

Começada a campanha, com Sandro Mabel bem ativo, dialogando com as forças políticas, empresariais e comunitárias de Goiânia, Ronaldo Caiado apareceu, de maneira ostensiva, pedindo votos para o candidato.

Em setembro, deu-se a virada. Sandro Mabel já aparece como líder nas pesquisas de intenção de voto dos institutos, como o Opção Pesquisas.

Muita gente ficou surpresa com a ascensão de Sandro Mabel, que deve ir para a disputa do segundo turno, possivelmente, contra Adriana Accorsi. Já Ronaldo Caiado não ficou surpreso. Por quê?

Porque sabia que, com sua força pessoal e um governo muito bem avaliado — em setores cruciais, como segurança, educação, saúde e social —, se tivesse um candidato consistente, como Sandro Mabel, teria condições de alavancá-lo.

Portanto, se Sandro Mabel for eleito, no primeiro ou no segundo turno, os cientistas políticos de Goiás e do país terão o dever de estudar o case Ronaldo Caiado e a disputa eleitoral em Goiânia.

Neste pequeno texto falou-se apenas da disputa em Goiânia. Mas a transferência de voto de Ronaldo Caiado para dezenas de candidatos está ocorrendo em várias cidades do interior. Tanto no Entorno de Brasília quando no Sudoeste e em outras regiões. (E.F.B.)