Chapa no Tocantins poderá ter Gomes para o governo, Miranda para o Senado e Dimas na vice
18 julho 2021 às 00h00
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O senador Eduardo Gomes planeja disputar o governo do Tocantins com o apoio de Marcelo Miranda, Ronaldo Dimas e, talvez, de Mauro Carlesse
O governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), costuma fazer “bondades” com o dinheiro do povo. Mesmo assim, sua impopularidade é gigante. Numa pesquisa para senador, ficou em quarto lugar, bem distante de Marcelo Miranda (MDB), Kátia Abreu (Progressistas) e Professora Dorinha (Democratas). Na semana passada, devido ao seu desgaste — que muitos consideram intransponível —, declarou que vai ficar no governo e não será candidato a senador nem a deputado federal. Entretanto, aliados que o conhecem bem afirmam que é “lorota”. “Carlesse vai ser candidato a deputado federal. Não terá coragem de disputar mandato de senador contra Marcelo Miranda e Kátia Abreu, por isso a tendência é que dispute mandato de deputado federal e, até, de deputado estadual”, postula um parlamentar de sua base. O líder do PSL, ante a possibilidade de vários processos — alguns deles na Justiça Federal —, estaria preocupado com a questão da “imunidade”. Advogados estariam aconselhando-o a disputar mandato.
Ao dizer que deve ficar no governo — e há a possibilidade de que fique mesmo —, Carlesse tenta mostrar força, sugerindo que a sucessão vai passar por suas mãos, dada a estrutura de poder do governo do Estado, ou seja, o peso da máquina pública. De fato, se ficar no governo, sua força nas eleições não será pequena.
Duas coisas são certas, dizem políticos do Tocantins: primeiro, se Carlesse não renunciar em 4 de abril de 2022, seu vice não assumirá o governo e deverá ocupar uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE); e segundo, se deixar o poder, o governador poderá bancar o amigo Eduardo Gomes, senador pelo MDB, para governador. “Dudu dos Negócios” é popular, tem o apreço das bases de seu partido e até de outros partidos (“ele agrega”, afirma um deputado). Veja um caso curioso: se o leitor encontrar Carlesse e o deputado federal Vicentinho Júnior abraçados, não hesite: chame a polícia, pois é briga na certa. Os dois se tratam como “inimigos”, e não como adversários. Curiosamente, são “aliados” de Eduardo Gomes, portanto poderão estar no mesmo palanque em 2022 — o que, à primeira vista, parece não ter lógica.
Com o apoio de Carlesse — e com a possibilidade de ter Marcelo Miranda na sua chapa para o Senado (há quem insista que Miranda sairá do MDB) —, Eduardo Gomes praticamente se consagrará como candidato a governador. Na verdade, Carlesse não entrará com votos — é mais poderoso do que popular —, e sim com estrutura, e inclusive retirando um postulante do páreo, o vice Wanderlei Barbosa (que tem garantido a aliados que, se assumir o governo, será candidato à reeleição).
Um aliado de Eduardo Gomes afirma que Ronaldo Dimas, ex-prefeito de Araguaína e pré-candidato do Podemos a governador, é um político respeitável, mas falta-lhe capilaridade eleitoral em todo o Estado. “Se Eduardo Gomes for candidato, o mais provável é que Dimas saia do páreo e abra espaço para o amigo e aliado. Poderá ser o seu vice”, afirma.
Já o PT decidiu que Paulo Mourão será o seu candidato a governador. Ex-deputado federal e ex-vice-governador, o petista é um político respeitado no Tocantins. Preocupado com as causas sociais, integra uma ala moderada do partido. Se a senadora Kátia Abreu não for para o Tribunal de Contas da União — disputa com Antônio Anastasia, mas é a favorita, porque conta com o apoio de parte do MDB e do Centrão —, tende a participar da chapa majoritária coordenada pelo PT.
O Pros vai investir na candidatura do ex-senador Ataídes Oliveira, um dos únicos políticos do Tocantins que apontam, sem luvas de pelica, as irregularidades — ou corrupção — no governo de Carlesse (o outro que põe o dedo na ferida é o deputado Vicentinho Júnior).
Ataídes Oliveira pode não ter a estrutura dos pré-candidatos Wanderlei Barbosa e Eduardo Gomes. Mas tem um discurso afiado, não teme bater duro e promete que, se eleito, vai moralizar o governo do Tocantins. A “avacalhação” geral da gestão de Mauro Carlesse seria investigada e todas as caixas pretas seriam abertas, no caso de vitória do ex-senador. Seu problema reside nisto: a maioria dos políticos do Estado faz críticas pontuais a Carlesse, o sub capo — no sentido de chefia política, e não mafiosa —, mas fica-se com a impressão de que poucos querem realmente ir a fundo nas denúncias das supostas falcatruas do “sistema” articulado pelo governador.