Catalão caminha para ter 6 candidatos a prefeito; Adib deve bancar Fayad
31 março 2024 às 00h01
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O prefeito de Catalão, Adib Elias Júnior, de 71 nos, é o principal líder político do município e do Sudeste goiano. É, digamos, o Lula da Silva da região.
Por ser tão popular, e dada sua autoridade política, Adibão parece acreditar que pode eleger qualquer um para prefeito. Depois de recuar, admitindo que poderia apoiar Velomar Rios, do MDB, para gestor do município, ele recuou. Agora, ao lado do secretário Cairo Batista (União Brasil) — que dizem ser sua eminência parda e o técnico (e político) que realmente opera a prefeitura; o chefão, enfim —, voltou a articular a candidatura de Nelson Fayad (MDB).
Diz-se que Nelson Fayad é um poste e foi citado na Operação Ouro Negro. Talvez o secretário de Administração seja menos poste do que parece e, apesar do escândalo revelado pela Polícia Civil, é, de fato, um homem de bem. Não se deve tratar adversário como “criminoso” só porque é adversário.
Há rumores de que a oposição — leia-se eldismo-sebbismo — torce para que Nelson Fayad seja o candidato de Adib Elias. Porque não será preciso levantar outro dossiê. Ele já está pronto. Fala-se em nova edição de um livro-bomba, com acréscimos, e de dois vídeos comprometedores sobre uma prisão. Enfim, o jogo sujo de sempre, mas, de acordo com um eldista — adepto de Elder Galdino, o pré-candidato do Republicanos —, baseados em “fatos comprovados”.
Adibão e Cairo Batista teriam comentado, de acordo com um vereador, que ganhar com Velomar Rios pode ser uma vitória. Mas não deles, e sim apenas de Velomar Rios. Daí a aposta em Nelson Fayad.
Entretanto, aliados de Adib Elias, pensando de maneira racional, sugerem que, adiante, o prefeito pode acabar recuando de novo para apoiar Velomar Rios. “Mas não duvido de Adib Elias impedir a candidatura de Velomar pelo MDB — impondo o Nelson”, afirma um ex-vereador. “Adib é mais teimoso do que mil mulas”, acrescenta.
Segundo todas as pesquisas, Velomar Rios é o favorito. Numa delas, quali — ou semi-quali —, o que se diz é que se trata de um político que tem personalidade própria. Ou seja, é ligado a Adibão, mas não é subserviente. E conta com o apoio de um ícone da política local — o grande Haley Margon Vaz (um dos poucos homens vivos que merece estátua em praça pública), lúcido aos 94 anos.
Elder Galdino e os outros pré-candidatos
O pecuarista Elder Galdino aliou-se à família Sebba e amigos já o chamam, brincando, de “Elder Sebba”, “Sebba Júnior” e, até, de “Sebbinha”.
Os Sebba — deputado Gustavo Sebba e, sobretudo, Jardel Sebba — têm desgaste, como qualquer outro político (Adibão pode ter uma surpresa, no pleito, pois seu desgaste está crescendo, ainda que a popularidade seja alta). Mas também têm força política. Tanto que, antes de sair do páreo para apoiar Elder Galdino, Gustavo Sebba era o segundo colocado nas pesquisas, com índices acima de 20%. Não podem, portanto, ser subestimados. E vale acrescentar que, com o apoio dos Sebba, a estrutura — política e financeira — de Elder Galdino dobra de tamanho.
A veterinária Marília Koppan Sebba (PSDB), filha de Jardel e irmã de Gustavo Sebba, é respeitada em Catalão e, ao contrário dos políticos da família, não tem desgaste. Pode absorver o desgaste do pai? É possível. Mas talvez os eleitores estejam poucos interessados na questão.
A divisão da base de Adib Elias, que tende a ser fratricida — se confirmada —, pode enfraquecer tanto Velomar Rios quanto Nelson Fayad. Portanto, Elder Galdino não deve ser tratado como “galo morto”, porque não é. O clima na base de Adibão anda tão quente que, na semana passada, um adibista disse para um repórter do Jornal Opção: “Vocês ficam abrindo espaço para o Velomar, sem saber quem ele é. Velomar é apenas o dono de uma lojinha”. A ênfase recaiu sobre a palavra “lojinha” — numa tentativa de desmerecer o político, que, aliás, já foi prefeito da cidade.
O PT decidiu pela candidatura da professora Maria Moura, que terá como vice o economista Fernando Safatle, do PSB. Os dois podem até não ser eleitos, mas são políticos qualificados e modernos. O projeto prioritário da dupla é, se eleita, fazer uma gestão para todos, incluindo os pobres.
O PL vai bancar a candidatura do produtor rural Renato Ribeiro. O líder ruralista está sendo subestimado, sobretudo pelos adibistas, mas e se, surfando na onda bolsonarista, surpreender o coro dos contentes? Resta saber se os eleitores de Catalão querem dizer adeus ao adibismo — ou seja, a Velomar Rios e Nelson Fayad — e ao novo sebbismo (leia-se Elder Galdino).
O cigano Ismael Calom, articuladíssimo, é a aposta do Psol para prefeito de Catalão.
Resta sugerir que, com tantos candidatos e clima acirrado, a disputa de Catalão certamente não será entediante. (E.F.B.)