Caiado não pode contrair um centavo de empréstimo. Mas Paulo Guedes pode mudar o quadro
24 fevereiro 2019 às 00h00
COMPARTILHAR
Auxiliar de Ronaldo Caiado diz que, no momento, o governo de Bolsonaro não ajudou o governo em nada
O porta-voz do governo de Ronaldo Caiado é o próprio Ronaldo Caiado. Seus auxiliares evitam conceder entrevistas, sobretudo as mais amplas, porque não têm informações precisas, em termos de conjunto, sobre o governo. Porque, admitem, o gestor concentra, além dos recursos financeiros, informações. “Ronaldo é sério e bem-intencionado, mas faz um governo extremamente centralizado”, afirma um auxiliar. O Jornal Opção ouviu quatro aliados do gestor estadual — três auxiliares e um deputado. Os quatro preferem falar em “off”, porque, dizem, não têm autorização para falar em nome do governo, nem mesmo, se for o caso, para defendê-lo.
“Veja-se o Ernesto Roller. O secretário de Governo é um operador político, mas precisa de apoio. Mas, se não cumpre compromissos com os deputados, se eles são mantidos a distância, como estabelecer acordos políticos? É impossível”, afirma o parlamentar.
A seguir, uma síntese do que falaram os auxiliares.
“O governo está engrenando. Mas, como se sabe, casa onde não tem pão, ou tem pouco pão, todo mundo briga. Claro que é preciso pagar dezembro, mas depende de recursos. Então, mostrando boa intenção, o governo vai pagar aos poucos, conforme for entrando os recursos. Não dá para saber exatamente como será feito o pagamento. É provável, dependendo da entrada de recursos financeiros, que seja concluído antes de agosto.”
“Cristiane Schmidt é amiga do ministro da Economia, Paulo Guedes. São da mesma escola econômica, aquela que defende um Estado enxuto e menos gastador. O Fisco está satisfeito com a secretária da Economia que, embora não tenha experiência como gestora pública, é bem-intencionada e é íntegra. Por falta de experiência com a prática do Fisco, que é altamente especializada, Cristiane às vezes se perde, o que atrapalha o relacionamento com o pessoal. Mas o Fisco aprecia saber que é focada e que não tem receio de enfrentar os lobbies dos empresários.”
“Brasília pode ajudar Ronaldo Caiado? Claro que pode. O governo de Goiás tem de pagar 170 milhões de reais, todo mês, do serviço da dívida fundada. O ex-governador Marconi Perillo já havia repactuado a dívida e a parcela de janeiro seria maior, quer dizer, 170 milhões. Antes, Paulo Guedes dizia que não havia como ajudar os Estados. Agora, mudou. O ministro da Economia sublinha que o governo federal vai socorrer os Estados, claro que se os governos fizerem o dever de casa, como um ajuste fiscal rigoroso. O objetivo do governo de Goiás é reduzir o valor da parcela mensal. Ronaldo está reduzindo os gastos da máquina pública, atendendo recomendação de Paulo Guedes. Cristiane Schmidt conseguiu mostrar para o ministro que Ronaldo está fazendo a coisa certa.”
“Na questão da previdência, os Estados e municípios estavam ficando de fora. Pois, atendendo os governadores, Paulo Guedes decidiu inclui-los. Há também a possibilidade de elevar a cobrança da previdência para 8% — o que ajudará o caixa dos Estados.”
“O governo federal pode trabalhar para que os Estados possam se recuperar de maneira mais rápida e, deste modo, os governadores, como Ronaldo Caiado, poderão conseguir obter empréstimos para investir em desenvolvimento. Goiás hoje não pode pegar nada de empréstimos. Zero de chance. Somos letra C. Letra A só o Estado do Espírito Santo. Mas quem fica na letra B pode contrair empréstimos. Caiado não pode contratar financiamentos, está engessado.”
“Na área de saúde, o secretário está tentando conseguir recursos para além do canal tradicional. Frise-se que o governo de Jair Bolsonaro ainda não está socorrendo os Estados. O que há, por assim dizer, é uma carta de intenções.”