Caiado não fez a barba na Assembleia mas fez o cabelo na Câmara e o bigode no Senado

03 fevereiro 2019 às 00h00

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Governador apoiou reeleição de Rodrigo Maia e foi decisivo para que o DEM acreditasse na viabilidade de Davi Alcolumbre, o azarão que venceu o favorito Renan Calheiros

Nada como um dia depois do outro, deve ter sido a frase dita pelo governador Ronaldo Caiado, na tarde de sábado, 2, quando seu aliado Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito presidente do Senado. Na noite de sexta-feira, outro aliado do governador, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia sido reeleito à presidência da Câmara dos Deputados.
Caiado entrou de cabeça na articulação da reeleição de Rodrigo Maia, recebendo-o em Goiânia para pedir votos à bancada de deputados federais goianos e acelerando contatos com lideranças em Brasília. No caso de Davi Alcolumbre, o apoio do governador foi ainda mais decisivo.
Começou logo após o resultado das eleições do ano passado, quando Alcolumbre não conseguiu vencer a disputa ao governo do Amapá e passou a cogitar a presidência do Senado. Ele era o único membro da antiga Mesa Diretora que manteve o mandato e, por isso, presidiu interinamente os trabalhos da reunião preparatória, na qual ocorre a eleição interna da Casa.
Ronaldo Caiado e o colega José Agripino Maia (DEM-RN) foram os primeiros a acreditar no projeto ousado do jovem senador (ele tem apenas 42 anos). Sem temer represálias da forte articulação de Renan Calheiros (MDB-AL) no Senado, estimularam Alcolumbre a não desistir.
Mais do que isso: Caiado e Agripino afiançaram a entrada, para valer, das demais lideranças do DEM no projeto. Fecharam o apoio de ACM Neto, presidente do partido (que autorizou o uso de jatinho particular para que Alcolumbre visitasse senadores país afora).
E, talvez mais importante, Caiado e Agripino levaram Alcolumbre ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também do DEM. Passo fundamental para que a candidatura tivesse o apoio, mesmo que velado, do Palácio do Planalto.
O desenrolar da eleição provou que o DEM fez a leitura certa do cenário: a grande rejeição a Renan foi a tônica do pleito no Senado. Caiado passa agora a desfrutar de grande proximidade com os comandos das duas Casas do Congresso Nacional.
Mesmo que na Assembleia Legislativa não tenha sido possível emplacar o candidato de seus sonhos, o deputado Álvaro Guimarães, Caiado sai do final de semana mais decisivo do ano legislativo com grandes motivos para comemorar.