Banqueiros podem levar Tarcísio de Freitas ao haraquiri político; Caiado é a alternativa?

08 março 2025 às 21h01

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O pássaro da fortuna — e não se está falando de dinheiro — está nas mãos do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (fará 50 anos no dia 19 de junho).
Não há adversário para Tarcísio de Freitas para a disputa de 2026, daqui a um ano e seis meses. A reeleição está em suas mãos.
A força político-eleitoral de Tarcísio de Freitas é tão grande que até o momento não apareceu nenhum outro candidato consistente para enfrentá-lo. O ex-governador Geraldo Alckmin, do PSB, é um bom nome, mas não para derrotá-lo.
Então, com o pássaro da fortuna nas mãos, por que Tarcísio de Freitas pode disputar a Presidência da República? Por vaidade ou por causa do canto das sereias banqueiras, políticas e empresariais? Ou por acabar aceitando a pressão de Jair Bolsonaro e de parte do bolsonarismo?
O bolsonarismo, o de Jair Bolsonaro — sim, já há um bolsonarismo que não é mais do ex-presidente —, não hesitará e apoiará Tarcísio de Freitas para presidente. Porque o governante de São Paulo é política e eleitoralmente viável.
Mesmo não sendo um político experimentado, Tarcísio de Freitas sabe que o presidente Lula da Silva de 2025 pode não ser o presidente Lula da Silva de 2026. Se melhorar um pouco sua popularidade, o petista-chefe será altamente competitivo.
Por isso, a certeza dos que apoiam Tarcísio de Freitas para presidente é a dos crentes, não a dos políticos racionais e realistas.
Realista absoluto, Gilberto Kassab prefere Tarcísio de Freitas disputando o governo de São Paulo. Porque sabe que, além de ganhar a vice para si, será mais fácil o postulante do Republicanos ser reeleito.

Entenda o real significado da capa da Veja
Por que a revista “Veja”, ligada ao capital financeiro, pôs Tarcísio de Freitas na capa como alternativa altamente viável para presidente?
Primeiro, porque é um fato. Porque o engenheiro, além de fazer um governo eficiente, conta com o apoio do bolsonarismo. Ou seja, tem capital próprio e conta com o capital de Jair Bolsonaro.
Segundo, porque se tolera Tarcísio de Freitas, um realista moderado, o capital financeiro não morre de amores pelo irracionalista Jair Bolsonaro — um político que, com meras palavras, prejudica a economia do país e tem resistência, por exemplo, na Europa e na China (o maior parceiro comercial do Brasil).
Para excluir um candidato do clã Bolsonaro, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o capital financeiro (união do capital bancário com o capital industrial — ambos altamente conectados) prefere apoiar Tarcísio de Freitas ou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil. Porque ambos são realistas e, se assumirem a Presidência, vão operar para retomar a escalada do crescimento e do desenvolvimento.

Parece uma boa jogada do capital financeiro. Mas é preciso colocar algumas questões.
Se for candidato a presidente da República, e sair derrotado, Tarcísio de Freitas ficará fora do jogo político, talvez para sempre. Se for candidato a governador, consolidando-se como gestor de excelência, pode esperar a disputa presidencial de 2030.
Se eleito presidente, em 2026, como governará o país com o clã Bolsonaro postando-se dentro do Palácio do Planalto, tentando constituir uma espécie de parlamentarismo informal? Jair Bolsonaro vai querer mandar e terá força, porque o bolsonarismo tende a eleger uma bancada forte de deputados federais e senadores.
Se quiser paz, longe do inferno das pressões do bolsonarismo, a melhor escolha para Tarcísio de Freitas é a reeleição. Talvez ele acabe por ouvir o pragmatismo de Gilberto Kassab.
Se o mercado também tem apreço por Ronaldo Caiado porque, de cara, não o apoia contra Lula da Silva? De fato, o mercado cansou-se do petista-chefe, que não consegue movimentar a economia do país, sugerindo que, como gestor, está fora de forma e defasado.
O mercado avalia Ronaldo Caiado como altamente consistente e conhece bem suas realizações em Goiás nos vários campos (segurança, educação, saúde). O que se diz, nos bastidores, é que o político precisa firmar-se nas pesquisas de intenção de voto.
Ronaldo Caiado está crescendo aos poucos, na medida que se torna mais conhecido e que os brasileiros ficam sabendo de suas realizações em Goiás. Um crescimento sustentado, consolidado, talvez seja mais adequado do que um crescimento açodado. (E.F.B.)