Agenor Rezende rompeu com Aleomar Rezende porque o prefeito não aceita tutela
26 setembro 2022 às 13h02
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Há um consenso: as duas administrações de Agenor Rezende (MDB) no município de Mineiros — no Sudoeste de Goiás — foram bem-sucedidas. Basicamente, por dois motivos.
Primeiro, porque Rezende é um político-gestor experimentado, pois foi governador de Goiás por nove meses, em 1994. Ele era presidente da Assembleia Legislativa, e o govenador de então, Iris Rezende, deixou o cargo para disputar o Senado e o vice, Maguito Vilela, não assumiu para disputar o governo. O poder sobrou para Agenor.
Agenor não é goiano. Nasceu em Coxim, no Mato Grosso do Sul, há 78 anos.
Segundo, Agenor soube escalar a pessoa certa para assessorá-lo: Aleomar Rezende, de 56 anos. Durante as duas gestões, não se pode dizer que, dada a idade ou outro motivo (por exemplo, falta de aptidão e apetite), que Agenor não governou. Na verdade, geriu, sim, a máquina. Mas é possível sugerir que, na prática, havia dois gestores: Agenor e Aleomar. Este era quem geria na linha de frente — era, por assim dizer, o operador estratégico da máquina pública. O que, evidentemente, não é nenhum demérito para Agenor, um homem idoso e com menos energia.
Por seus acertos administrativos, Aleomar apareceu como candidato natural da base do MDB em Mineiros, em 2020, e foi eleito com 58,55% dos votos. Uma votação expressiva. Os eleitores sabiam de seus méritos, porque, na prefeitura, era uma espécie de segundo prefeito, ou, como alguns o chamavam, de “primeiro-ministro”.
Jovem e impetuoso, ao assumir a prefeitura, Aleomar decidiu imprimir sua marca nos destinos da cidade. Mas seu sucesso começou incomodar a prima Rosângela Rezende, que recorreu ao pai, Agenor. O que a dupla queria era “tutelar” a gestão de Aleomar. Queria mandar, ou seja, governar em seu lugar. Até um genro queria mandar.
Aleomar bateu o pé e decidiu que, tendo sido eleito pelo povo, deveria ser o único administrador da prefeitura. Mesmo assim, deu emprego à prima Rosângela, que, de acordo com um vereador, fazia tudo para torpedeá-lo.
Daqui a dois anos, Agenor — que terá 80 anos em 2024, e, ainda assim, não quer largar o, digamos, “osso público” — promete que vai disputar a eleição, não com o objetivo de contribuir para melhorar a cidade, e sim para arrancar o sobrinho da prefeitura. Trata-se de uma operação-vingança.
Se Agenor não for candidato, sua filha, Rosângela, será a postulante. Num vídeo divulgado nesta semana, Agenor promete que “voltará” em 2024. Por que correr o risco de uma derrota vexatória? Por que fechar a carreira política com uma possível e acachapante derrota? Vale lembrar que, em 2020, Iris Rezende não quis correr nenhum risco de terminar sua carreira política com derrota e não disputou a Prefeitura de Goiânia.
O pecado de Aleomar: ter dado certo como prefeito… isto incomoda, profundamente, seus parentes Agenor e Rosângela… além do genro do ex-prefeito.