Vilmar Rocha afirma que o postulante de centro precisa provar que pensa em gente, que tem ficha limpa e que sabe como recuperar o prestígio do Brasil no exterior

Vilmar Rocha e Fernando Henrique Cardoso: articulando | Foto: Divulgação do PSD

Há alguma chance para o centro na disputa para a presidente da República em 2022? O presidente do PSD em Goiás, ex-deputado federal Vilmar Rocha, avalia que “sim”.

O experimentando político lista sete itens que avalia como vitais para quem planeja disputar a Presidência com dois candidatos que, no momento, estão polarizados e, de alguma maneira, radicalizados. Lula da Silva, do PT, e Jair Messias Bolsonaro, sem partido, lideram as pesquisas de intenção de votos — a um ano e quatro meses das eleições. “Há tempo para virar o jogo”, postulante o ex-deputado, que o ex-presidente Michel Temer chama de “teórico da prática”.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado: será? | Foto: Reprodução
1
Nome moderado

“O candidato precisa ser moderado, com um perfil diferente do de Lula da Silva e Bolsonaro. Tem de ser visto como o líder que, unindo o país, lhe dará estabilidade. É vital também que tenha um discurso eficaz e, de fato, alternativo aos demais postulantes.”

Tasso Jereissati, senador: será? | Foto: Senado
2
Una os brasileiros

“Por mais que se tenha diferenças ideológicas e políticas, os brasileiros são um povo. Portanto, quanto mais unido estiver, melhor para cada um deles. Abraham Lincoln escreveu, num discurso memorável, que uma casa dividida não fica em pé. Joe Biden se elegeu presidente do Estados Unidos ao defender um discurso de união.”

João Dória, governador de São Paulo: será? | Foto: @Jdoriajr
3
Mude a forma de administrar

“Hoje, a gestão do país parece que está no piloto automático, ao sabor das circunstâncias. No governo anterior, do PT, grupos empresariais, bancados por grupos políticos, haviam, por assim dizer, privatizado o Estado. O candidato de centro precisa ser explícito ao indicar que fará um governo diferente, com outra forma de administrar.”

Eduardo Leite: governador do Rio Grande do Sul: será? | Foto: Secom
4
Ficha limpa

“Não adianta só ter boas ideias, para confrontar com as ideias dos demais adversários. O candidato precisará ser, de fato, ficha limpa. Bolsonaro e Lula da Silva terão dificuldade para explicar o presente e o passado. O candidato de centro, se mostrar que tem um passado e um presente limpos, pode ser o diferencial. Os eleitores ainda não a encontraram, mas estão em busca de uma alternativa.”

Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde: será? | Foto: reprodução
5
Experiência política e administrativa

“O Brasil tem 210 milhões de habitantes — o maior número de falantes da Língua Portuguesa do mundo —, 8,5 milhões de quilômetros quadrados e figura na lista dos 12 países mais ricos do globo. Não é qualquer pessoa que tem condições de administrá-lo. Bolsonaro, por exemplo, parece ter, inclusive, dificuldade para compreender que foi eleito para gerir uma nação-gigante. Porque lhe falta experiência política e administrativa — e até existencial — como faltou à ex-presidente Dilma Rousseff. O candidato de centro, quanto mais experiência política e administrativa tiver, mais chance terá de ser eleito e, se eleito, de governar bem o país.”

João Amoêdo, empresário: será? | Foto: Divulgação
6
Preocupação com gente

“Como se sabe, já morreram 461 mil pessoas devido à Covid-19. O governo poderia ter contribuído para salvar a vida de muitos brasileiros, se tivesse comprado a vacina mais cedo. O grande diferencial do candidato de centro pode ser exatamente a preocupação genuína com as pessoas.  Ele também precisará explicitar aos brasileiros o que fará na área de saúde, com um projeto concreto para melhorar o SUS —que, por sinal, já tem qualidades inegáveis, como atender todas as pessoas.”

Ciro Gomes, ex-ministro, de centro-esquerda: será? | Foto: Reprodução

7

Recuperar o prestígio do Brasil no exterior

“O economista Gustavo Franco, entre outros, afirma que o Brasil se tornou um pária internacional. O governo Bolsonaro tornou o país um dos mais rejeitados do planeta. O conflito com a China prejudica os brasileiros em vários fronts. Primeiro, na questão de insumos para a produção de vacina — o que retarda a vacinação. Segundo, pode prejudicar, a médio prazo, os exportadores de soja, carne e ferro — ou seja, pode prejudicar a balança comercial. O candidato de centro terá de dizer que, acima de qualquer ideologia, estão os interesses dos trabalhadores e dos empresários brasileiros. Presidente realista negocia com todo mundo.”

Sérgio Moro, ex-ministro, de centro-direita: será? | Foto: Flickr/Reprodução
Reduzir o número de postulantes de centro

Ao final da entrevista, Vilmar Rocha ainda alertou: “A direita e a esquerda só têm um candidato — respectivamente, Jair Messias Bolsonaro, sem partido, e Lula da Silva, do PT. O centro não pode disputar a eleição com mais de dois ou três candidatos, porque um acaba por tolher a ascensão do outro. Portanto, por uma questão de responsabilidade política e pública, se quer realmente ser uma alternativa crível, o centro precisa se unir. A direita e a esquerda já estão unidas”.