6 técnicos cotados pra Secretaria da Fazenda do governo de Goiás. Quem será o Haddad de Caiado?

18 dezembro 2022 às 00h06

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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, planeja fazer uma reforma administrativa ampla. Para tanto, de acordo com auxiliares, pretende criar e recriar (e, se necessário, extinguir) secretarias. A Secretaria de Economia tende a ser desmembrada e seriam criadas a Secretaria da Fazenda e a Secretaria de Planejamento.
Comenta-se que Ronaldo Caiado projeta um secretariado cosmopolita e, ao mesmo tempo, mais político. Um dos principais líderes do União Brasil no país, ele almeja disputar a Presidência da República em 2026. O quadro é favorável, porque direita e esquerda certamente terão problemas na disputa nacional daqui a quatro anos.

O presidente Jair Bolsonaro, hoje o principal nome da direita — tanto que obteve quase 60 milhões de votos —, está desgastado e certamente estará muito mais, daqui a quatro anos, dado o volume de denúncias e processos judiciais que terá de responder.
Lula da Silva, eleito com 60 milhões de voto em 2022, terá 81 anos em 2026 e é possível que não dispute a reeleição. Quem o PT indicará para sucedê-lo? Não há um nome “natural” (talvez o candidato saia do Nordeste). O PT pode bancar Simone Tebet? Num partido tão marcado pelo hegemonismo, é muito difícil bancar alguém de fora, e a senadora é filiada ao MDB e não comunga de parte das ideias petistas. No momento, o presidente eleito a quer num ministério, mas o petismo teme que, se ficar numa pasta importante, que a destaque nacionalmente, ela se tornará uma forte candidata à sucessão do petista-chefe.

O quadro para 2026, portanto, está aberto para políticos consistentes, que tenham experiência política e administrativa. É o caso de Ronaldo Caiado.
O que Ronaldo Caiado precisa é fazer um segundo governo ainda melhor do que o primeiro, em termos de realizações — sobretudo no campo social —, e mostrá-lo ao país. Para tanto, precisa ter uma assessoria criativa, no sentido de projetar mudanças substanciais que encantem todo o país. Mas é preciso de gente que saiba ir além das teorias, discursos. Por isso, a necessidade de uma assessoria qualificada e de extrema confiança.

Se quiser se consagrar nacionalmente, Ronaldo Caiado precisa fazer um governo de investimentos, e não apenas de ajustes, cortes. O Brasil precisa percebê-lo como o político-gestor que realiza, e, principalmente, que realiza bem, com criatividade. Se conseguir que o Estado cresça mais do que o país e, ao mesmo tempo, reduzindo as desigualdades sociais de maneira marcante e efetiva, a Imprensa, os políticos e os eleitores de todos os Estados se voltarão para Goiás e para Ronaldo Caiado. “É isto que queremos para o Brasil”, certamente se dirá.
Observe-se um detalhe que aproxima Ronaldo Caiado, um liberal com alta vocação social (o que é raro no campo do liberalismo), de Lula da Silva. Os chefões do mercado querem que o país e os Estados gastem menos, que mantenham os governos enxutos. Porque isto favorece o mercado.

Porém, os políticos que realmente pensam nos pobres, aqueles que são excluídos do mercado, sabem que devem pensar mais na sociedade do que no mercado, e, por isso, precisam investir recursos do Estado, e a fundo perdido (a “recuperação” social é o que importa).
Ao colocar Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, Lula da Silva mandou um recado claro para o mercado: o Estado estará a serviço da sociedade, e não apenas do mercado. E, com um técnico de confiança, uma pessoa bem próxima, o presidente poderá investir mais em programas de inclusão social. Noutras palavras, o ministro da Fazenda verdadeiro é Lula da Silva, e Fernando Haddad é o executor de suas ideias de reconstrução social (desenvolvimento) — e não apenas econômica (crescimento) — do país.

Quem Ronaldo Caiado colocará na Secretaria da Fazenda? Ainda não se sabe e o governador nunca falou a respeito. Mas os motivos da escolha de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda obviamente não passaram despercebidos ao olhar atento do governador goiano. Por isso é provável que seu secretário da Fazenda tenha um perfil parecido ao do ministro de Lula da Silva. Ou seja, será um técnico da extrema confiança do gestor estadual, que precisa ser competente na geração de recursos, ampliando-os, no sentido de possibilitar os altos investimentos na sociedade e nos programas sociais. Não pode ser um técnico que pense apenas em cortes e ajustes.
Tal modelagem exclui a secretária de Economia de Goiás, Cristiane Schmidt? De maneira alguma. Primeiro, porque nunca descumpriu ordens de Ronaldo Caiado. Segundo, porque é de fato competente. Porém, se permanecer no cargo, deve entender que o segundo governo será diferente e que o governador precisará se consagrar como gestor e como político, para chamar a atenção do país para Goiás e para ele. Será um governo de amplos investimentos e é preciso concordar que seja assim. Ela terá como ser decisiva para aumentar a arrecadação do governo e, ao mesmo tempo, operar com rapidez para garantir os investimentos em tempo adequado, enfrentando e derrotando a máquina burocrática?

Na semana passada, técnicos do Fisco e ao menos cinco deputados estaduais comentaram que um técnico — é advogado e tesoureiro do União Brasil —, Marcos Roberto Silva, é cotado para a Secretaria da Fazenda. Ronaldo Caiado e Marcos Roberto, atual secretário de Comunicação do governo e ex-presidente do Detran, nunca falaram a respeito. Mas o assunto tem sido ventilado tanto no Fisco quanto na Assembleia Legislativa.
Mas por que Marcos Roberto? Porque, afirmam, é da estrita confiança de Ronaldo Caiado, o que reforçaria o aspecto mais desenvolvimentista, porém responsável, do segundo governo. Na verdade, além de Marcos Roberto, há pelo menos mais dois técnicos, de alta capacidade, que poderiam ocupar o cargo: Pedro Sales, que irá para a Secretaria de Infraestrutura, e Adriano Rocha Lima (hoje, na Secretaria-Geral da Governadoria, mas cotado para o Planejamento, porque é um excelente formulador). Ambos são criativos e integram o círculo de extrema confiança do governador. Um dos três pode ser o Fernando Haddad de Ronaldo Caiado.
Na semana passada, técnicos do Fisco disseram a dois políticos que o economista Valdivino Oliveira, professor da PUC-Goiás e ex-secretário da Fazenda do governo do Distrito Federal, também estaria cotado para a Secretaria da Fazenda. Não souberam explicar, porém, se houve alguma tratativa entre Ronaldo Caiado e o técnico. Uma fonte no governo sustenta que a tendência é que Valdivino Oliveira assuma a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Ele já teria acertado com o prefeito Vilmar Mariano, do Patriota.
Há, claro, o indefectível Henrique Meirelles, um engenheiro de Anápolis que, depois de conquistar o mundo, por ter sido presidente do BankBoston, nos Estados Unidos, conquistou o Brasil, como presidente do Banco Central e, em seguida, como ministro da Fazenda.
Meirelles é o ministro e o secretário dos sonhos de qualquer gestor. Com o ele na Secretaria da Fazenda e Planejamento, o Estado de São Paulo, na gestão de João Doria, cresceu cerca de 7% ao ano (ritmo chinês, por assim dizer). Há quem o veja tão-somente como monetarista, dado seu vínculo com o mercado, mas ele é um pouco mais do que isto. É um homem de Estado, com ampla visão. Se Ronaldo Caiado traçar um caminho, e disser que será preciso viabilizá-lo, o executivo tem experiência para alcançar os objetivos.
Por ser ligado ao presidente Lula da Silva, tanto que chegou a ser cotado para ministro da Fazenda, Meirelles, se indicado para secretário da Fazenda de Goiás, abriria portas para o governo de Ronaldo Caiado no governo federal (ressalve-se que o próprio governador está se aproximando de Lula da Silva, de acordo com a deputada petista Adriana Accorsi). Só a presença de Meirelles na secretaria daria uma imagem mais cosmopolita e, digamos, nacional para o governo de Goiás e, portanto, para Ronaldo Caiado.