Jânio Darrot, Roberto Naves, Gustavo Mendanha, Adib Elias e Paulo do Vale terão, possivelmente, papel relevante na disputa para governador e senador

Ao menos cinco dos atuais prefeitos devem ser players políticos fundamentais na disputa de 2022 — quando os eleitores de Goiás vão eleger o governador, um senador, 17 deputados federais e 41 deputados estaduais. Um deles, Jânio Darrot, não terá mandato a partir de 2021, mas continuará no palco da política como presidente estadual do PSDB (há também a possibilidade de eleger seu sucessor, o jovem Marden Júnior, que simboliza, em Trindade, tanto a continuidade quanto a renovação — ou, como dizem os economistas, a modernização continuada).

Jânio Darrot: pode disputar o governo ou mandato de senador | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

Jânio Darrot tanto poderá disputar mandato de governador (ou vice-governador — consta que é o vice dos sonhos do senador Vanderlan Cardoso, do PSD) ou senador. Em 2018, quando a cúpula do PSDB se viu chamuscada por denúncias de corrupção, o prefeito de Trindade escapou ileso. Tanto que, logo depois, foi guindado à direção do tucanato. Ao final de 2020, terá administrado o município, no Entorno de Goiânia, por oito anos. Sairá, provavelmente, consagrado. Deixa a prefeitura organizada e uma gestão apontada como eficiente até por seus adversários. Existe uma Trindade a. J. D. e d. J. D. Quer dizer, antes e depois de Jânio Darrot. Aquela imagem de cidade-dormitório, se não acabou, está acabando. A cidade está sendo industrializada e modernizada.

Adib Elias: cotado para disputar vaga no Senado ou a vice-governadoria | Foto: Y. Maeda

O prefeito de Catalão, Adib Elias, do Podemos, é aquilo que costumam chamar de “uma força da natureza”. Gestor eficiente, às vezes é apontado como por demais rigoroso e, até, “grosseiro” (é sempre ríspido no trato pessoal, como se estivesse na defensiva o tempo todo). Mas não há na cidade, fora do círculo de seus adversários, quem o tache de incompetente como administrador. Ele é responsável, em larga escala, pela modernização econômica do município.

Adib Elias não se tornou um político estadual exatamente porque seus olhos são voltados quase que exclusivamente para Catalão. Entretanto, na disputa de 2018, começou a se verificar uma mudança no perfil do prefeito. Surgia, naquele ano, um político que articulava para além do Sudeste goiano, dividindo, em prol do candidato a governador do DEM, Ronaldo Caiado, as bases do MDB.  Começou a se firmar como um líder estadual, e não mais meramente local. Ao se filiar ao Podemos, e não ao Democratas, sinalizou que, em 2022, quer compor a chapa majoritária, possivelmente como candidato a senador ou, sobretudo, a vice-governador. Se Ronaldo Caiado for reeleito, seu próximo vice, se o gestor estadual sair para disputar mandato de senador — são duas vagas em 2026 —, assumirá o governo e se tornará, de imediato, candidato natural ao governo. O Podemos de José Nelto e Adib Elias está de olho nesta, digamos, oportunidade.

Gustavo Mendanha: forte articulador para a disputa eleitoral de 2022 | Foto: Fábio Costa/Jornal Opção

Quando Gustavo Mendanha, do MDB, foi eleito prefeito de Aparecida de Goiânia, em 2016, alguns políticos pensaram: “Em breve, os moradores da cidade estarão pedindo a volta de Maguito Vilela”. Era quase um consenso. Hoje, três anos e sete meses depois, há o consenso de que os aparecidenses estão satisfeitos com o prefeito que, tendo menos de 40 anos, age como um gestor-diplomata veterano. O povo não esqueceu Maguito, mas, se brincar, hoje “aprova” mais Gustavo Mendanha.

O diferencial de Gustavo Mendanha é que, no fundo, radicalizou aquilo que Maguito Vilela começara (ele procedeu a uma ruptura dentro da ordem). Fortaleceu a industrialização do município e, ao mesmo tempo, melhorou, de maneira ampla, os serviços ao público. A qualidade do ensino público na cidade é elogiado inclusive pelos exigentes integrantes do meio acadêmico de Goiânia. Há outro detalhe comentado pelas pessoas: o prefeito é tão ou mais “educado” do que Maguito Vilela.

Qual será o papel de Gustavo Mendanha em 2022? Reeleito em 2020, dará continuidade à modernização de Aparecida. Consta que seu projeto político é para 2026 —quando poderá disputar mandato de governador, de senador ou de deputado federal. Mas que ninguém fique surpreso se o processo for antecipado e ele disputar mandato já em 2022. Só falta, por assim dizer, definir o projeto.

Entretanto, mesmo que não seja candidato a nada, Gustavo Mendanha terá papel de proa na articulação política de 2022. Ele deve trabalhar pela candidatura de Daniel Vilela — ou, quem sabe, Maguito Vilela — a governador. Conciliador, certamente trabalhará na articulação de uma frente ampla, que inclua inclusive o senador Vanderlan Cardoso. Comenta-se que ele dialoga inclusive com o governador Ronaldo Caiado.

Roberto Naves, prefeito de Anápolis: se reeleito, terá peso decisivo na disputa de 2022 | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (Progressistas), é, acima de tudo, um gestor. Como tal, se preocupou, nos primeiros anos, em organizar a prefeitura — que estava caótica — e em contribuir para atrair investimentos para o município. Porque sabe que a geração de empregos depende da chegada de novas empresas e também do incentivo das que já estão instaladas. Três anos e sete meses depois, a prefeitura está organizada e azeitada. A cidade recebeu novos investimentos e novos empreendimentos estão chegando.

Roberto Naves é um planejador, tem uma visão técnica aguçada do processo administrativo e econômico. Se for reeleito, ficando oito anos na prefeitura, o resultado é que Anápolis será modernizada e o setor público ficará, na história do município, como indutor tanto do crescimento econômico quanto do desenvolvimento.

Aos poucos, com a casa arrumada, Roberto Naves começou a articular mais politicamente. Mantém excelente interlocução com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido, a caminho do Aliança pelo Brasil), e vai disputar a reeleição. Ele é o favorito, disparado.

Qual papel terá em 2022? Se quisesse, poderia disputar mandato eletivo, com possibilidade de ser eleito. Há quem aposte que seria um vice de qualidade para Ronaldo Caiado. Mas a tendência é que, reeleito, conclua seu mandato e dispute eleição só em 2026.

Mas em 2022 a eleição passará por Anápolis, ou seja, por Roberto Naves, que dirige uma cidade que tem o terceiro maior eleitorado de Goiás — mais de 230 mil eleitores. Ele vai apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado, desde já, visto como favorito. Seu partido, o Progressistas, tende a bancar o ex-ministro Alexandre Baldy para senador (ou até para vice).

Paulo do Vale, prefeito de Rio Verde: se reeleito, terá papel crucial na disputa de 2022 | Foto: Divulgação

O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, do Democratas, ainda não buscou estadualizar-se. É um político de uma só cidade, a mais próspera do Sudoeste. Há uma lógica nisto. Primeiro, está em seu primeiro mandato, portanto precisa consolidar-se localmente. Segundo, administrar uma cidade grande, com tantos problemas, não é fácil. Se não parar na cidade, com o objetivo de articular politicamente em outras regiões, a gestão municipal irá para o beleléu. Terceiro, vai disputar a reeleição, portanto tem de concentrar energia na cidade.

Paulo do Vale consolidou a imagem de que, como gestor, é eficiente. A prefeitura está organizada e nem mesmo a pandemia do novo coronavírus, que bagunçou as finanças de vários municípios, abalou Rio Verde. Ele terá pela frente uma oposição renovada, com o jovem e respeitado médico Osvaldo Fonseca Júnior, do MDB, mas dificilmente será derrotado.

O que mais se critica em Paulo do Vale não é a incapacidade de gerir — é apontado como administrador meticuloso —, e sim a sua dificuldade de dialogar com a sociedade e, sobretudo, com seus críticos. Ele é visto como uma pessoa ríspida e, inclusive, arrogante.  Os que trabalham com ele pensam diferentemente: o prefeito seria exigente e, por apreciar tudo em ordem e por ser avesso ao populismo típico da política e da sociedade brasileiras, desagrada algumas pessoas. Mas mesmo os aliados postulam que o prefeito deveria ser mais diplomático — menos Adib Elias e mais Gustavo Mendanha, por exemplo.

Em 2022, de alguma maneira, Paulo do Vale, sobretudo se for reeleito, terá um peso relevante na disputa estadual. Ele deve bancar, mais uma vez, o governador Ronaldo Caiado.