Por Redação

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Alegando pressões de suas bases, o parlamentar decidiu não assumir cargo na Prefeitura de Goiânia. Já o político de Itumbiara continua como diretor da Assembleia

Violência contra mulher 1300 por 867 ok1
Série Violência Contra as Mulheres — Conto de Rodriana Costa (4)

O último romântico

Rodriana Costa

As pálpebras roxas exibiam cores em tons profundos. Impulsos involuntários tremiam as pálpebras sem conseguir erguê-las. Um inchaço protuberante denunciava a brutalidade de punhos cerrados. O maxilar quebrado absorveu o impacto. Agora, imóveis, talvez, fossem um pico de consciência, embora, voltava-se ao limbo.

Em sussurros, uma senhora rezava diante da inércia da filha de feição irreconhecível. A cada dia, se aceitava, um pouco mais, o quase imperceptível ruído dos aparelhos devido à convivência rotineira. Pouco a pouco, o barulho da UTI se misturava ao ambiente, tornando-se quase inaudível aos ouvidos da mulher de olheiras profundas, cabelos oleosos, trajando sempre a mesma roupa.  De dedos calosos firmava um terço nas mãos.

Vez ou outra, sentia a culpa. Recorria as memórias. Busca encontrar algum episódio suspeito do genro que explicasse tanta fúria. “Como poderia desconfiar diante de tanto cavalheirismo”.

Enquanto espera um milagre, as lágrimas evidenciam uma fé esmorecida apoiada a chance de 2% de a filha voltar do coma. Seca os olhos, vez ou outra, assoa o nariz.

Um verão na praia. O sol clareava as cadeiras organizadas sobre a areia. Um cenário romântico e sonhado pelo casal, Fausto e Danila. Um verão de tarde crepuscular, em uma cerimônia reservada a poucos convidados. Testemunharam a união do casal que se conhecera a poucos meses. “Amor à primeira vista”, ele dizia, satisfeito a beijar, com delicadeza, a fronte da esposa, que sorria com toda face iluminada.

A casa espaçosa de vidraças exuberantes evidenciava a transparência de seu interior, com um jardim fabuloso, que Fausto tinha como passatempo. Investiu em uma academia completa, anexada à residência. Invejavelmente, foi o maior comentário na família, visto que nenhum membro teria condições financeiras para ostentar tal luxo.

Violência contra a mulher 5666

Na família, ele era conhecido pelo seu jeito amigável, gentil, caseiro e dedicado à esposa. Apaixonado, romântico, acompanhava Danila em todos os eventos. Um casal perfeito!

“Minha filha, é preciso deixar seu marido respirar, coitado”, dizia sua mãe ao perceber o comportamento caseiro do genro.

Danila, uma mulher de personalidade forte e decidida, demonstrava estar satisfeita com seu casamento.

As crises de ciúmes, gradativamente, perderam o status de artifício, se evidenciando com mais fervor. O primeiro tapa foi seguido de um arrependimento sem precedentes. Tentou se redimir com uma bolsa de luxo, admirada pela família e alvo de comentários dos cunhados.

“Fausto, desse jeito, você nos coloca em desvantagem. Teremos que vender um rim para presentear as nossas patroas”.

Em momento de desentendimento, as ameaças veladas se diluíam em olhares furiosos, furtivos aos olhos dos outros. A ridicularização fazia-se reservada entre quatro paredes. Medo. Estupros conjugais seguidos de pedidos de desculpas em forma de jantares especiais, presentes caros e buquês de flores.

Violência contra a mulher e foto EBC
Violência contra as mulheres | Foto: EBC

Um ataque de raiva. Um estrangulamento que a sufocou por alguns minutos. O marido romântico brotava durante uma semana. Tudo perfeito. Cozinhava e levava café na cama com buquê de rosas e cartão com poesia. Entretanto, tal comportamento se repetia se tornando rotineiro. Um bate e assopra. Um chute na barriga, um puxão de cabelo, em momento de nervosismo. Aos poucos, era mais bate do que assopra.

Sorria! Abraçava o marido. Sorria! Devia Sorrir, sempre.

“Você viu o que me fez fazer? Por que você age assim, minha linda?”, dizia como se fosse a vítima da situação.

“Por que eu te amo tanto assim? Perguntava no momento de grande arrependimento. “Por que você é tão linda assim”, dizia em momentos de reconquista.  “Às vezes, eu queria que você fosse feia e meu amor mais moderado”.

Em alguns momentos, ela podia contrariá-lo. Ele permitia, desde que de maneira ponderada, o que era medido pelo olhar de repressão suficiente para ela interpretar seus pensamentos.

Com o tempo, não se continha. Dado à violência, espancava Danila em partes do corpo onde podiam ser escondidas: a barriga e as nádegas eram alvos perfeitos. Uma sede insaciável. O amor pelo marido se esfriava, mas ela continuava sorrindo.

A família percebeu certa frieza.

“Danila, tenho que perguntar uma coisa: você está apaixonada por outro?”

Diante da negativa, acreditavam que Fausto amava sozinho a esposa.

“Pobre, Fausto”!

Em uma noite, durante uma festa de aniversário de cunhado, Danila parecia não esconder sua decepção matrimonial. Ignorou os olhares ameaçadores do marido. Furioso, ele a levou pelo braço para um canto escuro e apertou seu rosto como se quisesse destruí-lo. Alguém se aproximou e ele a beijou, enquanto ela o repudiava.

Estava decida a denunciar a agressão sofrida pelo marido durante anos. Adormecida pela culpa e vergonha acordara de um pesadelo. Sob o pretexto de ciúmes, dizia a ela: “mulher minha não sai sem mim”, “mulher minha não veste essa roupa”, “mulher minha não trabalha fora”. Danila se reduzira à propriedade do marido, sem despertar suspeitas.

Sentia um misto de medo e revolta.

Percebendo a intenção da esposa, a questionou na volta para casa. Ela o enfrentou. Então, ele parou o carro e deu o primeiro soco. Incontáveis socos no rosto vieram na sequência. Não poupou as partes descobertas de seu corpo: o rosto era o alvo mais promissor. Com o rosto desfigurando, ele a jogou para fora do carro, em uma marginal movimentada.

Um ruído contínuo sinaliza o fim da vida de Danila. Sua mãe chorava sobre o corpo da filha, amparada por um misto de culpa e raiva.

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