Por Euler de França Belém

Como 58 anos, Ryan Wesley Routh foi eleitor de Donald Trump, em 2016, mas teria se decepcionado com o líder republicano

A revista terá de pagar 40 mil reais à ex-primeira-dama e publicar direito de resposta. A publicação da Editora 3 cometeu um deslize ético e jornalístico

O “Valor” é o maior jornal de economia do país. Assim como a “Exame” é a principal revista. No momento, ninguém consegue competir, em qualidade e amplitude, com o “Valor Econômico”, do Grupo Globo (o grupo que dirige a “Folha de S. Paulo” vendeu sua parte).
Nem sempre foi assim, durante anos. Quando se queria uma informação de economia abalizada buscava-se, de imediato, as páginas da “Gazeta Mercantil”, jornal dirigido por Herbert Levy e por seu filho, Luiz Fernando Levy. Era um jornal confiável. O pico do PIB brasileiro o lia.
Qual era o segredo da “Gazeta Mercantil”? Sua equipe excepcional. De lá saíram os melhores jornalistas de economia do país. A reportagem e a análise econômicas eram de primeira linha, dotadas de credibilidade incontestável. A publicação era tão ousada que manteve, por longo tempo, um excelente suplemento de cultura (onde escreviam, entre outros, Sônia Nolasco, Daniel Piza).
O “Valor” é filho da “Gazeta”. Quando as famílias Frias e Marinho se uniram para criar o jornal, vinte e quatro anos atrás, correram atrás dos melhores profissionais forjados pela “GM”. O primeiro diretor de redação, o grande Celso Pinto, era egresso do jornal dos Levy.

A história do “Jornal do Brasil” tem sido contada com frequência — há excelentes “biografias” nas livrarias, escritas por Cezar Motta (seu livro é magnífico), Luiz Gutembeg e Belisa Ribeiro —, mas não a da “Gazeta Mercantil”.
Por isso é oportuno o lançamento de “Gazeta Mercantil — A Trajetória do Maior Jornal de Economia do País” (Contexto 176 páginas), de Célia de Gouvêa Franco. Por dois motivos. Primeiro, porque, finalmente, preenche uma lacuna. Segundo, pela autora.
Célia de Gouvêa Franco é uma das mais completas jornalistas de economia do país. Como repórter e analista privilegiada. Dada sua formação, tanto capaz de narrar bem o que lhe contaram quanto de explicar se o relatado está certo ou não. Não é “datilógrafa” de redação, quer dizer, uma profissional que apenas transcreve o que lhe dizem. Não é assim. Ela sabe o que é mais importante para o leitor, ou seja, a verdade.
Por ter trabalhado 20 anos na “Gazeta Mercantil”, Célia de Gouvêa Franco sabe tudo ou quase do jornal. Porque faz parte de sua história.
Acima de tudo, sou repórter e analista de política — e não de cultura, ao contrário do que muitos pensam. Mas tenho o hábito, desde há muito tempo, de começar a leitura de jornais pela seção de economia (lendo o “Valor”, todos os dias, notei uma movimentação mais forte da economia — que levaria ao aumento do PIB. Disse isto aos meus colegas de redação, e bem antes de se anunciar a elevação do crescimento). Leio as principais reportagens e análises (só depois encaminho-me para a parte política).
Por vários anos, desde a década de 1980, eu comprava a “Gazeta Mercantil” em três bancas de Goiânia, a do Marcão da Banca na Avenida Anhanguera, nas proximidades da Rua 8, no Centro de Goiânia, e nas bancas do João na Praça Cívica (na porta do Correios) e na Praça Tamandaré. As matérias eram longas e começavam na primeira página e eram concluídas no corpo do jornal. Lembro-me de como apreciava a leitura do jornal — tão bem-feito, denso, sério e seguro.
Com o tempo, com novas contratações, a “Gazeta Mercantil” começou a publicar resenhas de livros e reportagens de cultura. Então, o que era bom, ficou melhor.
Célia de Gouvêa Franco começou a trabalhar na “Folha de S. Paulo”, como repórter, em 1974, há 50 anos. De lá, encaminhou-se para a “Gazeta Mercantil”. Depois, com a debacle da “GM” (o jornal acabou em 2009, mas já vinha mal há anos), contribuiu para a criação do “Valor Econômico”, do qual é colaboradora. Era casada com outro ícone do jornalismo econômico, Celso Pinto, que morreu em 2020, aos 67 anos.

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O engenheiro Henrique de Campos Meirelles, às portas de fazer 80 anos (completará no dia 31 de agosto de 2025), decidiu lançar um livro para contar sua história: “Calma Sob Pressão — O Que Aprendi Comandando o Banco de Boston, o Banco Central e o Ministério da Fazenda” (Planeta, 192 páginas). Trata-se de um longo depoimento transformado em livro pelos jornalistas Thomas Traumann (coordenador do projeto), Leandro Loyola e Karla Correia.
Diva, mãe de Meirelles, “filha de um grande comerciante e pecuarista de Anápolis”, era diretora de uma escola. O pai, Hegesipo, nascido em Luziânia, era professor. Os dois se encontraram, se apaixonaram e se casaram.
Em seguida, Diva e Hegesipo Meirelles decidiram mudar para a Cidade de Goiás, então capital do Estado. Ele se formou em Direito no município.
Henrique Meirelles: o engenheiro, que se tornou um craque em economia e foi presidente do Banco Central e ministro da Fazenda, tentou ser presidente da República | Foto: Reprodução
Em busca de melhores condições de vida, Diva e Hegesipo Meirelles optaram por morar em Goiânia, a nova capital do Estado. Corria o ano de 1937.
Dada a formação em Direito, Hegesipo Meirelles foi nomeado para os cargos de diretor da Penitenciária Pública de Goiânia e, depois, secretário de Segurança Pública.
Deposto Getúlio Vargas, em 1945, Hegesipo Meirelles foi nomeado governador interino, “por algumas semanas, até a eleição do novo governador”.

“Goiânia existia, mas minha mãe era de Anápolis e decidiu que eu era deveria nascer lá”, relata Meirelles.
História do serial killer Zé Lourenço
Uma das histórias mais chamativas do livro se contará a seguir. O serial killer José Lourenço “havia sido condenado pelo assassinato de 21 pessoas, mas nos anos 1940 já havia cumprido a maior parte de sua pena”.
Então, o pai de Meirelles decidiu assumir a responsabilidade pela liberdade condicional de Zé Lourenço — a lei facultava que uma autoridade o fizesse. Ao sair da prisão, o serial killer “foi ser o motorista” da família Meirelles.
Dado o racionamento de combustível, faltava gasolina, o que dificultava até mesmo uma viagem curta, entre Goiânia e Anápolis. Porém, como Diva queria dar à luz em Anápolis e, como ela mandava, era preciso achar uma saída.
Então, Zé Lourenço, o serial killer regenerado, “contou que havia estocado gasolina em latas de querosene e as enterrado no quintal”. O combustível foi suficiente e Henrique Meirelles nasceu em Anápolis, em 1945, há 79 anos, logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Zé Lourenço continuou como motorista de minha família por algum tempo, e depois o meu pai o ajudou a comprar um automóvel para ser taxista. Quando eu era jovem, ainda sem idade para dirigir, era o Zé Lourenço que me levava em seu táxi para os lugares”, conta Meirelles.
Um dia, depois que se tornaram amigos, Meirelles perguntou: “É verdade que você matou 21 pessoas?” O serial killer admitiu: “Sim, senhor”.
Meirelles insistiu: “Mas por quê?” Zé Lourenço redarguiu: “O senhor sabe como é que é, às vezes eu estava em paz, sem problema nenhum, e as pessoas… o sujeito começava a me provocar e eu ficava nervoso… Aí me dava um branco. Quando eu acordava e me dava por mim, tinha um morto deitado no meu pé”.
Henrique Meirelles, o líder estudantil em Goiânia
Que Meirelles é primo do ex-deputado federal Aldo Arantes (também de Anápolis), do Partido Comunista do Brasil, todos sabem. Mas poucos sabem da história do líder estudantil aguerrido e corajoso.
No início da década de 1960, na época de fazer o ensino médio, a família, muito católica, quis enviar o menino Meirelles para o Ateneu Dom Bosco, mas ele preferiu estudar no Lyceu de Goiânia (o livro menciona Lyceu de Goiás).
“O Brasil estava em ebulição e o Lyceu era o centro da agitação política em Goiânia. O movimento estudantil se concentrava no Ensino Médio e não nos diretórios acadêmicos dos cursos universitários, ainda restritos a poucos estudantes. O Lyceu tinha um centro estudantil muito ativo, o Grêmio Literário Félix de Bulhões”, relata Meirelles.
Interessado por política, Meirelles acabou por se tornar subsecretário de Esportes do grêmio, secretário-geral e presidente (eleito com 91% dos votos).
Em 1963, Meirelles foi eleito, pela oposição, presidente da diretoria da União Goiana dos Estudantes Secundaristas. Mas o grupo derrotado, que estava no poder, se recusou a deixar a sede da Uges, nas proximidades do Lago das Rosas, na Avenida Anhanguera, em Goiânia. “Ganhamos mas não levamos”, diz Meirelles.
Os vencedores organizaram uma passeata, na Avenida Anhanguera, cobrando a saída do grupo derrotado da sede da Uges. “Eles ergueram uma barricada de resistência. Eram umas trinta ou quarenta pessoas entrincheiras na sede, cercada de arame farpado, e estavam armados”, anota Meirelles.
Na porta da sede, Meirelles deixou os companheiros para trás e, possivelmente numa tentativa de conciliação, apresentou-se sozinho. “Um estudante que estava na trincheira se levantou e ficou em pé com o revólver na mão, tremendo: ‘Henrique, volta, senão eu te mato’. Com a impetuosidade típica da juventude [tinha 17 ou 18 anos], eu não voltei. Ele deu seis tiros. Felizmente, errou os seis.”
Devido à coragem de Meirelles, um de seus colegas avançou. Levou uma tijolada na cabeça e, mesmo ensanguentado, gritou para os colegas: “Vamos!” Os aliados de Meirelles invadiram a sede da Uges e expulsaram os adversários.
Os perdedores recorreram à Justiça, ganharam a causa e reassumiram a Uges. Para se contrapor ao grupo rival, Meirelles criou a Confederação Goiana dos Estudantes. Uma falha do livro é não esclarecer quais eram as correntes ideológicas que disputavam o comando da liderança estudantil. Tudo indica que, mais à direita, Meirelles enfrentava uma facção de esquerda (do qual fazia parte, por exemplo, o mais tarde sociólogo e prefeito de Goiânia Pedro Wilson Guimarães).
Empolgado com a liderança estudantil, Meirelles viajava pelo interior e chegou a liderar “um movimento pela redução do preço da passagem de ônibus em Goiânia”.
O engenheiro que se tornou banqueiro
A história posterior de Meirelles é mais conhecida. Sob a ditadura civil-militar, .em 1965, Meirelles trocou Goiânia por São Paulo. Ele se formou em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, uma das melhores do país.
Engenheiro que se especializou em mercado financeiro, Meirelles se tornou presidente do Banco de Boston, foi eleito deputado federal por Goiás (era filiado ao PSDB), assumiu a presidência do Banco Central nos dois primeiros governos de Lula da Silva (entre 2003 e 2010) e foi ministro da Fazenda do governo do ex-presidente Michel Temer. Chegou a ser candidato a presidente da República em 2018 pelo MDB (ficou em sexto lugar).

Nascido em Anápolis, há 79 anos, o engenheiro foi líder estudantil (um rival deu seis tiros no jovem), banqueiro e ministro da Fazenda

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