De seu refúgio em Orlando, no Estado da Flórida (EUA), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou, pouco depois das 21 horas, uma declaração sobre os atos de invasão, vandalismo e depredação do patrimônio público nos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Reforçando que sempre se portou “dentro das quatro linhas”, ele condenou os atos, mas se referiu à esquerda como o lado que realmente seria terrorista.

E os apoiadores mais próximos – ou mais fanáticos – de Bolsonaro, o que falaram em suas redes? Veja este compilado de declarações

Eduardo Bolsonaro (deputado federal – PL-SP) – sua única postagem no Twitter foi sobre uma polêmica envolvendo o Ministério da Cultura na gestão Bolsonaro.

Carlos Bolsonaro (vereador – Republicanos-RJ) – Desde a invasão dos prédios dos três Poderes até o fim do dia, o filho e mentor de Jair Bolsonaro não postou nada. Sua última declaração, ao meio-dia deste domingo, ironizava o caso da ministra Daniela do Waguinho e sua aventada ligação com um miliciano.

Flávio Bolsonaro (senador – Republicanos-RJ) – Nas redes sociais, o filho “01” de Bolsonaro apenas retuitou a declaração do pai e ex-presidente. A última publicação do dia, foi lamentando a morte do ex-jogador Roberto Dinamite, ídolo do Vasco.

Cláudio Castro (governador do Rio de Janeiro) – Em um ambiente democrático, as cenas que vemos em Brasília são inadmissíveis. Atitudes como essas mancham a imagem do Brasil e não contribuem em nada para o nosso futuro. Manifestações pacíficas fazem parte da democracia, vandalismo não!

Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo) – O principal nome eleito pelo bolsonarismo foi enfático em relação a “debate de ideias” e “oposição responsável”. “Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções. Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em SP!.”

Romeu Zema (governador de Minas Gerais) – Um dos maiores apoiadores de Bolsonaro, especialmente no segundo turno das eleições presidenciais, considerou o vandalismo “inaceitável”. “Em qualquer manifestação deve prevalecer o respeito. É inaceitável o vandalismo ocorrido hoje em Brasília. A liberdade de expressão não pode se misturar com depredação de órgãos públicos. No final, quem pagará seremos todos nós.”

Wilder Morais (senador eleito – PL-GO) – Já no fim da noite, o senador escreveu no Twitter: “Defendo manifestações democráticas pacíficas. Contudo, o que aconteceu hoje está muito distante disso. A invasão e a vandalização dos prédios públicos é inadmissível e deve ser repudiada.”

Vitor Hugo (deputado federal – PL-GO) – O candidato bolsonarista ao governo de Goiás nas últimas eleições quer “individualização das condutas” para separar “pacíficos” de “criminosos”. “Manifestações pacíficas são garantidas pela CF [Constituição Federal]. Ações de vandalismo e violência não são. Esse tipo de atitude não condiz com a forma como patriotas se manifestam.”

Gustavo Gayer (deputado federal eleito – PL-GO) – Referência do chamado “bolsonarismo raiz em Goiás, o futuro parlamentar adotou tom moderado, seguindo a mesma linha do presidente, de se referir à esquerda. “Sempre serei a favor de toda e qualquer manifestação pacífica, mas acredito que essa manifestação de hoje está dando mais munição para que eles possam usar toda a força do estado contra o povo. Não devemos agir como a esquerda sempre agiu”. A declaração foi criticada pela maioria, radicalizada, de seus seguidores.

Fernando Holiday (vereador em São Paulo – Novo) – Derrotado para deputado federal nas últimas eleições e bolsonarista de última hora, ele tenta encampar a tese de que não foram “patriotas” os que cometeram vandalismo. “A hipótese de agentes de extrema-esquerda infiltrados nas manifestações não pode ser descartada e também precisa ser investigada. A direita jamais sucumbiu a desordem e é curioso que justo nesse momento vejamos essas cenas de vandalismo.”

Nikolas Ferreira (deputado federal eleito – PL-MG) – O recordista de votação para a Câmara e que teve sua conta suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, há menos de dois meses, só foi se pronunciar no Twitter ao fim do dia. Em vídeo, disse que “é claro que sou contra vandalismo e depredação do patrimônio público”, e que ele, sim e não a esquerda, poderia falar alguma coisa, porque nunca teria cometido atos assim.

Magno Malta (senador eleito – PL-ES) – Depois de incentivar manifestações golpistas, o senador capixaba quer tirar o corpo fora. Mas ainda assim defendeu os vândalos. “Infelizmente hoje nós assistimos ao desespero de um povo que não foi ouvido. Não aprovo invasões, vandalismo, até porque não faz parte da nossa cultura enquanto conservadores, patriotas, cristãos. Qual o cerne da questão? O Brasil está dividido, o que se deve aos superpoderes dados à Suprema Corte.”

José Medeiros (deputado federal – PL-MT) – Vice-líder do governo Bolsonaro, ele praticamente dobrou a aposta. “A reflexão que faço é quando (sic) os responsáveis pela revolta do povo farão um exame de consciência. Não pensem que prisões, bombas, narrativas vão pacificar o país. O que pacificará o Brasil será transparência sobre essas eleições.”

Mário Frias (deputado federal eleito – PL-SP) – O ex-secretário nacional de Cultura – pasta que agora voltou a ter status de ministério – evitou polemizar. Apenas retuitou a postagem de Bolsonaro sobre os atos de vandalismo.

Bia Kicis (deputada federal – PL-DF) – A parlamentar, um dos expoentes da extrema-direita no Congresso, ficou calada sobre os atos golpistas. Sua última postagem, pouco antes do início da passeata dos radicais, criticava a mudança de política para dependentes químicos.

Bibo Nunes (deputado federal – PL-RS) – O estridente parlamentar gaúcho jogou a culpa dos acontecimentos na conta do… ministro da Justiça, Flávio Dino. “A voz do povo é soberana e deve ser respeitada! O Ministro da Justiça, que ameaçou o povo, deve pedir demissão imediatamente. Quem tem o mínimo de bom senso deve concordar. Não vamos usar violência! Como aceitar um Ministro comunista preocupado com democracia? Isso não existe!”, disparou, no Twitter. Mais tarde, também retuitou a declaração do ex-presidente, com o seguinte comentário. “Bolsonaro sempre foi um democrata!”.

Silas Malafaia (pastor bolsonarista) – Em vídeo, o pastor contra-argumentou o uso dos termos “golpistas” e “atos antidemocráticos” lembrando atos de décadas passadas do MST e outras manifestações, para dizer – numa associação sem nexo, já que em nenhum dos casos o mote era o desrespeito aos resultados das eleições. Disse que o “presidente mente” ao chamar os radicais de “fascistas”.