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Objetiva lança livro de memórias do jornalista-humorista Zé Simão

Na obra, Zé Simão fala de sua homossexualidade, de viagens, dos amigos (como Ricardo Boechat) e do sucesso na Folha de S. Paulo e na Band News FM

Livro sensacional mostra que seis meses de 1945 mudaram o poder no mundo

[caption id="attachment_42276" align="alignright" width="300"]Um livro brilhante sobre como  uma guerra, a Segunda, criou a  Guerra Fria, espécie de batalha  mais política do que militar Um livro brilhante sobre como
uma guerra, a Segunda, criou a
Guerra Fria, espécie de batalha
mais política do que militar[/caption] A história às vezes é modorrenta, o tempo parece que parou. Porém, de repente, parece que tudo mudou. Fica-se com a impressão de que as forças da mudança — quiçá incontroláveis — “acordam”, de uma hora para outra, e (quase) tudo “muda”. De 1939 a 1945, quando começou e terminou a Segunda Guerra Mundial, o mundo mudou rapidamente. Atores principais, como Inglaterra e França, perderam espaço para atores secundários, como Estados Unidos e União Soviética, os dois novos impérios. Um livro sensacional, “Seis Meses em 1945: Roosevelt, Stálin, Churchill e Truman — Da Segunda Guerra à Guerra Fria” (Companhia das Letras, 493 páginas, tradução de Jairo Arco e Flexa), do jornalista Michael Dobbs, sugere que “quase todos os divisores de águas do princípio da Guerra Fria têm sua origem nos seis meses entre fevereiro e agosto de 1945, período que abrange a morte de FDR [Franklin Delano Roosevelt], o fim da Segun­da Guerra Mundial, a desintegração da aliança anti-Hitler e a divisão da Europa em blocos políticos rivais”. Muito do que Michael Dobbs conta não tem quase nada de novo. Mas duvido que outros historiadores contem tão bem uma história. O livro é desses que, quando o leitor o pega, não quer mais largar. É muito bem escrito, com os fatos históricos contados a partir da forte presença dos homens, com detalhes — sobre a comida, gostos e idiossincrasias dos líderes, como Stálin, Roosevelt, Winston Churchill e Harry Truman, além de auxiliares, como Averell Harriman, Harry Hopkins, James Byrnes, George Kennan (aqui e ali, erroneamente menosprezado pelo autor, que, ao final, faz justiça e reconhece a força de suas ideias), Molotov — que tornam a obra mais agradável e fácil de ler. Na pena de Michael Dobbs, os encontros de Yalta (entre Roosevelt, Churchill e Stálin) e Potsdam (entre Truman, Churchill e Stálin) são relatados de maneira impagável. O leitor certamente perceberá o equilíbrio do autor ao tratar inclusive do ditador Stálin. Este, por sinal, ficou com medo da bomba atômica, mas, ao ser informado diretamente por Truman, fingiu não ter dado a mínima importância. Não moveu um músculo. Truman ficou impressionado. Tudo indica que Stálin “enganava”, se enganava, mais Roosevelt do que Truman. O mais provável é que Roosevelt, uma raposa política, tenha percebido cedo que o mundo, a partir de 1945, iria girar em torno de dois sóis, Estados Unidos e União Soviética, que um não poderia ignorar o outro. Recomenda-se como leitura complementar os livros “A Cortina de Ferro — O Fim da Europa de Leste” (Civilização, 697 páginas, tradução de Miguel Freitas da Costa), da historiadora Anne Applebaum, e “História da Guerra Fria” (Nova Fronteira, 308 páginas, tradução de Gleuber Vieira), do historiador John Lewis Gaddis.

A jornalista americana Claudia Pierpont publicou um vade mecum sobre Philip Roth

[caption id="attachment_30129" align="alignleft" width="300"]Foto: Steve Pyke/ContourPhotos/Getty Images) Foto: Steve Pyke/ContourPhotos/Getty Images)[/caption] Tudo aquilo que você quer saber sobre o escritor norte-americano Philip Roth e, sobretudo, sua obra, mas não tem tempo de consultar vários livros, inclusive os dele, pode ser pesquisado agora em único livro: “Roth Libertado — O Escritor e Seus Livros” (Companhia das Letras, 479 páginas, tradução de Carlos Afonso Malferrari), de Claudia Roth Pierpont, jornalista da revista “New Yorker”. Claudia Pierpont escreveu um livro notável. Suas críticas aos principais romances de Philip Roth — “O Complexo de Portnoy” e “O Teatro de Sabbath” — são de primeira linha. Além de apresentar o que outros críticos disseram sobre os livros do escritor, a jornalista apresenta suas próprias críticas, numa leitura direta extraordinária. Trata-se de um livro brilhantíssimo. Porém, se o leitor acredita que é um livro meio hagiográfico, porque é a favor — a autora não esconde os laços de amizade com o escritor —, está redondamente enganado. Claudia Pierpont aponta a fragilidade literária, a falta de aprofundamento dos temas e a linguagem que não consegue expô-los com brilho, em alguns livros de Philip Roth. Não deixa de ser curiosa a tese de que Philip Roth cresce, como escritor, quando encontra oposição forte pela frente. As críticas e, até, ataques são transformados em literatura. Uma das principais críticas literárias do “New York Times”, Michiko Kakutani, é transformada em personagem de um seus livros. Uma de suas ex-mulheres, Claire Bloom, que o criticou duramente em suas memórias, também se torna personagem — com nome modificado, é certo — de um de seus romances. Para Philip Roth, tudo pode ser transformado em literatura e é isto que faz em seus livros. Sua história e a história de parentes e amigos apareceram em seus livros, com nomes modificados, às vezes parecidos. O autor estaria fazendo história? Nada disso. A imaginação poderosa de Philip Roth colhe histórias reais e as transforma em ficção. Ficcionadas, por assim dizer, as histórias se tornaram patrimônio coletivo da humanidade — uma espécie de história de todos nós —, mas sem perder conexão com as histórias primevas (das quais poucos sabem). As histórias, as reais e as imaginadas, são parecidas, mas não são iguais. Philip Roth não faz biografia, e sim literatura.