A China, como parte de seus esforços para fortalecer a segurança alimentar e reduzir a dependência de importações estrangeiras, implementou medidas para diminuir o consumo de soja em rações para animais. Prevê-se uma queda na demanda chinesa por soja nessas rações em 2023, com o Ministério da Agricultura anunciando uma expectativa de redução de 9,1 milhões de toneladas neste ano.

A medida deve impactar Goiás diretamente, uma vez que o país asiático é o principal parceiro comercial do agronegócio goiano e brasileiro como um todo. Vale ressaltar ainda que a atividade agrícola é a principal do Estado.

De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás (Seapa), Goiás exportou 9,3 milhões de toneladas para a China somente em 2023. A pasta ainda destaca que o país asiático aumentou progressivamente a compra no segundo semestre do ano, em comparação aos anteriores.

De julho a novembro, o volume exportado é maior 15,5% em relação ao segundo semestre de 2022. O Jornal Opção entrou em contato com a Seapa sobre o assunto.

A pasta reconhece que a redução poderá impactar a produção, mas destaca que é possível minimizar os efeitos negativos com ações como “a diversificação de culturas e o estímulo ao crescimento de agroindústrias para processamento e incremento de valor agregado dos produtos”. [Veja a nota da Seapa na íntegra ao final do texto]

China e soja

Essa redução ocorreu devido à diminuição da proporção de farinha de soja nas rações, que foi reduzida em 1,5 ponto percentual. A China tem buscado fortalecer sua produção local e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos e do Brasil.

Apesar da redução no uso de soja em rações, as importações totais de soja pela China permanecem elevadas, representando mais de 80% do consumo no país. Essas importações, que continuam em níveis significativos, são destinadas não apenas à produção de rações, mas também atendem à demanda por óleo de cozinha e à reposição de reservas.

Entre janeiro e novembro, as importações de soja aumentaram mais de 10% em comparação ao ano anterior, atingindo cerca de 90 milhões de toneladas, o nível mais alto em três anos, de acordo com dados aduaneiros chineses.

Apesar do aumento de 4% na produção de rações, os produtores industriais reduziram o consumo de farinha de soja em 11% no mesmo período, conforme relatado pelo Ministério da Agricultura.

Essa mudança faz parte de uma campanha de três anos iniciada por Pequim para promover rações com baixo teor de proteína, explorar fontes proteicas alternativas, como resíduos de cozinha, e incentivar uma dieta para vacas e ovelhas mais baseada em pasto, em detrimento de cereais.

Nota da Seapa na íntegra:

“A China importou de Goiás 9,3 milhões de toneladas de soja em 2023. O volume de exportações para os chineses não reduziu no segundo semestre em comparação com os anteriores. Na verdade, observa-se um aumento progressivo no volume exportado dos produtos do complexo soja para China no segundo semestre do ano, em comparação aos anteriores. Para se ter uma ideia, a quantidade dos produtos do complexo soja exportados para China de julho a novembro deste ano (mesmo sem considerar as exportações de dezembro), já supera em 15,5% o volume exportado no 2º semestre de 2022.

Em razão da quantidade expressiva de produtos que o país asiático absorve, uma redução nas exportações certamente geraria impactos na cadeia produtiva da soja. No entanto, é possível considerar algumas ações que contribuem para minimizar possíveis perdas, como a diversificação de culturas e o estímulo ao crescimento de agroindústrias para processamento e incremento de valor agregado dos produtos. Também seria válido pensar na identificação de demandas e oportunidades em outros países e o estabelecimento de parcerias comerciais para promover a diversificação de mercados.”

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