O malte das cervejas é produzido a partir da cevada, um cereal que também tem potencial para ser utilizado na alimentação humana e animal, e está demonstrando oportunidades de expansão no Cerrado do Brasil Central, conforme evidenciado pelo programa de melhoramento genético da cevada irrigada na região.

O programa é coordenado pela Embrapa Trigo (RS) em conjunto com a Embrapa Cerrados (DF), especificamente no Centro de Inovação em Genética Vegetal (CIGV) em Brasília. Representantes de cooperativas, extensionistas rurais, técnicos e professores universitários do Distrito Federal e regiões do Cerrado têm sido apresentados a este programa.

Aloisio Vilarinho, pesquisador da Embrapa Trigo, destaca o grande potencial de produção na região Centro-Oeste e Sudeste, especialmente em áreas de maior altitude, durante o inverno e sob irrigação. Nas condições do Cerrado, onde a cevada é cultivada no inverno sob irrigação, não há esse problema de adaptação.

Ele menciona que seria viável produzir cevada de excelente qualidade e com alta produtividade devido ao controle adequado da água. No entanto, a produção de cevada ainda não é realizada na região devido à falta de maltarias locais. A logística de transporte também é um desafio devido à distância até as maltarias instaladas no país, com a predominância do transporte rodoviário, que é mais caro em comparação ao transporte marítimo.

A cevada é o quarto cereal e o quinto grão mais cultivado globalmente, ficando atrás do milho, trigo, arroz e soja. A FAO relata que, em 2021, dos 145,6 milhões de toneladas produzidas globalmente, 68% foram destinadas à alimentação animal, 19% para a produção de malte, 8% para a alimentação humana e outros usos, e 5% para a produção de sementes. No Brasil, devido à maior eficiência das culturas de milho e soja na produção de alimentos a custos mais baixos, cerca de 90% da produção de cevada é direcionada à malteação de bebidas, principalmente cervejas.

Apesar de não ser um grande produtor de cevada, o Brasil é um grande consumidor, sendo o terceiro maior produtor mundial de cerveja, atrás apenas da China e Estados Unidos, consumindo cerca de 2,1 milhões de toneladas de malte de cevada anualmente. Por isso, o Brasil é o sétimo maior importador de cevada e malte, totalizando 1,91 milhão de toneladas em 2021. O maior importador global é a China, com 12,49 milhões de toneladas em 2021.

Embora a área plantada de cevada no mundo tenha diminuído ligeiramente nos últimos anos, entre 40 e 50 milhões de hectares são cultivados anualmente com este cereal. No entanto, a produção tem aumentado devido ao crescimento da produtividade das lavouras ao longo do tempo.

*Com informações da Embrapa.

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