Mostra reúne Estevão Parreiras, Evandro Soares, Iêda Jardim, Kboco, Luiz Mauro e Mateus Dutra
22 agosto 2023 às 08h58
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De 28 de agosto a 23 de setembro, a Cerrado Galeria apresenta a mostra “Suíte para seis instrumentos visuais”. A mostra marca a aproximação efetiva entre a galeria recém chegada à Goiânia e a produção artística local, oficializando a representação desses artistas e o interesse contínuo na promoção da produção artística local.
A exposição possui curadoria de Divino Sobral e reúne cerca de 20 obras de seis artistas residentes em Goiânia que integram o elenco de representações da Galeria: Estêvão Parreiras, Evandro Soares, Iêda Jardim, Kboco, Luiz Mauro, Mateus Dutra. São nomes de diferentes gerações, formações e tendências artísticas, que trabalham com distintas categorias visuais empenhados em dialogar com as questões da arte e da vida contemporâneas.
A exposição foi concebida pelo curador como uma peça musical ao modo da música de câmara, e nela “cada artista desempenha a função de um instrumento, sendo ao mesmo tempo solista e membro de um coletivo que cria a polifonia”. O conjunto revela que apesar das distâncias existem afinidades que permitem a aproximação entre as obras, destacando-se o aspecto gráfico, o farto uso de preto e branco ou do rebaixamento cromático em contraponto aos raros momentos iluminados pela cor, a presença de assuntos e de símbolos advindos da memória individual e coletiva, a relação bastante singular com a história da arte, os tributos devidos ao muralismo e ao grafitti, a manifestação do desejo de cura que é tão típica da nossa época.
Posicionadas entre desenho e pintura, as obras de Luiz Mauro representam os ateliês das artistas Rosângela Rennó e Sônia Gomes chamando atenção para a importante contribuição das mulheres para a arte brasileira. Evandro Soares exibe uma obra que relaciona desenho e objeto e outra que coloca o desenho como escultura criando movimentos de expansão e retração da forma no espaço.
Kboco apresenta pintura sobre tela e mural, reunindo elementos ornamentais de diversas culturas não ocidentais e criando superposições de camadas de símbolos que remetem à caligrafia árabe, aos emblemas do candomblé, à arquitetura russa, entre outras expressões.
Mateus Dutra mostra obras sobre tela e papel que revelam a intensa atividade que o desenho vem tendo na formação de seu atual imaginário, marcado por formas orgânicas que parecem sair da memória do artista. Estêvão Parreiras traz desenhos sobre papel que demonstram seus vínculos com a religiosidade e com a cultura popular dos ex-votos, juntando memória, fantasia e devoção. Iêda Jardim expõe objetos realizados em porcelana que remetem à memória infantil e ao ambiente doméstico da casa, e, também, uma performance, linguagem nova no repertório da artista, relacionada com processo de cura de enfermidades.
Estevão Parreiras
Estêvão Parreiras, nascido em Pouso Alegre, Minas Gerais, atualmente reside em Goiânia, Goiás. Ele é formado em Artes Visuais pela FAV-UFG e recebeu o prêmio de Artista Revelação no 23º Concurso Sesi Arte Criatividade em 2017. Sua obra premiada foi incorporada à coleção do acervo Sesi em Goiás. O artista participou de diversas exposições, entre elas:2018 / “Um corpo no ar pronto pra fazer barulho”, Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Goiânia/GO 2019 / 44° SARP – Salão de arte de Ribeirão Preto Nacional Contemporâneo, Museu de Arte de Ribeirão Preto – SP 2020 / 25° Salão Anapolino de Arte, Anápolis/GO 2022 / Mostra Individual “Maxilar apertado o dia inteiro…Mesma coisa que mastigar pedras…”, Centro Cultural Octo Marques, Goiânia/GO. 2022 / Mostra Coletiva “The Silence of Tired Tongues”, Framer Framed, Amsterdã/Holanda Nas palavras do artista, “Em meu trabalho tenho refletido sobre a linguagem do desenho. Tenho no risco feito sobre o papel a base para criar minha poética relacionada com minha subjetividade e com minha identidade. Observo o ambiente à minha volta, os lugares afetivos, a experiência devocional referenciada nos ex-votos com as ideias de oferta, agradecimento e confissão. Além de um desejo ligado ao prazer, entendo que o desenho é o que sobra da minha vontade de deixar minhas marcas, produzidas por um impulso materializado e mediado pelo instrumento que eu utilizo para arranhar/riscar o papel. Só assim me sinto pertencente ao mundo. Macular o papel com o grafite é como eternizar-me no tempo e no espaço”.
Evandro Soares
Vive e trabalha em Goiânia/GO. Desenvolve obras em escultura, desenho e instalação.Evandro Soares conecta o saber popular com questões da arte contemporânea, liga sua longa experiência em serralheria (que confere à sua produção qualidade técnica irrepreensível) ao frescor com que trata as questões que advêm dos códigos construtivistas, minimalistas e até mesmo do design e da arquitetura. Uma inventividade intuitiva rege seu modo de pesquisar a linha como fundamento do desenho, sua maneira de tratá-la como único elemento de sua linguagem artística.
O artista manobra e expande o conceito de desenho entre os espaços bidimensional e tridimensional, entre a forma inscrita sobre o suporte e a projeção para fora dele; realiza deslocamentos até a dimensão do objeto e às vezes até à instalação, quando extrapola os limites do suporte e instala a obra diretamente na parede, por meio de formas criadas com linhas metálicas que se fixam perpendicularmente na parede, e de vinil adesivo recortado, que por sua vez desempenha a função de sombra. O espaço é o grande motivo da obra de Evandro Soares que surpreende pela inteligência plástica das estruturas de pequenos espaços dentro de pequenos espaços, de escadas que acessam escadas ou que dão em mundos subjetivos.
Iêda Jardim
Iêda Jardim nasceu em Goiânia, criada em Brasília e com formação artística em Belo Horizonte. É Bacharel em Artes Plásticas, licenciada em Educação Artística com especialização em Escultura, Cerâmica e Gravura pela Escola Guignard – UEMG. Se aprimora no Mestrado na UNB e segue em pesquisa e prática fiel a identidade de seu trabalho intuitivo desde a concepção, permeando pelo desenho a modelagem, da construção a pintura, até o ato de desconstrução da forma. Seu percurso se enaltece e sublima pela diversidade e distinção dos vários caminhos que domina para expressar o lúdico do seu ambiente privado, doméstico, familiar e de pesquisa do inconsciente. Intencionalmente devolve o belo à materialidade do SER e do gênero. A artista participou de diversas exposições, entre elas:22 Coletivas – 1993/2022Artista Premiada na IV Bienal de Goiás – Goiânia/GO – 1994Artista escolhida para homenagear os 100 Anos de Belo Horizonte – 1997Prêmio Revelação de Americana – SP – 1999Artista contemplada pelo FAC/Brasília-2003/2004Artista Premiada 17° Salão Paranaense de Cerâmica – Curitiba -2006
Kboco
Kboco nasceu em Goiânia, em 1978. Desenha e pinta desde a infância, o contato com a cultura hiphop nas ruas de sua cidade natal o levou a expandir o universo de suas pinturas para além das molduras, o que conferiu a seu trabalho uma escala arquitetônica, mais dinâmica, que se reflete nas composições de suas pinturas em tela, dessa ligação entre as linguagens que nasce e se desenvolve sua pintura.O trabalho de Kboco se alimenta de diferentes registros e procedimentos, promovendo uma fusão de tempos e lugares distintos. Possui uma sofisticada elegância cromática e construtiva, cultiva um equilíbrio tênue e fértil entre a harmonia do todo e a potência de cada uma das partes. Todos esses caminhos são responsáveis por ampliar a força do seu peculiar corpo de obras, e ajudam a compreender melhor os eixos de pesquisa trilhados pelo artista em seus mais de 25 anos de produção.Encontramos em seus trabalhos referências claras à arquitetura e à arte mourisca, à rica padronagem dos tecidos, bem como os símbolos e entidades das religiões de origem africana.O artista teve suas obras expostas nas Bienais de Valência (2007) e São Paulo (2010), em exposição individual no Museu Afro Brasil (2018), na Fundação Kalouste Gulbekian em Lisboa, Portugal, (2010) MAM, 2005, Bienal de Monterrey, México,(2009) além de ter participado de outras diversas exposições coletivas e realizado inúmeros murais em espaços públicos nas ruas de Olinda, Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Goiânia, Nova York, Bahia, Itália, Alemanha, Espanha e México.
Luiz Mauro
Indicado ao PIPA 2015, nasceu em Goiânia onde atua, há cerca de 30 anos, como artista visual e como professor de desenho e pintura na Escola de Artes Visuais da Secult Goiás.Realizou as individuais “Des Peintures comme des Photographies”, na Maison Européenne de la Photographie, em Paris, França (até 14 de junho de 2015); “Cravos e Espinhos”, na Fundação Jaime Câmara, em Goiânia, GO (2004); “Anima Angelus”, na Referência Galeria de Arte, em Brasília, DF, (2003); “Caixa de Lembranças”, na Fundação Jaime Câmara, em Goiânia, GO (2000); Potrich Galeria de Arte, em Goiânia, GO (2000); na Galeria Funarte, em Brasília, DF (1996); na Galeria Macunaíma, no Rio de Janeiro, RJ (1993); na Potrich Galeria de Arte, em Goiânia, GO (1991); e no MAC, em Goiânia, GO (1990).Entre as coletivas, destacam-se o “Diálogo Desenho”, Muna (Uberlândia, MG, 2013); “A Cidade É O Lugar”, Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Oscar Niemeyer (Goiânia, GO, 2012); “Espelho Refletido, o Surrealismo na Arte Contemporânea Brasileira”, Centro Cultural Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, RJ, 2012); “Centerfolder”, na Referência Galeria de Arte (Brasília, DF, 2012) e Art Rio (Rio de Janeiro, RJ, 2011).Entre as premiações, destacam-se o Prêmio no I Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste (2011); Prêmio CELG de Artes Visuais (2003); Prêmio Galeria Aberta, na 3ª Bienal Nacional do Museu de Arte Contemporânea de Goiás, GO; Prêmio Brasília de Artes Plásticas, do Museu de Arte de Brasília, DF (1990); e o Prêmio na 1ª Bienal Nacional do MAC de Goiás, GO (1988).
Mateus Dutra
Mateus Dutra é um artista visual baseado em Goiânia, cuja pesquisa se dá por meio do traço, propondo uma relação simbiótica entre o desenho e a pintura, tendo como fio condutor a gestualidade e a memória do ato de desenhar. Seu trabalho é permeado por referências da cultura gráfica dos povos originários, pelo muralismo contemporâneo e pelas formas proporcionadas pela estética do cerrado do planalto central. Sempre envolvido com diversas linguagens artisticas, Mateus trabalhou como cenotécnico da Quasar Cia de Dança e diretor de palco de vários festivais de arte e cultura em Goiás e Distrito Federal. Com seus desenhos, pinturas em tela e murais, o artista já circulou, entre intervenções urbanas e exposições coletivas e individuais, por países como Espanha, Vietnam, Colômbia, Namíbia e em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia. O artista participou de diversas exposições, entre elas:Exposição Metáfora / Galeria Marcos Caiado (2009) – Goiânia – GOIndividual Mateus Dutra / Studio SeventySeven (2010) – Windoek – NamíbiaIndividual Tinta Pele Preta/ Objeto encontrado – Brasília – DFExposição Coletiva Blackbook / Galeria Potrich (2012) – Goiânia – GOExposição Coletiva Confluir / Verve Galeria (2014) – São Paulo – SPExposição Renka / Galeria Crua (2018) – São Paulo – SP