Rafael Silva de Oliveira, de 24 anos, e Benedito Cardoso dos Santos, de 42, estavam trabalhando em uma chácara, cortando lenha. Até que a discussão sobre política começou. Rafael, bolsonarista; Benedito, apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O fim foi trágico: Rafael matou Benedito a facadas e um golpe de machado. Foi preso.

O crime ocorreu na zona rural de Confresa (MT), a 1.167 quilômetros de Cuiabá. Segundo depoimento do acusado à Polícia Civil, no qual demonstrou muita frieza, Benedito teria lhe dado um soco no rosto e ele devolveu a agressão com outro soco, no peito. Então, a discussão teria parado por aí. Mas – novamente segundo a versão do autor –, um tempo depois, a vítima teria pegado uma faca que estava na mesa e ficou parado. Rafael contou, então, que foi para cima de Benedito para pegar a faca. Ele continuou a ofensiva até conseguir desarmar o apoiador de Lula.

Segundo o bolsonarista, Benedito correu atrás dele para tentar golpeá-lo. Foi então que a primeira facada aconteceu, quando Rafael acertou o petista pelas costas. No depoimento, Rafael afirmou que conseguiu dar outra facada nos olhos e na garganta do petista. Foram ao menos 15 facadas. Depois de todos os golpes, Rafael disse que parou, mas notou que sua vítima ainda estava viva. Mais: que o teria xingado de “filho da p…”. Mais nervoso, Rafael entrou para a casa e voltou com um machado, com o qual desferiu um último golpe no pescoço de Benedito.

Mas a ficha de Rafael na polícia é extensa. Ele, que está preso preventivamente em Porto Alegre do Norte (MT), a 20 quilômetros de Confresa, por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e meio cruel, tem antecedentes criminais por tentativa de latrocínio e estelionato. Antes dos crimes, uma irmã de Rafael foi até a Justiça de Mato Grosso, em abril de 2019, solicitar internação compulsória, apresentando laudos indicando que o irmão sofre de transtornos mentais, como esquizofrenia, e apresentava quadros de surto psicótico grave, com delírio e ideias homicidas.

Segundo o portal UOL, um documento da Defensoria Pública de Mato Grosso de três anos atrás mostra que os médicos afirmavam que era o caso de internação com urgência, já que Rafael colocava em risco sua vida e de outras pessoas. A família pedia a internação gratuita, por não ter dinheiro para pagar pelo tratamento. Mas, na sentença emitida em maio de 2020, a Justiça indeferiu o pedido, que não seria a melhor alternativa por causa da pandemia de Covid-19.