Vitor Hugo comenta queda recorde da aprovação de Lula e avalia cenário político para 2026

19 fevereiro 2025 às 11h24

COMPARTILHAR
Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o vereador Vitor Hugo (PL) analisou a queda recorde na aprovação do governo Lula (PT), divulgada na sexta-feira, 14, pelo Instituto Datafolha, e comentou sobre o cenário político para as eleições de 2026, incluindo a possível reversão da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL).
De acordo com a pesquisa, o índice de aprovação do governo caiu para 24%, enquanto a reprovação subiu para 41%. A queda de 11 pontos percentuais em dois meses é considerada inédita. A pesquisa mostrou que o governo não foi bem avaliado nem mesmo em parte do seu reduto eleitoral, que inclui, segundo o próprio PT, os mais pobres e as mulheres.
Vitor Hugo destacou que o declínio já vinha sendo apontado por outros levantamentos. “Isso já vem numa tendência mostrada desde a pesquisa da Genial/Quaest, de uma ou duas semanas atrás, em que ele Lula está derretendo não só entre os brasileiros em geral, mas especificamente no público que a esquerda sempre buscou conquistar. Entre os menos escolarizados, entre as pessoas de menor renda, entre os nordestinos, entre as mulheres, entre os jovens”, afirmou.
O vereador também apontou que até o Instituto Datafolha, que, segundo ele, historicamente teria apresentado dados favoráveis ao governo, não conseguiu esconder a queda de popularidade. “Agora chegou num ponto em que até o Datafolha, que normalmente tem uns dados bem favoráveis ao governo, nem ele consegue esconder. Aprovação de 24%, caindo 11 pontos desde a última pesquisa, isso mostra o que está evidente para todo mundo: um governo sem marca, sem liderança, sem projetos, sem programas, perdido em todos os aspectos da economia e das relações internacionais. As pessoas mais pobres e carentes estão vendo isso com muito cuidado e atenção agora.”
O cenário para 2026
Questionado sobre o impacto desse cenário na eleição de 2026, Vitor Hugo demonstrou otimismo com o retorno da direita ao poder. “Eu não tenho dúvida de que a direita vai voltar, que o Bolsonaro vai ser o nosso candidato, vai ser o nosso presidente e que a direita vai eleger o máximo de senadores, vai ter maioria no Senado, maioria na Câmara e vai ser um cenário semelhante ao que está acontecendo nos Estados Unidos agora”, afirmou.
Vitor Hugo não descartou a possibilidade de ser um dos candidatos ao Senado pelo PL em 2026. “Se o capitão achar que tenho chances de sair vitorioso, estaremos juntos no projeto. Mas, é claro, essa é uma decisão que passa, obviamente, pelo partido. O PL tem bons nomes para representar Goiás no Congresso Nacional”, frisou.
Para ele, mesmo que a direita não consiga alterar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF), a maioria no Legislativo já garantiria avanços significativos. “Isso não vai acontecer aqui no Brasil porque os ministros não serão trocados na mesma proporção, mas só de ter maioria na Câmara e no Senado e um presidente de direita, já conseguimos fazer muita coisa”, avalia.
Bolsonaro poderá ser candidato?
Sobre a possível reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, Vitor Hugo acredita que há espaço para mudanças. “Vamos analisar por que ele está inelegível hoje: uma das razões foi a reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada e outra foi a participação em uma manifestação na Esplanada dos Ministérios depois do desfile de 7 de setembro. No primeiro caso, ele era o condutor da política externa brasileira, uma prerrogativa exclusiva do presidente da República. Então, os argumentos são muito frágeis.”
Ele mencionou ainda a conjuntura política e jurídica que poderia favorecer Bolsonaro. “A nova composição do TSE, a nova geopolítica mundial, a vinda do relator da OEA e as revelações vindas dos Estados Unidos sobre a condução da eleição estão criando um cenário que nos leva a crer – e a torcer e orar – para que ele esteja apto a concorrer.”
Relatório da OEA
Vitor Hugo também comentou a visita de um representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao Brasil e afirmou que a expectativa da direita é positiva em relação ao relatório que será produzido. “Ele conversou com todas as partes: com Bolsonaro, com parlamentares, com ministros do Supremo. Imagino que tenha feito muitas outras conversas, inspeções e visitas, e poderá fazer um relatório claro sobre o que está acontecendo no país.”
Sobre a decisão do representante da OEA de visitar primeiro o Supremo Tribunal Federal, Vitor Hugo considerou o movimento natural. “Grande parte das suspeitas e acusações de violações vêm do Supremo. No caso do 8 de janeiro, por exemplo, as penas foram aplicadas quase que no estilo ‘copiar e colar’, sem individualização da pena, sem dosimetria adequada, o que foi criticado até pelo próprio ministro da Defesa do governo Lula.”
Ele reiterou a crítica às acusações de golpe contra os manifestantes do 8 de janeiro. “Não tem como dizer que foi um golpe em um domingo, sem líderes, sem apoio das Forças Armadas, sem o presidente da República na capital, com os ministros e parlamentares fora, os poderes sem funcionamento, e as pessoas desarmadas. Como é que isso pode ser um golpe?”, questiona o bolsonarista.
Anistia e articulação no Congresso
O vereador também comentou sobre a possibilidade de anistia para os condenados pelo 8 de janeiro e disse estar otimista com a nova composição do Congresso. “O projeto de lei da anistia é de minha autoria, o PL 2858 de 2022. Apresentei antes mesmo do 8 de janeiro acontecer. Outros deputados apresentaram projetos depois, que foram apensados ao meu, que acabou sendo o principal.”
Ele destacou que a troca de comando no Congresso pode ser favorável à pauta. “Não quer dizer que os presidentes das Casas vão votar a favor, mas se permitirem a discussão e a votação, o lado que tiver mais votos vai vencer. Tenho certeza de que a anistia será aprovada.”
Questionado se a anistia incluiria Bolsonaro, Vitor Hugo negou. “O próprio Bolsonaro já disse diversas vezes que nunca pediu anistia para si. O meu projeto se volta para as pessoas condenadas e julgadas no 8 de janeiro. Já a mudança na lei da Ficha Limpa e no tempo de inelegibilidade são outras discussões.”
Declaração do ministro da Defesa
O vereador também comentou a recente entrevista do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no programa Roda Viva, na qual ele sugeriu que não houve golpe. “Vejo essa avaliação como lúcida e imparcial. O José Múcio foi líder do governo Lula em 2007, ministro das Relações Institucionais e presidente do Tribunal de Contas da União. Ele não é um despreparado e nem distante dos governos petistas”, observa Vitor Hugo.
Para o vereador, a fala de Múcio desmonta a tese de golpe. “Ele disse que procurou Bolsonaro para garantir uma transição tranquila, o que efetivamente aconteceu. Se houve transição tranquila, não houve golpe. Além disso, ele defendeu uma dosimetria melhor na aplicação das penas para diferenciar quem vandalizou de quem apenas esteve lá. Isso hoje não está sendo feito.”
Sobre o impacto da declaração de Múcio na Procuradoria-Geral da República (PGR) e no STF, Vitor Hugo afirmou que a defesa do ex-presidente usará esse argumento: ‘Certamente será utilizado para corroborar a tese de que não houve golpe.”
O vereador concluiu dizendo que Múcio foi correto e justo ao se posicionar. “Ele arriscou, porque já tem gente pedindo a cabeça dele, mas foi honesto intelectualmente e manteve sua reputação.”
Leia também:
Aprovação do governo Lula cai para 24%, aponta Datafolha
Major Vitor Hugo, o apaziguador?
Vitor Hugo vai lançar ‘Frente de vereadores de direita’, em Goiânia; Bolsonaro deve comparecer