Virginia paga R$ 30 milhões para romper com casa de apostas

01 julho 2025 às 18h14

COMPARTILHAR
A influenciadora Virginia Fonseca pagou multa de R$ 30 milhões para romper de maneira definitiva o contrato com a plataforma de apostas online Esportes da Sorte. O fim do contrato ocorre após a repercussão de sua presença na CPI das Bets, no Senado. Na ocasião, Virginia afirmou que iria “pensar” sobre parar de fazer propagandas a jogos de azar nas redes sociais.
“É sobre saber que nem tudo na vida vai ser sempre bom, mas que Deus é muito bom o tempo todo. Tenha coragem pra mais um dia”, disse a influenciadora nas redes sociais.
Virginia assinou contrato com a plataforma em dezembro de 2022, com previsão de ganhos de até R$ 64 milhões. Segundo informações divulgadas pela CPI, o valor do acordo era composto por uma parte fixa de R$ 40 milhões e um bônus variável de R$ 24 milhões, caso a plataforma lucre, no mínimo, R$ 80 milhões líquidos realizados por usuários que acessassem o site por meio de seu link exclusivo.
Em 2024, a influenciadora rescindiu com a empresa e, pouco tempo depois, assinou contrato com a Blaze para divulgar as apostas na nova plataforma.
Ganhos milionários
Reportagem da revista Piaui revelou os valores recebidos por influenciadores como Virgínia Fonseca, Carlinhos Maia, Gkay, Maya Massafera e até celebridades como Cauã Reymond e Neymar, para divulgar as plataformas.
De acordo com a reportagem, Virgínia Fonseca recebe o que é chamado de “cachê da desgraça”, ou seja, a influenciadora recebe 30% do valor perdido pelos usuários que apostam na plataforma. Em 2022, Virgínia recebeu um adiantamento de R$ 50 milhões.
Por conta de seus 52 milhões de seguidores no Instagram, a influenciadora atraiu 120 mil novos apostadores com apenas um story. Ela possui contrato anual de R$ 29 milhões com a Blaze.
Neymar, por sua vez, é o rosto da Blaze. O contrato anual do jogador é estimado em R$ 100 milhões. O pai do jogador recebeu R$ 4,5 milhões apenas para intermediar um acordo entre a plataforma e o Santos.
Segundo a publicação, influenciadores como Gkay, que recebe R$ 1,4 milhão por mês; Carlinhos Maia, que recebe R$ 40 milhões por ano e Cauã Reymond, que possui contrato de R$ 22 milhões com a BateuBet, são outros famosos que recebem cachês consideráveis.
CPI das Bets
A influenciadora digital Virginia Fonseca prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no último dia 13 de maio. Durante a sessão, que apura supostos crimes relacionados às apostas online, Virginia admitiu que vídeos de ganhos em apostas são encenação.
Virginia foi questionada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e admitiu que vídeos em que aparece “jogando” foram gravadas em contas fornecidas pelas próprias plataformas, sem uso de dinheiro real.
“Eles mandam o login e a senha. É a conta pra publicidade”, afirmou. “A demo é uma conta demonstração específica para os influenciadores”, continuou.
A influenciadora, que chegou ao Senado acompanhada do então marido, o cantor Zé Felipe, explicou que sempre alertou seus seguidores sobre os riscos das apostas. Segundo ela, ao divulgar jogos, reforçava que menores de idade são proibidos nas plataformas e que pessoas com tendência ao vício não devem participar. “Eu sempre deixo claro que é um jogo, que pode ganhar e pode perder”, disse, acrescentando que segue as orientações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).
Virginia negou categoricamente que tenha recebido comissões sobre as perdas dos usuários – a chamada “cláusula da desgraça alheia”. Disse que seu contrato com a empresa Esportes da Sorte previa um valor fixo, e que só receberia 30% a mais caso dobrasse os lucros da empresa – o que, segundo ela, nunca aconteceu. “Meu contrato não tem nada de anormal. Nunca recebi um real a mais do que o valor contratado inicialmente”, afirmou. Ela disse ainda que cláusulas de desempenho semelhantes existem em outros contratos com empresas de segmentos diversos.
A CPI das Apostas, presidida por Jorge Kajuru (PSB-GO), apura suspeitas de que influenciadores digitais estariam recebendo comissões proporcionais às perdas dos apostadores que ingressam nas plataformas por meio de links patrocinados. A relatora Soraya Thronicke classificou esse modelo como “caixa da desgraça alheia” e afirmou que o tema envolve uma crise de saúde pública, com impactos na saúde mental da população e casos de famílias destruídas por vícios em jogos.
Ao final da sessão, Soraya reforçou que a intenção da CPI não é “expor ninguém”, mas sim compreender os mecanismos utilizados por empresas de apostas para atrair consumidores e avaliar a responsabilidade dos influenciadores nesse processo. Virginia agradeceu o espaço e se colocou à disposição para colaborar com a comissão.
Leia também
Na CPI das Bets, Virginia admite que vídeos de ganhos em apostas são encenação; assista