Vídeo compartilhado por comandante da PMDF diz que ‘Bolsonaro está com o Exército para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64’
19 agosto 2023 às 15h10
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Segundo informações veiculadas pelo jornal O Globo, a Procuradoria-Geral da República (PGR) mencionou em sua denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF), como base para a prisão da liderança da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), a existência de troca de mensagens, áudios e vídeos entre os indivíduos envolvidos, caracterizados por um conteúdo de natureza golpista. Esses materiais, de acordo com a PGR, foram enraizados em “teorias conspiratórias” para evitar que o presidente Lula (PT) assumisse o cargo.
A mensagem inaugural mencionada pela PGR originou-se de Klepter Gonçalves, o atual Comandante-Geral da PMDF. Ela foi dirigida por Fabio Vieira, que ocupava o cargo de Comandante-Geral da PMDF em 8 de janeiro. A comunicação ocorreu em 28 de outubro de 2022, exatamente dois dias antes do segundo turno das eleições.
“Rapaz, vocês tem que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pras rua, que ninguém vai aceitar o Lula ser… Ganhar a Presidência, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, diz a transcrição do vídeo.
Ele foi compartilhado por Fabio Vieira com o então Comandante do 1º Comando de Policiamento Regional, coronel Marcelo Casimiro Rodrigues, que era esponsável por cuidar da área da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes.
Em 1º de novembro, após a conquista de Lula na eleição, Casimiro enviou uma imagem apresentando três cenários potenciais para o processo de sucessão presidencial: “utilização do artigo 142”, “intervenção federal” ou “intervenção militar”. “Não se procede esse entendimento, mas é interessante a explicação”, disse.
No dia 2 do mesmo mês, enquanto os apoiadores do presidente Bolsonaro se reuniram em frente ao quartel do Exército em Brasília, Jorge Eduardo Barreto Naime, que na ocasião ocupava o cargo de líder do Departamento de Operações (DOP) da PMDF, comunicou a um colega policial que a PM não deveria prestar suporte às atividades do Exército. “Deixa os melancia (sic) se virar”.
O termo “Melancia” é empregado por seguidores de Bolsonaro como uma expressão pejorativa para descrever militares que, segundo eles, seriam verdes por fora, em referência à farda, mas vermelhos por dentro, em referência a uma suposta filiação a ideais de esquerda, explica a reportagem.
Em uma comunicação subsequente, o Major Flávio Alencar, que estava encarregado do comando de uma das unidades durante as operações nos edifícios dos Três Poderes, tratou das críticas feitas por políticos em relação aos protestos tumultuados durante uma cerimônia de posse do presidente Lula, realizada em dezembro de 2022. “Na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso”, sugeriu.
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