A vice-prefeita de Goiânia, Coronel Cláudia Lira, retornou à capital nesta quarta-feira, 18, depois de presenciar a retaliação iraniana com ataques de mísseis à Tel Aviv, em Israel, onde ela estava em uma visita institucional. “Em casa, enfim”, disse emocionada ao se encontrar com a família no Aeroporto Internacional de Goiânia. 

“Eu acho que todos ali sentiram medo. O que a gente procurava fazer era controlar esse medo, agir de forma racional, seguir as orientações, porque seguir essas orientações que poderia fazer diferença entre estarmos vivos ou não”, disse ela.

Cláudia compunha uma equipe de autoridades composta por prefeitos, vice-prefeitos e secretários. Eles estavam em um treinamento que discutia questões de segurança pública e planejamento, promovido pelo Centro de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Mashav) – criado para compartilhamento de tecnologias israelenses com países em desenvolvimento -, que bancou as despesas da viagem, segundo ela.

Em entrevista coletiva, Cláudia disse que foi surpreendida na madrugada de sexta-feira, 13, com os alertas emitidos pelo governo israelense para que todos se dirigissem a abrigos. Ela afirmou que se sentia segura no bunker – onde gravou vídeos explicando o funcionamento do local para as redes sociais – em que ficou, na Universidade onde estava acontecendo parte do treinamento. 

“Ele tinha mesas, cadeiras, sofás, a gente levava água, então sempre a gente levava uma mochila, onde a gente levava nossos documentos, dinheiro, água, comida, uma roupa. Porque se a gente tivesse que ficar muito tempo lá, nós tínhamos condições de permanecer ali e caso houvesse a destruição do prédio, a gente não perderia os nossos documentos”, explicou ela.

Cláudia relatou que ficava mais tensa quando os alarmes soavam, por meio de um aplicativo de celular. Segundo ela, haviam dois alertas que davam prazos para que seguissem às orientações: no primeiro, deveriam se dirigir ao abrigo mais próximo; no segundo, já deveriam estar dentro do bunker e aguardar até que fossem liberados. Durante a entrevista, como continua com o aplicativo israelense, o alarme chegou a soar, indicando um novo ataque por lá.

“Eu acredito que ninguém da equipe estava preparado para aquela situação. Foi uma situação de guerra que nós não vivemos aqui no Brasil. Apesar de eu ser policial militar, a gente enfrenta outro tipo de tensão, mas uma tensão como aquela que [pessoas] se feriram, perderam a vida através de uma explosão de um míssil, enfim, a gente não esperava isso”, afirmou.

Para ela, o momento mais crítico foi a travessia necessária para voltar ao Brasil. Quando precisaram sair de uma cidade próxima à Tel Aviv e se deslocar até a Jordânia, sentiu que estavam em “situação bastante vulnerável”. Cláudia disse que o governo israelense traçou uma operação de segurança para permitir que o grupo percorresse o trajeto, no entanto, se soasse o alarme, dificilmente a gente encontraria abrigo“.

Em outubro de 2023, o Itamaraty recomendou que brasileiros não viajassem à Israel durante o conflito. “Nós não tínhamos conhecimento dessa orientação. Não havia, para nós, eu posso falar por mim, conhecimento sobre esse alerta. A nossa comitiva, as tratativas foram todas feitas pela Embaixada de Israel aqui no Brasil, através do Ministério das Relações Exteriores também de Israel”, disse a vice-prefeita.

Sobre o treinamento, objetivo da viagem, Cláudia disse que foi interrompido e as próximas etapas podem ser retomadas de forma remota. Ela contou que aprendeu muito durante a visita e que pretende implementar em Goiânia algumas ações que viu em Israel. “Nós tivemos um contato com várias empresas que trabalham com essas tecnologias, inclusive esse aplicativo do alarme é algo muito importante, que a gente pode desenvolver para as ações emergenciais de defesa civil, aqui em Goiânia, de extrema importância”, disse. 

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