Vereadora denuncia assédio a servidoras dentro da Câmara de Goiânia
21 fevereiro 2017 às 11h55
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Dra. Cristina subiu à tribuna para relatar que homens estão aproveitando da lotação do plenário para “se esfregarem” em mulheres nos corredores
A vereadora Dra. Cristina Lopes (PSDB) subiu à tribuna na manhã desta terça-feira (21/2) para denunciar casos de assédio sexual dentro da Câmara Municipal de Goiânia.
Segundo ela, servidoras de gabinetes estão sendo constrangidas por homens que ficam nos corredores e no plenário da Casa. “Eles se posicionam de forma a formar um verdadeiro muro e falam palavras de baixo calão, cantam e se esfregam nas meninas. Isso é inadmissível”, alertou.
Desde que se iniciou os trabalhos da nova Legislatura, a Câmara tem estado especialmente cheia, inclusive nos espaços destinados a convidados dos vereadores e, também, no da imprensa. Segundo relato da vereadora, várias funcionárias começaram a reclamar sobre a dificuldade de se chegar à tribuna para entregar algum documento e também o acesso à sala vip.
“A coisa foi só piorando, até chegar em um momento que estavam sendo literalmente assediadas. Não podemos admitir. Acabaram os lugares? Tem as galerias, qualquer outro lugar, agora não dá para permitir constrangimento, homens se aproveitando da situação de lotação da Casa para assediar mulheres que tentam passar para cumprir seus trabalhos”, completou.
Ela lembrou também que, apesar do constrangimento, é importante que as vítimas de assédio denunciem o caso à mesa diretora para que as providências cabíveis sejam tomas, especialmente porque há relatos de que alguns abusos tenham sido feitos por funcionários da Câmara e dos gabinetes.
Dra. Cristina, que é uma das apenas cinco vereadoras de Goiânia, exigiu que o presidente, Andrey Azeredo (PMDB), tome providências imediatas e impeça que homens fiquem em pé nos corredores de passagem. “O plenário deve ser ocupado por vereadores, mas ao longo do tempo foi correndo frouxo até chegar a essa situação”, lembrou.
Imediatamente após a denúncia, Andrey Azeredo classificou a situação como “inaceitável” e prometeu “ação firme” contra qualquer tipo de abuso. “Sabemos do constrangimento mas precisamos de ser comunicados formalmente, pois isso é caso de polícia”, disse.
Regimento
A vereadora Priscilla Tejota (PSD) encaminhou ao presidente que coloque em funcionamento a Ouvidoria da Mulher, já prevista no regimento da Casa, mas que nunca funcionou efetivamente.
À ouvidoria compete receber, examinar e encaminhar aos órgãos competentes denúncias de violência e discriminação contra a mulher, fiscalizar e acompanhar a execução de programas do município que visam promoção da igualdade de gênero, além de promover pesquisas sobre violência e discriminação de gênero, bem como o déficit de representação da mulher na política, para fins de divulgação pública.
Regimentalmente, a ouvidoria é composta por uma vereadora Ouvidora Especial da Mulher e duas vereadoras Ouvidoras adjuntas, designadas pela presidência a cada dois anos. Segundo Prisicilla Tejota, a bancada feminina da Câmara, composta ainda pelas vereadoras Tatiana Lemos (PCdoB), Léia Klébia (PSC) e Sabrina Garcêz (PMB), deve se reunir para definir os nomes que irão compor o órgão.
“É fundamental que a ouvidoria funcione para que a mulher tenha mais liberdade para levantar esse tipo denúncia. Inclusive, pelo regimento, essa ouvidoria é aberta também à comunidade para atender vítimas de violência. Sabemos o quanto a mulher sofre na vida, no mercado de trabalho, para estudar, pegar ônibus, andar na rua, e ainda ficar sofrendo assédio dentro de uma Casa que está aqui para protegê-la, é inadmissível”, ponderou.
Veja abaixo a denúncia, gravada pela repórter do Jornal Opção Larissa Quixabeira: