Venda de emendas por parlamentares do PL envolvia uso de armas para intimidar gestores, diz PF

10 fevereiro 2025 às 10h41

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A Polícia Federal (PF) identificou um esquema de venda de emendas parlamentares envolvendo três deputados federais do PL. Segundo um relatório da corporação, a quadrilha tinha uma estrutura organizada, com divisão de tarefas e uso de armas para ameaçar gestores municipais. Os envolvidos exigiam de prefeitos a devolução de recursos obtidos por meio de emendas parlamentares.
De acordo com o documento, os parlamentares Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), juntamente com lobistas e um agiota, exigiam a devolução de 25% dos valores de emendas destinadas à saúde na cidade de São José de Ribamar (MA).
O esquema foi denunciado em 2020 por Eudes Sampaio, então prefeito de São José de Ribamar, que afirmou ter se recusado a realizar os pagamentos indevidos. Segundo ele, o grupo o extorquiu e ameaçou seus familiares.
A investigação da PF apontou que o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, emprestava dinheiro aos parlamentares envolvidos, que, por sua vez, garantiam a devolução dos valores através do desvio de recursos de emendas destinadas a municípios maranhenses.
Conforme a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo teria solicitado R$ 1,66 milhão em propina ao então prefeito Eudes Sampaio em troca do envio de uma emenda de quase R$ 7 milhões para a cidade. A PF obteve provas das tratativas por meio da interceptação de mensagens durante a investigação.
A apuração segue em andamento para identificar outros envolvidos e detalhar a atuação da quadrilha. A denúncia será julgada no próximo dia 25 de fevereiro pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. O relator do caso é o ministro Cristiano Zanin.
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