Veja print que mostra suposta ordem de Bolsonaro para envio de fake news sobre golpe
22 agosto 2023 às 15h04
COMPARTILHAR
A investigação que se concentrava na alegada promoção de um golpe de Estado por parte de alguns dos empresários mais conhecidos do país acabou por revelar um suposto exemplo da participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disseminação de fake news e ataques às instituições.
Os eventos investigativos tiveram início em 2022, após o portal Metrópoles expor diálogos favoráveis a um golpe em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, presentes num grupo frequentado por empresários notáveis. A pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foram autorizadas buscas e apreensões de dispositivos eletrônicos e outros objetos de oito desses empresários.
Na segunda-feira, 21, o ministro decidiu manter a investigação em relação a dois desses empresários: Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, da Havan. As acusações contra os outros seis indivíduos foram arquivadas. O ministro concluiu que, embora eles tenham consumido e compartilhado desinformação, o fizeram dentro dos limites da liberdade de expressão.
Nigri
No caso de Nigri, a investigação continuará pelo menos pelos próximos 60 dias. A Polícia Federal (PF) menciona a proximidade entre o empresário e Bolsonaro, suspeitando que Meyer atuava como um intermediário para disseminar ataques às instituições em seus círculos.
Uma mensagem específica é citada pela Polícia Federal. Trata-se da comunicação com o contato “PR Bolsonaro 8”, supostamente pertencente a um dos números do ex-presidente, como registrado na decisão do STF. A mensagem foi encontrada no celular de Meyer Nigri e contém não apenas ataques a membros do Supremo, mas também notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, pesquisas eleitorais e, por fim, a instrução: “Repasse ao máximo”, enfatizada em letras maiúsculas.
Além disso, a mensagem menciona uma suposta fraude, sem qualquer base de suspeita concreta, e critica um instituto de pesquisa, alegando que manipulava os números a favor de Lula, que foi o vencedor das eleições, como é de conhecimento público.
No texto atribuído a Bolsonaro, o ex-presidente critica a postura do ministro Luís Roberto Barroso ao defender o processo eleitoral como seguro e confiável e considera a defesa do voto eletrônico como uma “interferência”.
Após a suposta ordem para disseminar notícias falsas e atacar Barroso e outros ministros do STF e do TSE sem serem nomeados, Bolsonaro recebe uma resposta de Nigri. Ele afirma: “Já compartilhei com diversos grupos!”. Ao se despedir do então ex-presidente, o empresário envia “abraços de Veneza”.
Leia também: