O cantor e compositor Gusttavo Lima, 35, negou envolvimento em atividades ilícitas e relação íntima com outros acusados de um suposto esquema de lavagem de dinheiro durante depoimento à Polícia Civil de Pernambuco. A investigação, batizada como Operação Integration, resultou na prisão de 22 pessoas, incluindo a influenciadora Deolane Bezerra e empresários ligados a casas de apostas. Segundo a polícia, o esquema teria movimentado bilhões de reais oriundos de atividades ilegais, como o jogo do bicho.

O depoimento, obtido pelo Diário de Pernambuco, apresenta a versão de Gusttavo Lima sobre o contrato de propaganda com a casa de apostas Vai de Bet, a venda de aeronaves e suas relações com os empresários investigados. O cantor respondeu a 11 perguntas por meio de carta precatória, em 11 de setembro, e é investigado pela suspeita de ocultação de bens ilícitos e foi incluído entre os suspeitos de integrar a organização criminosa.

Relação com investigados

Gusttavo Lima afirmou que conheceu José André da Rocha Neto, dono da Vai de Bet, em junho de 2022, após um show em Campina Grande, na Paraíba. Segundo o cantor, o contrato de uso de sua imagem e voz foi firmado três dias depois, de maneira formal, com emissão de notas fiscais. Ele destacou que não havia qualquer investigação policial contra a empresa no momento da assinatura do acordo e que os valores pagos estavam “dentro da formalidade”, negando dissimulação ou ocultação de dinheiro.

A investigação revelou que o cantor adquiriu 25% de participação na Vai de Bet em julho de 2024, e, pouco antes da deflagração da Operação Integration, o cantor teria convidado os donos da empresa para comemorar seu aniversário em um iate na Grécia. No entanto, Gusttavo Lima afirmou à polícia que mantém apenas uma “relação profissional” com o casal, negando intimidade. O contrato de propaganda com a Vai de Bet foi suspenso após o início das investigações, e o cantor disse que aguarda comprovações de que a empresa não cometeu irregularidades para retomar a parceria.

Venda de aeronave

Outro ponto central da investigação envolve a venda de aeronaves. A Balada Eventos, empresa administrada por Gusttavo Lima, possui aviões e helicópteros para o transporte de sua equipe. Um dos negócios suspeitos envolve a venda de um jatinho Cessna Citation Excel 560XLS, que foi negociado com a empresa Esportes da Sorte, em maio de 2023, por U$ 6 milhões. Gusttavo Lima relatou que o pagamento foi feito em duas parcelas, mas o contrato foi cancelado devido a um problema técnico na aeronave. Os valores pagos foram devolvidos à empresa.

Ainda de acordo com a investigação, o mesmo jatinho foi novamente vendido em fevereiro de 2024 para o grupo Vai de Bet, mas a propriedade do avião permaneceu registrada na Balada Eventos. Gusttavo Lima justificou que a transferência só seria feita após a quitação dos pagamentos, e que o uso da aeronave pelos empresários da Vai de Bet foi permitido devido a problemas técnicos no primeiro jatinho vendido.

Pedido de prisão preventiva

No dia 23 de setembro, a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima, afirmando haver indícios suficientes para ligá-lo ao esquema de ocultação de bens ilícitos. Contudo, a decisão foi derrubada no dia seguinte pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal, que não considerou justificativa suficiente para a prisão.

A investigação segue em andamento, com o bloqueio de R$ 20 milhões das contas da Balada Eventos e de R$ 2 milhões das contas pessoais de Gusttavo Lima. O cantor mantém sua alegação de que todos os bens e recursos adquiridos são provenientes de sua atividade empresarial e de shows realizados ao longo de sua carreira.

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