“Vaza” áudio em que Temer antecipa votação do impeachment e já discursa como presidente
11 abril 2016 às 18h15
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Mensagem enviada “acidentalmente” a aliados mostra vice-presidente fazendo pronunciamento à nação após aprovação de processo contra Dilma
A Folha de S. Paulo divulgou, na tarde desta segunda-feira (11/4), um áudio do vice-presidente Michel Temer (PMDB) fazendo seu “pronunciamento oficial” para uma eventual aprovação na Câmara Federal do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Embora a votação só deve acontecer no domingo (17/4), o peemedebista já ensaia o discurso e enviou o áudio em um grupo de Whatsapp com colegas peemedebistas, informa a reportagem.
O vice-presidente afirma que decidiu falar só agora, “quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente”. Afastado da presidência do PMDB, ele explica, ainda, que (ironicamente) esteve “recolhido há mais de um mês para não aparentar que estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente”.
O discurso estaria sendo feito, segundo ele, porque “muitos” o procuraram para dar “pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira”. “Faço com muita modéstia, cautela, moderação mas também em face da minha condição de vice-presidente e também como substituto constitucional da senhora presidente da República”, completa.
No áudio, de quase 15 minutos, o “recém-empossado presidente interino” afirma que é preciso uma “pacificação e reunião do País”. “Devo dizer que, aconteça o que acontecer, é preciso de um governo de salvação nacional e união nacional. É preciso que todos os partidos deem sua colaboração para tirar o País da crise”, discursa.
Prioridades
Michel Temer declara, por várias, vezes que prestigiará e buscará na iniciativa privada a saída para a crise econômica do País. “Os setores produtivos é que vão fazer a prosperidade do Estado brasileiro”, argumenta.
O vice rebate, também, as acusações de alguns parlamentares de esquerda que sugerem que um eventual novo governo iria acabar com os programas sociais. “Nós não iremos acabar com Bolsa Família, Pronatec, Fiesp… Isso é falso, mentiroso e fruto da política mais rasteira que tomou o País. Vamos mantê-los e revalorizá-los”, assegura.
Ao final, ele fala que “sacrifícios iniciais” terão que ser feitos pelo povo brasileiro. e diz que, “se houver mudança no governo”, a recuperação não virá em “três, quatro meses”.
A assessoria de Temer confirmou à Folha a veracidade do áudio e explicou que o vice o enviou “por acidente” aos aliados: “Trata-se de um exercício que o vice estava fazendo em seu celular e que foi enviado acidentalmente para a bancada”.