Vaticano recebe MST e movimentos sociais em encontro histórico com Papa Leão 14
20 outubro 2025 às 18h57
COMPARTILHAR
Pela primeira vez, o Papa Leão 14 se reunirá com representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de mais 130 organizações sociais durante o “V Encontro Mundial de Movimentos Populares”, marcado para o dia 23 no Vaticano.
A iniciativa dá continuidade ao diálogo iniciado por Papa Francisco em 2014, fortalecendo o compromisso da Igreja com causas sociais e a promoção de justiça e solidariedade. Nos dias 25 e 26, o Vaticano também sediará o “Jubileu dos Movimentos Populares”, com uma missa especial na Praça de São Pedro.
O evento abordará temas cruciais como acesso à terra, moradia digna, trabalho, migrações, conflitos armados e preservação ambiental. O padre Mattia Ferrari, coordenador do encontro, destacou que o objetivo é reafirmar o papel da Igreja na construção de um mundo mais justo.
Representando o Brasil, Ayala Ferreira, dirigente do MST, espera que o encontro seja marcado por fraternidade e compromissos concretos diante do agravamento das desigualdades sociais.
Em 2024, durante o evento “Arena da Paz”, o Papa Francisco já havia demonstrado apoio ao movimento ao abençoar a bandeira do MST. Na ocasião, João Pedro Stedile citou Dom Pedro Casaldáliga em seu discurso: “Malditas sejam todas as cercas; malditas todas as propriedades privadas que nos impedem de viver e amar.”
Papa Leão 14
Segundo informações divulgadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Papa Leão 14 realizará seu primeiro encontro com movimentos populares de todo o mundo na próxima semana, em Roma. A ocasião marca o V Encontro Mundial de Movimentos Populares (EMMP), dando continuidade ao legado iniciado pelo Papa Francisco em 2014.
O evento reunirá cerca de 130 representantes de entidades sociais e reafirma o compromisso da Igreja com a construção de um mundo mais justo, solidário e fraterno. “Constituindo a esperança de outro mundo possível, fundado não no individualismo e sim na justiça, na solidariedade e na fraternidade”, declarou o Padre Mattia Ferrari, coordenador do encontro.
Entre os temas centrais estão o direito à terra, teto e trabalho, além de debates sobre guerras, crise de representação política, migração e meio ambiente. Representações de todos os continentes foram convocadas.
A programação inclui:
– 21 a 24 de outubro: atividades no Spin Time Labs, em Roma
– 23 de outubro às 16h: audiência com o Papa Leão XIV no Vaticano
– 25 e 26 de outubro: Jubileu dos Movimentos Populares, com missa na Praça de São Pedro
A organização é conduzida pelo Comitê Organizador dos Movimentos Populares, com apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (DISSUI), Vicariato de Roma, Pólo Cívico Esquilino e comunidade do Spin Time Labs.
Papa Francisco
O MST relembra que, em 2024, participou do evento Arena da Paz no Vaticano, onde o Papa Francisco abençoou a bandeira do Movimento. Na ocasião, João Pedro Stedile discursou em nome dos Sem Terra, citando Dom Pedro Casaldáliga:
“Malditas sejam todas as cercas; malditas todas as propriedades privadas que nos impedem de viver e amar.”
Em 2020, o Papa Francisco também reconheceu os esforços dos movimentos sociais, como o MST, enviando uma carta que os descrevia como “um verdadeiro exército invisível” na luta contra a pandemia. Durante esse período, o MST distribuiu mais de 10 mil toneladas de alimentos a famílias vulneráveis.
Agora, com o Papa Leão XIV, a Igreja reafirma sua aliança com os movimentos populares. Ayala Ferreira, da direção nacional do setor de Direitos Humanos do MST, estará presente no encontro e destaca a importância de compromissos concretos diante das crises globais.
Ela ressalta que os encontros anteriores permitiram à Igreja elaborar diretrizes baseadas nas experiências dos movimentos, como a síntese dos “três T’s”: terra, teto e trabalho. Também reforça a urgência de repensar o modelo de consumo e desenvolvimento capitalista, em defesa da Casa Comum e da dignidade de todos os seres vivos.
Leia também:
Novo adiamento da LDO de 2026 expõe fragilidade política do governo Lula
Lula deseduca a sociedade e reforça um caminho institucionalmente perigoso
