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Caso aconteceu na UFJ, universidade ligada à UFG. Estudante relata críticas e provocações por estar com roupas e acessórios característicos do candomblé  

Foto: reprodução

Um caso de racismo envolvendo a Universidade Federal de Jataí (UFJ) ganhou repercussão nas redes sociais após o relato de uma aluna que teria sofrido ofensas e intimidações proferidas pelo próprio professor. Toda a situação ocorreu, porque a aluna estaria usando roupas características de sua religião: o candomblé.

O caso veio a público após grupos estudantis presentes na UFJ elaborarem uma nota de repúdio contra a ação do professor. Ao Portal Panorama a garota contou detalhes do ocorrido, mas não quis ser identificada.

A estudante relata que ainda estava nas primeiras semanas do semestre, quando ainda em período de iniciação do candomblé, precisou ir com roupas e acessórios específicos da religião.

“Eu já estava indo com roupas tentando ser mais discreta, pra não chamar tanta atenção, por conta que eu já estava de torso. O torso é um pano que a gente põe na cabeça, como se fosse um turbante”, relatou.

Entretanto, ao entrar na sala, o professor teria iniciado uma série de provocações. “Ele disse: ‘Eu não sabia que ia ter alguma apresentação aqui para você estar vestida com essa roupa, que apresentação você fará para nós hoje?’”, contou a estudante.

“Roupas inadequadas”

Após as primeiras provocações, a estudante relata que tentou explicar o contexto que estava inserida, mas foi interrompida pelo professor, que argumentou que a roupa era inadequada para o tipo de aula que ele ministra, já que parte seria prática. Entretanto a estudante afirma que em momento algum houve orientações de quais seriam as possíveis roupas adequadas.

“Ele ainda estava dando aula teórica, só ia começar a ministrar aula prática após três semanas, quando o meu preceito já teria acabado. Eu o avisei, e mesmo assim ele disse que era inadequado para o tipo de aula que ele daria”.

Ainda conforme o relato da estudante, o professor já a tinha visto em outras ocasiões com roupas similares, portanto, não houve surpresa para ele.

“A minha reação quando aconteceu tudo foi sair da sala chorando. Porque um dos preceitos que a gente passa nesses três meses é que a gente não pode discutir, e se alterar. Então quando ele falou eu não debati, não reagi, eu tentei explicar o que era o candomblé e porque eu estava com aquela roupa”, desabafa a discente.

O que diz a  UFJ

“A Gestão da universidade teve acesso a informação pela publicação do fato nas redes sociais. A denúncia será investigada e os procedimentos a serem adotados seguirão o que estabelece o Estatuto e Regimento Geral da UFG. A universidade esclarece que tem adotado medidas para prevenir quaisquer formas de preconceito. A Direção”