A Fifa surpreendeu o mundo na quarta-feira, 4, com a mais nova de suas loucuras: o anúncio de que a Copa do Mundo de 1930, a comemorativa de 100 anos do torneio, será realizada em seis países, que estão em três continentes.

São eles: Uruguai, Argentina, Paraguai, Portugal, Espanha e Marrocos. Sendo assim, haverá jogos na América do Sul, na Europa e no norte da África.

Por enquanto, está decidido que a abertura do Mundial será no Uruguai, justamente em homenagem ao primeiro torneio de 1930, que foi realizado no país, um jogo na Argentina e outro no Paraguai. O restante das partidas serão em Portugal, Espanha e Marrocos.

Não se sabe ao certo ainda como será, mas tudo indica que os jogos na América do Sul serão dos países-sedes contra seus adversários de grupo. É importante ressaltar que, a partir de 2026, o formato da Copa do Mundo terá 48 times, divididos em 12 grupos de quatro cada. Já a final deverá ser realizada na Europa, mas também sem uma definição sem em Portugal ou Espanha.

Decisão política

Trata-se essencialmente de uma decisão de natureza política. Haviam duas propostas concorrentes para sediar a Copa do Mundo de 2030: uma proveniente da América do Sul, inicialmente liderada pelo Uruguai e Argentina, e posteriormente reforçada pelo Paraguai e Chile; e outra da Europa, composta por Portugal e Espanha, que mais tarde teve a adesão de Marrocos. A determinação do local ocorreria por meio do voto das 211 associações nacionais de futebol que compõem a Fifa.

Embora a tradição e a história indicassem a continuidade da Copa de 2030 no mesmo local da primeira edição em 1930, é seguro afirmar que a candidatura conjunta de Espanha, Portugal e Marrocos era a favorita. Essa apresentava maior poder econômico, um clima mais atraente durante a época da Copa (junho/julho) e mais estádios em condições adequadas. Além disso, a Copa de 2026 já teria sido realizada na América do Norte, com fusos horários bastante semelhantes aos da América do Sul.

A solução encontrada, mais uma vez, meramente política, procurou atender ambas as candidaturas. É aquela história de querer agradar a todos. Em uma disputa direta, a América do Sul provavelmente sairia derrotada, o que poderia acarretar acusações de desrespeito às tradições da Fifa, semelhantes às ocorridas quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheu Atlanta, em vez de Atenas, para sediar os Jogos Olímpicos de 1996.

O arranjo atual, aquele para não se comprometer com ninguém, contempla a América do Sul, que terá três jogos importantes em vez de nenhum; a Europa, que ficará com a maior parte do torneio, inclusive a final; e a África, que volta a receber jogos da Copa do Mundo pela primeira vez desde 2010.

Por serem países-sede, Uruguai, Argentina, Paraguai, Espanha, Portugal e Marrocos já estão na Copa de 2030. Lembra do Chile? Que estava na candidatura original? Ficou de fora e perdeu a chance de ser sede depois de 1962, quando foi anfitrião do torneio. De quebra, não tem assegurada sua participação, seleção que não joga uma copa desde 2014.

A presença certa dessas seleções no Mundial mexeu ainda com as eliminatórias. Na América do Sul, por exemplo, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela vão disputar três vagas diretas, além de uma repescagem contra uma seleção que será conhecida posteriormente. Fato é que a Fifa não se cansa de suas loucuras, e atrair incentivos de fato para o torneio, nada.

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