‘Todos os Sonhos do Mundo’: curta goiano sobre educação é premiado na Itália

07 julho 2025 às 11h31

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Produzido com celulares, o curta-metragem goiano “Todos os Sonhos do Mundo” foi premiado na 22ª edição do festival italiano Filmare la Storia. Oito estudantes do 3º ano do ensino médio registraram a rotina com os próprios celular, apresentando problemas e sonhos desta fase e idade. Dentre eles, quatro são de uma escola pública e quatro de uma escola particular de Aparecida de Goiânia – Colégio Estadual Professor José Lopes e Colégio Delos.
Ao Jornal Opção, o diretor do filme, Victor Vinícius, disse que o prêmio foi significativo porque as angústias dos jovens nessa faixa etária são parecidas. “Mostra que essa é uma realidade de jovens, não só do Brasil, não só de Aparecida de Goiânia, de Goiás, é do mundo inteiro, […] Essa questão dos sonhos: será que eu vou conseguir realizar? Ou que eu vou ter que mudar a rota? Essa vontade de sonhar e de querer o mundo, eu acho que é inerente à juventude”.
O filme nasceu do desejo de discutir a educação no Brasil, já que a mãe do diretor é professora e ele cresceu escutando as dificuldades e prazeres da sala de aula. O curta foi produzido pela Estoriatos Entretenimento.
Diferentes realidades
Os alunos foram selecionados por seus sonhos. Depois que a proposta foi apresentada para diretores e professores nas escolas escolhidas, os alunos responderam a um questionário sobre seus sonhos e o valor da educação, e oito adolescentes foram selecionados para o filme. O diretor do filme, Victor Vinícius, disse que escolheu adolescentes de escola pública e particular para “conhecer a realidade dos dois mundos”.
Os adolescentes que se gravavam. Segundo Victor, decidiu entregar a filmagem para os alunos para que houvesse menos interferência externa (por exemplo, de uma equipe de gravação) no cotidiano deles. “Para eles conseguirem registrar de forma mais original, de forma mais real como que era o dia a dia deles, como eles agiam entre si e na escola. Acho que isso funcionou. As imagens que a gente tem são bem verdadeiras, até meio cruas, sem muitos filtros, sem muitas travas”, disse.
A proposta foi cumprida. Segundo Sara Dheyne, então estudante de escola pública e uma das personagens do filme, foi possível mostrar momentos “bons e ruins”. “O que eu mais gostei foi poder mostrar como eu realmente sou. Esse projeto me ensinou a viver o agora e guardar as lembranças com carinho”, disse. Já Verônica dos Santos, aluna da escola particular, encontrou no projeto uma forma de se expressar: “Eu sou muito tímida. Falar na frente da câmera foi difícil, mas me ajudou a me expressar”, contou.

“Os meninos da escola particular estão preocupados com notas, o cansaço e a dificuldade deles é em outro sentido, de estudar demais porque a escola tem aula de manhã e à tarde, maior quantidade de provas e conteúdo, já que cada matéria tem três professores. Já os meninos da escola pública estão em outro lugar… tem gente que estuda e trabalha. Uma menina no filme fala: ‘é muito mais importante para mim colocar comida na mesa do que aprender uma fórmula de Bhaskara’. Então, eu acho que o filme toca muito nessa ferida também”, disse Victor.
Mesmo com as diferentes realidades, o diretor defende que, independentemente das questões sociais e financeiras, todos os jovens passam por angústias nessa fase. “Apesar dessas discrepâncias, a juventude de modo geral passa por esses momentos de angústia, por esses medos. Todos têm sonhos e desejos para as vidas deles”, afirmou.
Todos os Sonhos do Mundo é um filme realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo do Governo Federal, operacionalizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura.
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