O Supremo Tribunal Federal (STF) montou um esquema especial de segurança para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus acusados de participação na chamada “trama golpista”. A sessão de abertura está marcada para o próximo dia 2 de setembro, e a expectativa é de que o resultado seja conhecido no dia 12.

Entre as medidas adotadas, estão varreduras nas casas dos ministros, restrição ao acesso à Praça dos Três Poderes e reforço do policiamento na sede da Corte, onde foi improvisado um dormitório para cerca de 30 policiais requisitados de outros tribunais. Eles dormirão em beliches dentro do STF e permanecerão de prontidão 24 horas por dia, com permanência mínima prevista de dois meses.

O plano de segurança, em fase final de elaboração em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, também inclui grades de proteção em torno do prédio do tribunal, recolocadas após a explosão promovida por Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, em novembro do ano passado. O episódio levou a equipe de segurança a adotar o termo “ratos solitários” para se referir a indivíduos isolados que possam agir contra o tribunal, evitando a expressão “lobos solitários”, considerada enaltecedora.

Integrantes do Supremo avaliam que os riscos de ataques aumentam por dois fatores: a proximidade das comemorações do 7 de Setembro, que cai no intervalo das sessões, e a possibilidade de condenação de Bolsonaro, o que deve intensificar a tensão política. Além disso, a posse do ministro Edson Fachin como presidente da Corte, em 29 de setembro, pode coincidir com a pressão contra o tribunal.

Outro ponto monitorado é a possibilidade de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar, comparecer presencialmente a algumas sessões. O ex-presidente já teria manifestado a aliados a vontade de encarar os ministros frente a frente, embora ainda avalie se o gesto traria ganhos políticos.

Sessões definidas

O presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, agendou cinco sessões para o julgamento: 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. O reforço de segurança busca prevenir novos ataques e garantir a tranquilidade das sessões em um dos julgamentos mais sensíveis e aguardados da história recente do país.

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