COMPARTILHAR

Por mais de um ano, um crime hediondo envolvendo uma criança de 13 anos foi praticado por um deputado federal, mas só agora parlamentares do Congresso Nacional decidiram debater o combate à pedofilia nas redes sociais — sem, no entanto, discutir o caso específico nem os envolvidos. A repercussão do vídeo de “adultização” do influenciador Felipe Bressanim, o Felca, com mais de 36 milhões de visualizações, serviu como gatilho para a pauta, mas também como oportunidade para lideranças partidárias e Mesas Diretoras “virarem a página” sobre a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Enquanto isso, outro crime supostamente acontecia por um semestre no Plenário e nas Comissões da Casa legislativa, a impunidade do ex-candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia e deputado federal Professor Alcides, perante o aliciamento de menores em sua casa enquanto era, e ainda atua, como representante do povo goiano.  

Assim como a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, que contou com parlamentares que articulam apoio para a regularização da ferramenta que destrói milhares de vidas, a vista grossa sobre Alcides lança mais um olhar da fragilidade e desonestidade que percorre o Congresso Nacional. 

Dessa vez, o combate à pedofilia nas redes sociais — causa nobre que merece a devida atenção do Parlamento — vem como assunto “urgente”, mas se esquecem de olhar para aqueles que possuem ligação com o crime. Enquanto isso, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar mira em mandatos de parlamentares da esquerda, como André Janones (Avante) e Glauber Braga (PSOL), e bolsonaristas que abstruíram o Plenário, ao passo que o colegiado é usado para instrumentalizar a opressão interna não de deputados que cruzam a linha do certo para o errado, mas de “dissidentes” do status-quo político. 

Enquanto isso, parlamentares, como Silvye Alves (UB-GO) propõe medidas que prometem Justiça, mas recusam olhar para o problema que consegue enxergar claramente com seus olhos. Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fala sobre a urgência do tema, enquanto a bancada do PL fala em obstrução de qualquer pauta que não seja de interesse do Bolsonaro.

Durante todo o caso, apenas uma deputada, entre 513 parlamentares, se pronunciou acerca do crime que acompanha a sessão diariamente, enquanto colegas da legenda bolsonaristas manifestaram apoio a um homem que aliciava uma criança de 13 anos. 

Leia também: “Proteção das crianças exige coragem e verdade”, após prisão de assessores de Professor Alcides

Professor Alcides é investigado por pagar três pessoas para roubar celular de adolescente com quem se relacionava

Fonte: Redes sociais