Segurança de Gusttavo Lima investigado por envolvimento com o PCC gravava com Da Cunha
18 dezembro 2024 às 20h30
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O investigador da Polícia Civil e segurança de Gusttavo Lima, Rogério Almeida Felício, o Rogerinho, acusado de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), gravava vídeos para o YouTube com o deputado federal e ex-delegado Carlos Alberto da Cunha. Da Cunha é réu por abuso de autoridade e constrangimento ilegal durante operação policial e também responde por violência doméstica.
Rogerinho, assim como Da Cunha, era conhecido nas redes sociais. No Instagram, o investigador tinha cerca de 70 mil seguidores e, mesmo recebendo cerca de R$ 7 mil da corporação, ostentava uma vida de luxo.
O investigador participou de gravações com Da Cunha enquanto atuava na Equipe de Intervenções Estratégicas da 8ª Seccional. A maioria dos vídeos foi deletada da plataforma.
Em 2022, Da Cunha afirmou, em entrevista a um podcast, que Rogerinho era seu amigo e que no dia anterior eles haviam tomado refrigerante com esfirra. “O Rogério é meu amigo de uma vida toda. O Rogério é de Santos, é criado e tal […] Ontem, eu estava com o Rogério do lado da Delegacia-Geral tomando Coca-Cola e comendo esfirra. Já está tudo certo. Já mandei um abraço para o Renato, para o doutor Denis. ‘Ah, eles brigaram com você’. Brigaram, imagina a pressão que eles estavam tomando lá dentro. Eu mandando rojão e eles lá dentro aguentando”, disse.
“Quando eu saí, o doutor Denis, o Renato e o Rogério foram perseguidos. Se eles falassem meu nome ou falassem que gostassem de mim, eles iam ser moídos. Até o doutor Rui [Ferraz Fontes] sair do poder”, continuou.
Da Cunha foi afastado da Polícia Civil após suspeitas de que ele teria obrigado a vítima de um sequestro a voltar ao cativeiro nos braços de um sequestrado, para gravar conteúdo para seu canal no YouTube. Ele se tornou réu por constrangimento ilegal.
Operação
O policial civil e segurança do cantor Gusttavo Lima, Rogério de Almeida Felício, mais conhecido como Rogerinho, é procurado pela Polícia Federal (PC) suspeito de ter ligação com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O agente, que faz parte da Polícia Civil de São Paulo (PC-SP), integra a lista de alvos da PF, que deflagrou nesta terça-feira, 17, operação com o objetivo de combater uma organização criminosa estabelecida na corporação paulista.
O delegado Fábio Baena Martin e policiais civis acabaram sendo presos suspeitos de participar do esquema, que movimentou mais de R$ 100 milhões desde 2018. A ação é acompanhada pela Corregedoria da PC-SP, além do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ao todo, são cumpridos oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão no Estado.
Rogerinho foi um dos citados na delação do empresário Vinícius Gritzbach, executado com dez tiros na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no mês passado. Segundo a delação, o policial é suspeito de ter ficado com um relógio do delator do PCC. Gritzbach tinha prints das redes sociais onde agente ostentava o relógio, supostamente fruto de negociações ilegais entre os dois.
Com salário de pouco mais de R$ 7 mil na PC, ele é apontado pelos investigadores como sócio de uma clínica de estética, de uma empresa de segurança privada e de uma construtora em São Paulo. Nesta manhã, a PF fez buscas nos endereços ligados ao policial civil, mas não o encontrou.
Segundo as investigações, o esquema criminoso envolveria manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a criminosos e corrupção para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.
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