Para Agenor Mariano, donos de mais de 110 mil terrenos desocupados não podem ser considerados “maléficos” para a cidade, pois é preciso garantir direito de investir

Agenor Mariano discursa durante abertura da audiência pública | Foto: Alexandre Parrode

Secretário de Planejamento Urbano e Habitação de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB) deu uma explicação inusitada para o problema dos vazios urbanos da capital. Segundo ele, boa parte dos mais de 110 mil lotes não ocupados pela cidade não seriam fruto da especulação imobiliária, mas, na verdade, “poupanças” familiares.

“Quantos desse total estão à venda? Não sei o seu pai, mas muitos pais conversam comigo e dizem o seguinte: a forma que encontraram de fazer uma poupança para pagar a faculdade dos filho é comprar um lote. Então, toda vez que nasce um filho, eles compram um lote e põem no nome dele. Se você me disser que não pode fazer isso, você está tirando a oportunidade dele, querendo entrar na regulação econômica. Dizer que não se pode investir, não pode ter um imóvel?”, argumentou.

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Em entrevista ao Jornal Opção na manhã desta segunda-feira (13/11), durante a primeira rodada de audiências públicas para apresentação do novo Plano Diretor de Goiânia, o titular da Seplanh defendeu que se há novos empreendimentos sendo lançados é porque há demanda, e isso é um movimento regulado pelo próprio mercado.

“Se os 110 mil lotes estivessem à venda e se a população tivesse condição de comprá-los, não estariam aí. Os novos loteamentos que são lançados, não venderia nenhum, porque se tem oferta, porque alguém vai lançar mais? Se não tiver demanda, não adianta ter 110 mil lotes. Se estão lançando novos loteamentos é porque tem demanda”, completou.

No entanto, a possibilidade de uma nova expansão urbana de Goiânia foi rechaçada pela gestão do prefeito Iris Rezende (PMDB). O que deve ser feito são redesenhos pontuais, em cerca de cinco pontos, onde já há ocupação. A proposta será apresentada nesta terça (14), no segundo dia de discussões.

Por outro lado, Agenor Mariano alerta que os grupos de estudo detectaram que o Plano Diretor de 2007 foi bem restritivo com relação ao aumento do perímetro urbano da capital, mas isso não impediu a criação de condomínios e loteamentos em áreas consideradas rurais. “Nas saídas de Goiânia, como Inhumas, Goianira, Trindade e Abadia de Goiás, construíram verdadeiras cidades nas divisas. Agora são pessoas que moram nesses municípios, mas sequer um dia foram ao Centro deles, porque toda sua vida está pautada em Goiânia. Adiantou proibir?”, questionou.

Segundo ele, a proposta era sim boa. Impedia um maior espraiamento da capital, que acarreta na necessidade de inúmeros investimentos, como Saúde e transporte, por exemplo, mas não funcionou, pois quem “dá as regras” é o mercado. “Não tem como dizer, por exemplo, a cidade chegou a 1,5 milhão de habitantes e esse é o ideal, a partir de hoje ninguém mais pode morar mais. Vamos colocar num ônibus e mandar de volta? Fechar os portões? Isso não existe, é inconstitucional”, completou.

Superar tais desafios é um dos objetivos das audiências públicas que a Prefeitura de Goiânia desenvolverá até o final do ano — quando o projeto será encaminhado para a Câmara Municipal de Goiânia. “Queremos o melhor plano possível para a cidade. Não é o que você acha que é certo, é o que a maioria da cidade acha. A resposta está na conciliação entre a academia, os leigos e poder público”, arrematou.