Secretário de Saúde confirma fechamento do Wassily Chuc
19 junho 2015 às 19h42

COMPARTILHAR
SMS espera apenas a manifestação do Estado sobre como será reorganizada a entrada de pacientes do interior na capital; os de Goiânia devem ser atendidos somente nos Caps

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o secretário Fernando Machado aguarda apenas a manifestação do Estado de Goiás para ordenar o fechamento do Hospital Psiquiátrico Wassily Chuc. A espera se justifica pelo fato de que a unidade recebe muitos pacientes do interior. Um planejamento da SMS garante que os pacientes da capital conseguirão ser plenamente atendidos nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
[relacionadas artigos=”35362″]
A proposta da SMS é de que o Estado crie uma Rede de Atenção Psicossocial (Raps), para organizar a entrada de pacientes de outras cidades nas unidades da saúde mental em Goiânia. O fechamento já está definido, mesmo que a Secretaria Estadual e dos demais municípios não se manifestem.
Sobre a possibilidade de reforma da unidade, a SMS explicou que o prédio em que a unidade funciona é alugado, o que não permitiria uma intervenção. Fernando destacou ainda que o próprio Ministério da Saúde se opõe a uma unidade nos moldes do Wassily Chuc, que funciona como pronto-socorro, posição que impede a construção de uma nova sede.
Para resolver o caso dos pacientes atendidos no pronto-socorro, os Caps do Noroeste e do Novo Mundo passarão a funcionar 24 horas por dia e serão reestruturados para assistir o paciente até que seu estado de saúde fique estabilizado. Os trabalhadores do Wassily Chuc serão transferidos para outras unidades.
O Wassily Chuc vem sendo alvo de polêmica há alguns meses, desde que funcionários da unidade denunciaram as péssimas condições do local. Na manhã desta sexta-feira (19), a Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO) realizou uma vistoria na unidade para verificar seu estado.
De acordo com a presidente da comissão, Mônica Araújo, apesar das irregularidades constatadas, não há como fechar o hospital. Isto porque diversas famílias dependem do Wassily Chuc, a única unidade do SUS que atende pacientes em surto 24 horas por dia. O hospital é a porta de entrada para internações na rede conveniada.
Entenda o caso
Apesar da sua importância para a Saúde Mental da capital, o Wassily Chuc enfrenta sérios problemas de estrutura, organização e acomodação dos pacientes. O responsável pela denúncia da situação da unidade foi o diretor do Sindisaúde, Astrogildo Naves. Astrogildo, psiquiatra que trabalha na unidade, aponta vários problemas.
A estrutura física está deteriorada, com fiação exposta apresentando risco de incêndio, além de paredes mofadas e com rachaduras. Os prontuários dos pacientes estão espalhados pelo chão de algumas salas, sem organização e locais adequados de armazenamento. Outra reclamação dos trabalhadores da unidade é a de que faltam medicamentos constantemente.
Uma denúncia séria se refere ao tratamento dos pacientes no local, que ficariam presos durante a maior parte do dia e tomam banho de sol apenas uma vez por dia. Astrogildo destaca ainda um dos maiores problemas do Wassily Chuk: não há atividades que trabalhem a ressocialização dos pacientes. Eles não realizam nenhum tipo de terapia ocupacional.