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Ao tentar visitar colégio no município, Raquel Teixeira foi informada no portão por um estudante que sua presença no local não seria autorizada

Raquel e subsecretária são impedidas de entrar em escola para conversar sobre processo de implantação de OSs na educação
Raquel e subsecretária são impedidas de entrar em escola para conversar sobre processo de implantação de OSs na educação

Atualizada às 17h30 do dia 6 de janeiro

Em visita a Anápolis na manhã desta terça-feira (5/1), a secretária estadual de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), Raquel Teixeira, foi impedida por um aluno de entrar em colégio ocupado no protesto contra o processo de gestão compartilhada por Organizações Sociais (OSs).

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Segundo a secretária, ela queria visitar o Colégio Polivalente Frei João Batista para dialogar com os alunos que ocupam a escola para esclarecer a implantação das OSs em Goiás. Mas ao chegar na unidade, Raquel foi impedida de entrar pelo único estudante encontrado no local.

A titular da Seduce estava acompanhada pela subsecretária regional de Anápolis — que será a primeira a ter gestão por OSs –, Sonja Maria Lacerda. As duas não puderam entrar para conversar sobre o processo que o Estado pretende adotar.

Desde o início das ocupações, a principal reivindicação dos estudantes é a de que o governo não está aberto ao diálogo.

Outro lado

Os estudantes secundaristas entraram em contato com o Jornal Opção e encaminharam uma nota-resposta sobre o episódio.

Confira na íntegra:

Os estudantes secundaristas que hoje ocupam 24 escolas estaduais, em Goiânia e no interior do estado, assumem publicamente a defesa da escola pública e reafirmamos nossa abertura para o debate. Esta discussão, contudo, deve ser feita de forma organizada e coletiva. Não se trata de falar individual e aleatoriamente com os estudantes. Por esta razão, reforçamos à Secretária Raquel Teixeira que estamos abertos ao debate, desde que este seja feito formalmente: com aviso e agendamento prévio para que todos nós nos organizemos para participar deste momento.

Reiteramos que esta atitude isolada de buscar diálogo batendo na porta de uma ou outra escola é antipolítico por duas razões. Em primeiro lugar, porque não nos reconhece como um movimento organizado e, portanto, não promove o debate necessário que a situação demanda. Ademais, é uma tentativa deliberada de nos desmoralizar e indicar que não estamos abertos ao diálogo. Pelo contrário, queremos um que seja de qualidade, coletivo, organizado, ao nível de nosso movimento.

O governo Marconi/Raquel tentou impor a terceirização e a militarização das escolas sem nenhum debate com a população. Se hoje a sociedade goiana poder ver o outro lado da privatização das escolas – falsamente chamada de parcerias com a iniciativa privada e acompanha outra versão da militarização das escolas – isso se deve ao debate provocado pela ação do movimento.

Ademais, protocolamos vários ofícios, entregamos documentos diretamente à Secretária Raquel Teixeira nos posicionando contra a entrega das escolas às empresas e aos militares. Estamos limpando as escolas do lixo autoritário e do lixo do abandono. Estamos limpando nossas consciências da ideia de que não somos capazes de pensar por conta própria.

Reforçamos, ainda, que as portas das escolas ocupadas estão abertas a todos que apoiam o movimento e sabem que a defesa da escola pública é uma tarefa de todos. A todos que nos ajudam a aprender quem são aqueles que querem vender a escola.

Ocupamos as escolas cuidando da limpeza, da manutenção da estrutura, participando de oficinas, de aulas, de apresentações. Para que isso que nos serve a escola: para aprender a defender nossos direitos e aprender que só a luta pode nos garantir que não nos roubem nosso futuro. Em troca, até agora, recebemos uma força brutal que aponta arma para estudantes, que rouba câmera da TV UFG (com selo de patrimônio e registro oficial), que espanca crianças, como aconteceu na Escola Cecília Meireles.

Por isso, não desistiremos desta ocupação com a qual aprendemos a pensar o mundo de uma maneira que não cabe numa escola militar. Denunciaremos a força brutal e não desistiremos do diálogo: desde que seja feito de forma coletiva e organizada, respeitando o movimento em sua grandeza.

Estudantes secundaristas que ocupam as 24 escolas