Traficante mais procurado do mundo se alia ao PCC e ameaça guerra na fronteira Brasil–Bolívia
03 novembro 2025 às 15h50

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Enquanto o Rio de Janeiro enfrenta a maior operação contra o Comando Vermelho (CV), um vídeo mostra Sebastián Marset, conhecido como El Jugador e apontado como um dos traficantes mais procurados do mundo, reunido com lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
No registro, Marset aparece armado, cercado por integrantes da facção paulista como Patric Velinton Salomão (o Forjado), Pedro Luiz da Silva Soares (o Chacal) e Sérgio Luiz de Freitas Filho (Mijão), apontados como integrantes da chamada liderança das ruas do PCC. Bandeiras e símbolos do PCC também aparecem no vídeo, indicando apoio transnacional.
Nas imagens, Marset faz ameaças explícitas a rivais e às forças de segurança: “Vocês ficam dizendo onde a gente está. Hoje posso estar aqui, amanhã no Paraguai, outro dia na Bolívia, outro na Colômbia. Onde for, estamos preparados para fazer guerra com quem for, com o Colla, com a polícia. Não ligo para ninguém.”
E conclui: “Melhor sermos amigos que inimigos. Quem escolhe a guerra com a gente não se dá bem”. A gravação teria sido feita no fim de semana em Santa Cruz de La Sierra, cidade que funciona como base operacional de Marset.
Quem é Sebastián Marset
Sebastián Marset, 34 anos, uruguaio conhecido como El Jugador, figura no topo da lista vermelha da Interpol e é procurado por agências internacionais, incluindo a DEA (EUA). Ele é acusado de liderar operações de tráfico e lavagem de dinheiro em escala internacional, com denúncias que incluem:
- envio de mais de 16 toneladas de cocaína da Bolívia para a Europa;
- rede milionária de empresas de fachada para lavagem;
- corrupção de autoridades nos países onde atua;
- financiamento e ordens de homicídios ligados ao tráfico.
Operações internacionais já resultaram em apreensões que, segundo investigações, envolveriam aviões, caminhões, embarcações, gado e grande quantidade de droga e bens de luxo.
Segundo a colunista Mirelle Pinheiro do Metrópoles, fontes indicam que a parceria com o PCC foi consolidada após contatos em presídios como Libertad (Uruguai). Após sua soltura, Marset teria atuado como braço logístico para rotas Bolívia–Brasil–Paraguai–Europa, ampliando o alcance da facção.
A relação entre cartel e facção preocupa autoridades brasileiras, que monitoram o avanço da organização nas fronteiras enquanto o Rio lida com o CV.
A influência de Marset também se sustenta pela repressão violenta a rivais: em agosto, três europeus ligados à máfia dos Bálcãs teriam sido sequestrados e executados em Santa Cruz, crime atribuído ao grupo.
No Paraguai, um tenente-coronel do Exército foi assassinado após enfrentar corrupção em presídios onde o PCC atua. Além disso, a esposa de Marset, Gianina García Troche, foi extraditada da Espanha e cumpre pena por tráfico, lavagem e associação ao tráfico, prisão que, segundo investigadores, intensificou o cerco internacional ao cartel.
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