Filhos encomendaram morte de fazendeiro bilionário em Goiás para garantir herança
03 novembro 2025 às 11h40

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O fazendeiro e empresário Jefferson Cury, de 83 anos, foi morto a tiros em 28 de novembro de 2023, em uma propriedade rural às margens da GO-206, em Quirinópolis, no sudoeste de Goiás. Segundo a Polícia Civil de Goiás (PCGO), o crime foi motivado pela disputa por uma herança bilionária e teria sido encomendado pelos próprios filhos da vítima.
O caso ganhou desdobramentos nesta semana, quando seis pessoas foram presas: os dois filhos de Jefferson, um corretor de imóveis e três funcionários que trabalhavam para o fazendeiro. As prisões ocorreram em 29 de outubro de 2025, em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Crime premeditado e motivação financeira
Segundo o delegado Adelson Candeo, responsável pelo caso, Jefferson planejava transferir todo o seu patrimônio, estimado em R$ 1 bilhão, para uma holding da qual os filhos não eram sócios. A assinatura do novo testamento estava marcada para o dia 29 de novembro de 2023, um dia após o assassinato.
“Os filhos queriam dinheiro. Eles chegaram a ajuizar uma ação de interdição 60 dias antes do crime, mas não conseguiram a liminar que esperavam. O senhor Jefferson pretendia assinar um testamento repassando todo o patrimônio para uma holding, da qual os filhos não eram sócios. Ele foi morto um dia antes de formalizar esse documento”, explicou o delegado.
O corretor de imóveis preso, segundo a investigação, lucrou pelo menos R$ 50 milhões com a venda de fazendas herdadas pelos filhos, e já havia obtido R$ 12 milhões em uma única negociação antes mesmo do assassinato.
Como ocorreu o crime
Na noite de 28 de novembro de 2023, por volta das 22h20, Jefferson Cury e seu advogado foram abordados na propriedade. O fazendeiro morreu com um tiro no rosto, enquanto o advogado sobreviveu após ser baleado na cabeça.
De acordo com a polícia, o casal de caseiros e o filho deles participaram da logística do crime, fornecendo informações sobre os horários e rotinas da vítima. Após o assassinato, os filhos do fazendeiro não esperaram nem o término da ocorrência registrada pela Polícia Militar para assinar documentos do inventário, demonstrando grande interesse pelo patrimônio.
Um dos suspeitos chegou a dizer, logo após os disparos: “Agora a dívida está paga”, em referência a uma dívida de R$ 1,7 milhão do filho do caseiro com Jefferson.
Relação conturbada entre pai e filhos
O delegado Adelson Candeo destacou que a relação entre Jefferson e os filhos não era afetiva. A família já havia tentado interditar o fazendeiro antes do crime, em uma ação judicial que não foi aceita. “Eles chegaram a gravar uma reunião em tom agressivo com o pai, chegando a ameaçar o advogado dele. Quando a liminar falhou, seguiram com o plano criminoso”, relatou.
Adelson reforçou ainda que Jefferson era um homem simpático, humilde e trabalhador, que havia construído um patrimônio bilionário ao longo da vida e valorizava o trabalho árduo.
Suspeitos e investigação em andamento
Além dos filhos e do corretor, o casal de caseiros e o filho deles foram acusados de participação direta. O executor dos disparos ainda não foi identificado, e a Polícia Civil continua investigando o caso, inclusive com quebras de sigilo bancário para confirmar envolvimento e rastrear movimentações financeiras suspeitas.
O advogado que sobreviveu relatou à polícia que havia duas pessoas no local da execução, incluindo o filho do caseiro. As prisões recentes têm como objetivo elucidar todos os detalhes e responsabilizar os envolvidos.
Repercussão
O crime chocou a cidade de Quirinópolis e a região sudoeste de Goiás, pela brutalidade e premeditação envolvidas. Especialistas em direito criminal destacam que casos de homicídio motivados por ganância e herança exigem investigação cuidadosa, pois frequentemente envolvem múltiplos suspeitos e complexas movimentações patrimoniais.
Até o momento, as defesas dos investigados não foram localizadas para comentar o caso.
