A devoção ao Divino Pai Eterno une milhares de histórias de superação, desafios e sacrifícios, em uma caminhada rumo à Trindade. Dez amigos se reúnem há sete anos e encaram uma caminhada de 270 km, saindo de Luziânia e Quilombo Mesquita, com destino à Capital da Fé. “É muita coisa que puxa a gente para trás. Muita coisa impede a gente de fazer. Você vem morrendo no meio do caminho, mas quando chega no Portal da Fé parece que acabou tudo. As dores passam, é incrível”, apontam os devotos.

Além da fé e esperança, eles carregam as preces de amigos, familiares e de pessoas que lutam contra a dependência química. “Estou com a bolsa cheia de intenções para levar e a bolsa até pesa. Muitos amigos mandam no WhatsApp os pedidos e a gente anota para levar para os pés do Divino Pai Eterno, pois acreditamos que isso pode ajudar. A gente caminha porque gosta, não para fazer promessas para santo. É uma forma de agradecimento, somos católicos praticantes”, conta Eliano Xavier, conhecido como Mato Seco.

Os romeiros carregam as preces para deixar aos pés do Divino Pai Eterno | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Durante os anos de caminhada, os fiéis presenciaram muitas promessas e milagres. “Temos um colega que não podia ter filhos. Ele fez uma promessa e durante três anos ele caminhou conosco até Trindade e a mulher dele engravidou. Tem muitas histórias assim. Um colega de trabalho que teve câncer e já não tinha mais esperanças, fiz a caminhada e coloquei minhas intenções para ele e ele foi curado. Joelho no chão, né”, diz Wilson.

12ª caminhada

O mecânico Luiz Cláudio Jovino da Silva, faz a sua 12ª caminhada para Trindade. Ele começou fazendo um trajeto que saia de Vianópolis, mas as condições da estrada dificultaram a romaria e ele chegou a ficar alguns anos sem ir. “Tivemos um problema de saúde na família, minha filha fez alguns exames e o médico falou que ela ia ficar cega. Eu não sabia o que fazer então eu falei com Deus e pedi que ela ficasse bem e prometi que faria a caminhada por mais três anos. Graças a Deus deu tudo certo e hoje ela está bem”, conta.

Luiz Cláudio faz sua última caminhada após promessa pela saúde da filha | Foto: Leoiran/Jornal Opção

Este ano é a última etapa da da promessa, mas os desafios começaram desde a primeira viagem. “Eu pensei que não teria de voltar. É muita dor. Perdi quatro unhas, arranquei o couro do pé inteiro, tinha muito sangue nos meus sapatos”, lembra. 

Ele conta que quando chegou na Avenida Anhanguera, perdeu as forças e precisou dormir em Goiânia para finalizar a caminhada no outro dia. “Estava com náuseas, vomitando e não estava com condições. Um dos companheiros ficou para trás e perguntou se poderia fazer alguma coisa para ajudar. Eu disse que quando precisava andar de ônibus, minha mãe me dava um limão que eu furava e ia cheirando para passar os enjoos”, recorda. 

Grupo inicia o planejamento e treinamento um ano antes da festa | Foto: Leoiran/Jornal Opção