Responsável por golpe bilionário no agronegócio tem prisão preventiva convertida em domiciliar
03 janeiro 2025 às 07h56
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O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) autorizou a conversão da prisão preventiva de Camila Rosa Melo em prisão domiciliar. Camila, junto de seu companheiro Vinícius Martini de Mello, são investigados por envolvimento em golpe bilionário no setor do agronegócio.
O relator do caso, desembargador Sival Guerra Pires, entendeu que, devido às circunstâncias do processo, o pedido de mudança no regime da pena é proporcional e não interfere nas investigações. Para além disso, a defesa de Camila também apresentou pedido de aplicação de medidas cautelares alternativas.
O casal foi posto no centro da investigação após denúncia do Ministério Público do estado de Goiás (MP-GO), no âmbito da Operação Deméter. São investigados: possível associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro. Os prejuízos bilionários causados pelo grupo atingiram principalmente produtores rurais de Rio Verde, polo da agropecuária no estado.
Apesar do pedido de prisão domiciliar ter sido aceito, existem condições específicas para manutenção da medida, como, por exemplo, não haver contato com outros investigados ou testemunhas envolvidas no caso.
Leia também: Quatro pessoas são presas e um casal é procurado pela Interpol
Agronegócio: golpe contra produtores rurais de Rio Verde é o maior já registrado no Brasil
Entenda o caso
Principais alvos da operação que pediu o bloqueio de R$ 19 bilhões, Vinícius de Mello e a esposa, Camila Rosa Melo, protagonizaram o maior golpe contra o agronegócio já registrado no Brasil, de acordo com a Polícia Civil de Goiás (PC-GO). O casal, com o auxílio de empresas que foram criadas com a finalidade de sonegar impostos e lavar dinheiro, movimentou R$ 1,2 bilhão entre 2021 e 2024 – cerca de R$ 400 milhões ao ano.
Os suspeitos atuavam como corretores de grãos comprando e vendendo produtos agrícolas em Rio Verde – cidade goiana que ocupa o 5º lugar na lista dos 100 municípios brasileiros mais ricos do agronegócio.
Na prática, após receber as mercadorias, não pagavam ou pagavam menos que o valor negociado com os produtores, e também não entregavam toda a carga para os clientes. Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.
Até o momento, 13 pessoas procuraram a PCGO para denunciar outros crimes da mesma natureza praticados pelo casal. Entretanto, a corporação acredita que o número pode ser ainda maior, visto que Vinicius não fazia contratos, firmando acordos apenas na base da confiança.
A operação, que aconteceu nos dias 28 e 29 de novembro, teve início após o casal Vinícius e Camila desaparecerem repentinamente, em junho deste ano, deixando prejuízo de mais de R$38 milhões aos produtores de grãos do município. No cumprimento da operação, foram apreendidos quase 470 veículos, aeronaves e imóveis de luxo. Além disso, foram bloqueados cerca de R$19 bilhões ligados ao grupo.