Repatriados completam sete dias de quarentena sem sintomas do coronavírus
16 fevereiro 2020 às 12h03
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Uma nova rodada de exames será realizada nesta segunda, feira, 17, e outra no 14º dia de quarentena
Neste domingo, 16, completa uma semana da chegada de 34 repatriados a Anápolis. Eles saíram de Wuhan, na China, epicentro do coronavírus, e enfrentaram quarenta horas de voo em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo ao estado de Goiás para cumprirem quarentena de 18 dias na base aérea de Anápolis.
Além deles, 24 pessoas da equipe de resgate também passam pela quarentena, sendo 12 pessoas da equipe médica da FAB, dois médicos do Ministério da Saúde, duas pessoas da equipe de imprensa e oito tripulantes. Até agora, os exames feitos pelo Laboratório Central do Estado de Goiás (Lacen), nos 58 envolvidos na Operação Regresso, deram negativo para o coronavírus (Covid-19). Uma nova rodada de exames será realizada nesta segunda, feira, 17, e outra no 14º dia de quarentena.
Pelas redes sociais, os repatriados compartilham detalhes do dia-a-dia e externam agradecimento ao tratamento recebido no local. “Não temos nada do que reclamar”, explica Vitor Campos Siqueira, de 28 anos, que cursa mestrado em linguística aplicada em chinês, em Wuhan, e pretende voltar ao país asiático para terminar o mestrado.
Ele relata que muitos repatriados já se conheciam por serem da mesma cidade, e alguns frequentavam os mesmos locais — três são estudantes de uma mesma universidade —, o que serviu para aumentar os laços de amizade e solidariedade entre o grupo. “Estamos muito unidos”, afirma Vitor.
Os repatriados têm mantido contato com conhecidos que cumprem quarentena em outros países, é o caso de Vitor que ressalta que em muitos lugares o tratamento recebido não é tão bom quanto o dispensado em solo brasileiro. “Aqui é um dos melhores, se não for o melhor. Proporcionam tudo para a gente. Temos uma comida muito boa, um tratamento excelente por parte dos médicos e somos tratados com gentileza e educação por todos”, afirma o repatriado.
Caleb Guerra, 28 anos, faz mestrado de literatura chinesa clássica em Wuhan, e é um dos repatriados que mais compartilham a nova rotina nas redes-sociais. Ele faz questão de lembrar que por trás das notícias do vírus de Wuhan e das discussões políticas sobre o assunto existem rostos, nomes, famílias, sonhos, dores, lágrimas, isolamento, ansiedade, tristeza e ruptura. “Ore pelo povo de Wuhan”, escreveu.
“Que privilégio poder ser recebido tão bem assim aqui pela equipe da base aérea de Anápolis! Muito constrangido pelo carinho da galera toda e pela ajuda que eles estão nos prestando!”, compartilhou Caleb. O jovem também registra imagens como a do céu de Anápolis, das refeições, dos momentos de diversão e sempre agradece o cuidado dos brasileiros em especial, dos envolvidos na Operação Regresso.
A curiosidade sobre a rotina na base aérea tem chamado a atenção dos brasileiros, que seguem os perfis de Caleb e de outros repatriados nas redes sociais. Muitas mensagens de apoio e de boas-vindas se misturam em meio a perguntas sobre o estado de saúde dos brasileiros. A condução da operação também tem recebido elogios e mostra que o Brasil e o estado de Goiás estão preparados para lidar com uma situação dessa magnitude.
Até o momento, o desenrolar da história mostra que o governo federal acertou ao trazer os repatriados com respeito e cuidado para o Brasil, assim como a escolha de Anápolis para a quarentena. O governador Ronaldo Caiado também ganha pontos como um gestor responsável e humano, que não se esquivou do compromisso confiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Os brasileiros que não apresentarem sintomas da doença serão liberados depois de 18 dias de isolamento.