Relatório de Ricardo Salles chama MST de ‘indústria das invasões’ e aponta irregularidades do movimento

21 setembro 2023 às 15h29


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O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST acusa o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de irregularidades de de promover uma “indústria de invasões”. Produzido por Ricardo Salles (PL-SP), réu em ação por exploração de madeira ilegal, o documento diz ainda que, desde janeiro, o número de invasões cresceu significativamente e que houve mais ações nos oito primeiros meses do ano que em toda gestão passada.
O Jornal Opção entrou em contato com o MST em Goiás e aguarda um retorno.
O relatório foi apresentado e discutido na sessão desta quinta-feira, 21. Os deputados membros da comissão pediram vista conjunta e a sessão foi encerrada. A próxima reunião da comissão está marcada para o dia 26 de setembro.
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Salles pede ainda o indiciamento de 11 pessoas. Entre elas, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e José Rainha, líder da Frente de Luta Campo e Cidade. O deputado sugeriu ainda que o presidente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), Jaime Messias Silva, seja indiciado.
Redução de invasões
Salles elencou uma série de argumentos que teriam motivado a redução das invasões, entre elas: a redução de recursos públicos sem critério e/ou controle da distribuição para o que ele chamou de “associações de manipuladas para benefícios próprios sem preocupação com a questão agrária”.
A atuação rígida, especialmente das forças de segurança, também foi ponto de destaque do relatório para a redução. Além disso, Salles citou o aumento de titulação de terras de assentamentos pelo Instituto Nacional de colonização e reforma agrária (INCRA).
“Não resta a menor dúvida de que o atual Governo, seja através do INCRA, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, do Ministério da Agricultura, da Casa Civil e da própria Presidência da República, não é apenas omisso em relação aos inúmeros crimes perpetrados nesses primeiros meses de mandato, como é conivente e partícipe das ações de incentivo às invasões, através de apoio institucional, político e financeiro. Isso ocorre na medida em que restabelece práticas administrativas e orçamentárias condenáveis, acolhendo no seio do Governo aqueles que até pouco tempo atrás estavam à frente dos crimes apurados nessa CPI e se omite diante do evidente recrudescimento das ações criminosas no campo e nas cidades”
Relatório CPI do MST
O relator lembrou ainda da participação do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB) em depoimento no dia 31 de maio. Durante a audiência pública, o ex-senador e fundador e presidente da União Democrática Ruralista (UDR), deu o testemunho sobre o surgimento das ações do movimento no Brasil.
“O MST deveria ter aprendido um pouco que nós vivemos numa democracia, e é inaceitável que as pessoas queiram impor suas vontades, acima daquilo que a lei determina e delimita como parâmetros de convivência entre nós, como cidadãos brasileiros”, disse à época.
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