“Recebi um recado de que não adiantava insistir para conversar com o prefeito”, diz Daniel Vilela
05 abril 2021 às 12h06
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Em tom de desabafo, presidente estadual do MDB detalha desentendimentos com Rogério Cruz e a direção nacional do Republicanos que levaram ao rompimento da aliança
O iminente rompimento do MDB com Paço Municipal chegou hoje ao seu último capítulo. Em coletiva realizada no Alpha Park, 14 auxiliares entregaram seus cargos e o presidente estadual do partido, Daniel Vilela, detalhou os desentendimentos e ruídos na comunicação que levaram ao fim da aliança que terminou vitoriosa nas eleições de 2020.
Emocionado, Daniel Vilela relembrou o desejo do pai e os planos que ele tinha à frente da prefeitura. “Ninguém mais do que eu perdeu com os acontecimentos, a minha maior perda não foi política, eu perdi meu pai. Alguém que eu tinha como referência pessoal, política, alguém que deixou o seu legado que teve todas as reverências merecidas de uma vida digna, humilde, competente e destacada. Alguns aqui sabem que eu, inicialmente, era contra a candidatura dele a prefeito. Era a predominância de um sentimento de filho que entendia que seu pai já havia dado sua colaboração e que era chegada a hora do seu merecido descanso, mas a vitalidade, o entusiasmo dele me convenceu de que ele faria a melhor gestão da sua vida”.
Após Maguito Vilela ser acometido pelo Covid-19 em plena campanha eleitoral e dar início à batalha pela vida, Daniel disse que entendeu que era seu papel assumir a campanha e o projeto idealizado pelo pai. “Em nenhum momento imaginava que nós teríamos o desfecho que tivemos. Passado isso, perdendo meu pai, o que me coube foi a defesa do legado e desse projeto que nós tínhamos pra Goiânia e essa foi a nossa busca incessante desde os primeiros dias dessa gestão iniciada já sob a liderança do prefeito Rogério Cruz”, relembra.
“Rogério disse publicamente que havia me convidado para ser secretário, mas ele nunca me convidou”
O presidente do MDB diz que sempre se colocou à disposição do prefeito unicamente com o intuito de colaborar com a gestão e garante que nunca pediu nenhum cargo ou fez qualquer reivindicação de cunho pessoal. “Rogério disse publicamente que havia me convidado para ser secretário e eu havia recusado. Eu não tinha o interesse de fato de participar, achava que não seria pertinente politicamente, poderia criar qualquer tipo de constrangimento ao prefeito, mas ele nunca me convidou. E eu não vim a publico desmenti-lo, dizer que ele havia se confundido. Me resguardei, deixei isso como uma situação menor que era, e segui ao lado dele dizendo da minha disposição”, ressaltou.
Daniel relembra que o início da gestão foi exitosa, mas não demorou para que as diferenças começassem a aparecer. “Conseguimos ser bem sucedidos no primeiro mês, no começo de fevereiro já entregamos o IPTU Social, o Renda Família, as obras não pararam um dia sequer. O secretário Luiz Bittencourt diariamente movimentando, levando o prefeito, com sua experiência, sua expertise de engenheiro. Nas secretarias individualmente os projetos andavam. Quando de repente o prefeito começa a dar sinais de que estaria mudando de rumo em relação aquilo que nós havíamos nos comprometido no projeto para Goiânia”.
“Começaram a se fazer trocas que não haviam sido dialogadas, construídas”
Vilela diz que foi convidado a se reunir com a direção nacional do Republicanos onde foi anunciado que algumas mudanças seriam feitas para atender pessoalmente o prefeito Rogério Cruz e seu partido. Fato que Daniel diz ter entendido como “justo e legítimo”.
“Quando essas alterações começaram a acontecer de uma forma desprogramada, de uma forma inadequada, precoce, que eu até havia pontuado para a direção do partido juntamente com o prefeito Rogério, porque estamos no meio de uma pandemia e entendia que essa interrupção dos trabalhos poderia ser prejudicial para a gestão nesse momento, mas não fui ouvido. Independe disso, segui tranquilo e sempre estive aberto ao diálogo. Começaram a se fazer trocas que não haviam sido dialogadas, construídas, e que afetavam diretamente a execução dos projetos nessas pastas. Perguntei ao prefeito, ele disse inicialmente que eram apenas boatos, mas esses boatos foram se tornando fatos concretos com a demissão de forma até deselegante e mal-educada com pessoas que estavam colaborando e ajudando, sendo exonerados pelo Diário Oficial, sem ter a dignidade de convidar para uma conversa, explicar as razões, agradecer pelos serviços prestados até aquele momento. E isso gerou uma grande insegurança e uma desmotivação em toda a equipe para continuar executando os trabalhos e os projetos”.
Diante desse cenário e, segundo Daniel, atendendo a pedidos dos próprios secretários, tentou contato com o prefeito Rogério Cruz para tranquilizar a equipe. “Tentei agendar uma conversa mas não fui atendido, mandei uma mensagem que ele nunca retornou e durante 15 dias não fui atendido sequer para saber o que havia acontecido, o que havia sido modificado. Fiz isso até atendendo a pedidos de próprios secretários que estavam sendo todos os dias expostos nos noticiários como passíveis de serem demitidos naqueles dias. Foi para dar segurança e colaborar com a gestão que eu fui atrás do prefeito, Depois, eu recebi um recado de que não adiantava eu insistir para conversar com o prefeito porque ele não iria conversar comigo, que o que fosse ser tratado, o que eu quisesse saber, que eu procurasse a direção nacional do Republicanos, que todas as tratativas se dariam com o presidente do Republicanos do Distrito Federal, e não com o prefeito Rogério”, detalha.
“Chega uma hora que você não vai mais ficar fazendo papel de bobo e se constranger e ficar perguntando a alguém que não quer te responder. Cheguei a conclusão que a verdade é que eles não nos querem, não querem esses quadros competentes na gestão”, finaliza.