Quem são os militares que resistiram à tentativa de golpe em 2022 e como frustraram o plano
27 novembro 2024 às 20h10
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A Polícia Federal (PF) revelou em seu relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que o fracasso do plano deve-se à resistência de altos comandantes militares. Segundo o documento, Bolsonaro não assinou o decreto golpista por falta de apoio do Exército e da Aeronáutica, além de outros líderes das Forças Armadas.
Os nomes dos oficiais que resistiram à tentativa de golpe foram destacados pela PF. Confira os principais envolvidos:
- General Marco Antônio Freire Gomes: Comandante do Exército à época, se posicionou firmemente contra a ideia e chegou a ameaçar prender Bolsonaro se o plano fosse levado adiante.
- Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr.: Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), deixou claro que a Aeronáutica não apoiaria um golpe, recusando-se até mesmo a receber o decreto golpista.
- General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva: Comandante do Comando Militar do Sudeste.
- General Richard Nunes: Comandante do Comando Militar do Nordeste.
- General André Luís Novaes de Miranda: Ex-comandante do Comando Militar do Leste.
- General Guido Amin Naves: Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.
- General Valério Stumpf: Comandante do Estado-Maior do Exército.
Os líderes militares demonstraram sua oposição em reuniões críticas realizadas em dezembro de 2022. Na primeira reunião, realizada em 7 de dezembro de 2022, Bolsonaro apresentou a minuta golpista aos comandantes do Exército, da Marinha e da Defesa. Freire Gomes rejeitou prontamente o apoio armado e reafirmou sua posição contrária.
Na segunda reunião, em meados de dezembro, após novas tentativas de persuasão pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, Baptista Jr. questionou se o documento impediria a posse do presidente eleito. Após obter silêncio como resposta, retirou-se, deixando clara a postura da FAB contra o golpe.
No dia 15 de dezembro, em reuniões finais, mesmo com pressões crescentes, os comandantes reiteraram sua oposição. Freire Gomes reforçou que o Exército não participaria, o que levou Bolsonaro a recuar.
Como parte da estratégia para pressionar os militares, apoiadores de Bolsonaro passaram a atacá-los nas redes sociais, apelidando-os de “melancias” — alusão ao verde das fardas e ao vermelho, associado ao comunismo.
Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo, coordenou uma campanha virtual contra os militares. A “Carta ao Comandante do Exército” buscava incitar os oficiais a apoiar o golpe, mas não obteve adesão.
Além disso, mensagens de pressão, como as enviadas pelo general da reserva Laércio Vergílio, tentaram desmoralizar os líderes contrários ao plano.
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