A Polícia Federal (PF) revelou em seu relatório final da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), que o fracasso do plano deve-se à resistência de altos comandantes militares. Segundo o documento, Bolsonaro não assinou o decreto golpista por falta de apoio do Exército e da Aeronáutica, além de outros líderes das Forças Armadas.

Os nomes dos oficiais que resistiram à tentativa de golpe foram destacados pela PF. Confira os principais envolvidos:

  • General Marco Antônio Freire Gomes: Comandante do Exército à época, se posicionou firmemente contra a ideia e chegou a ameaçar prender Bolsonaro se o plano fosse levado adiante.
  • Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr.: Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), deixou claro que a Aeronáutica não apoiaria um golpe, recusando-se até mesmo a receber o decreto golpista.
  • General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva: Comandante do Comando Militar do Sudeste.
  • General Richard Nunes: Comandante do Comando Militar do Nordeste.
  • General André Luís Novaes de Miranda: Ex-comandante do Comando Militar do Leste.
  • General Guido Amin Naves: Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.
  • General Valério Stumpf: Comandante do Estado-Maior do Exército.
General Marco Antônio Freire Gomes — Foto: Alan Santos/PR

Os líderes militares demonstraram sua oposição em reuniões críticas realizadas em dezembro de 2022. Na primeira reunião, realizada em 7 de dezembro de 2022, Bolsonaro apresentou a minuta golpista aos comandantes do Exército, da Marinha e da Defesa. Freire Gomes rejeitou prontamente o apoio armado e reafirmou sua posição contrária.

Na segunda reunião, em meados de dezembro, após novas tentativas de persuasão pelo então ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, Baptista Jr. questionou se o documento impediria a posse do presidente eleito. Após obter silêncio como resposta, retirou-se, deixando clara a postura da FAB contra o golpe.

Carlos de Almeida Baptista Junior — Foto: Isac Nóbrega/PR

No dia 15 de dezembro, em reuniões finais, mesmo com pressões crescentes, os comandantes reiteraram sua oposição. Freire Gomes reforçou que o Exército não participaria, o que levou Bolsonaro a recuar.

Como parte da estratégia para pressionar os militares, apoiadores de Bolsonaro passaram a atacá-los nas redes sociais, apelidando-os de “melancias” — alusão ao verde das fardas e ao vermelho, associado ao comunismo.

Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo, coordenou uma campanha virtual contra os militares. A “Carta ao Comandante do Exército” buscava incitar os oficiais a apoiar o golpe, mas não obteve adesão.

Além disso, mensagens de pressão, como as enviadas pelo general da reserva Laércio Vergílio, tentaram desmoralizar os líderes contrários ao plano.

Montagem de fotos com André Luis Novaes, Guido Amin Naves, Richard Nunes, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva e Valério Stumpf. — Foto: Reprodução/Exército

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