Às vésperas da páscoa, estudo mostra que além do preço elevado e grande quantidade de açúcar, os ovos de chocolate violam legislação de publicidade para crianças

Campanha Páscoa Solidária repassa chocolates para 96 mil crianças. Foto: Karla Dudas/IPCC
Foto: Karla Dudas/IPCC

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) constatou 245 irregularidades que violam a legislação de publicidade para crianças ao analisar oito marcas fabricantes de 68 tipos diferentes de ovos de páscoa.

O estudo avaliou a qualidade nutricional do chocolate e o preço dos produtos, mas o maior número de irregularidades estavam nas práticas de publicidade dirigidas ao público infantil.

“Os resultados evidenciam que, mais uma vez, as práticas de publicidade dirigidas às crianças se repetem, apesar de serem consideradas ilegais pela legislação em vigor”, comenta a nutricionista do Idec Ana Paula Bortoletto, responsável pelo estudo.

A irregularidade mais frequente entre as marcas foi o uso de cores fortes e formatos atrativos das embalagens, seguido pela utilização do licenciamento de personagens conhecidos do público infantil.

De todas as opções avaliadas, somente uma não atrelou o produto ao recebimento de um brinquedo. O restante, sem exceção, oferece os mais variados brindes, como bonecos, lancheiras, entre outros. Inclusive, houveram muitos casos em que o ovo de chocolate vem dentro do tal “brinde”, e não o brinde dentro do ovo.

A pesquisadora do Idec explica que esses artifícios são abusivos, na medida em que a partir dos diferentes apelos, as empresas seduzem crianças a comprarem seus produtos. “Se a publicidade por si só já exerce influência sobre o público infantil, certamente a possibilidade de proporcionar entretenimento irá potencializá-la”, diz.

Para o levantamento, o Idec selecionou 68 ovos, de oito marcas disponíveis para consumo nesta Páscoa. O critério para a escolha dos ovos foram as características consideradas apelativas ao público infantil, por meio de personagens e brindes. Todas as informações foram coletadas entre os dias 07 e 18 de março nos sites das próprias fabricantes, e os preços e demais dados em sites de lojas virtuais com abrangência nacional, no mesmo período.

A lista das marcas avaliadas na pesquisa ainda não foram divulgadas pelo instituto. Ainda segundo o Idec, os resultados da pesquisa também serão encaminhados ao Ministério da Justiça e ao Ministério da Saúde para que tomem as providências cabíveis.