Propostas de Bolsonaro para Ancine são parte de uma guerra cultural, afirma ex-diretor da Cinemateca
19 julho 2019 às 18h26

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Professor de cinema critica declaração do presidente, que afirmou pretensão de criar “filtro” na seleção de produções autorizadas por agência

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou durante coletiva nesta sexta-feira, 19, que seu governo pretende estabelecer mudanças na Agência Nacional do Cinema (Ancine), responsável pela regulamentação do mercado audiovisual do País. Além de considerar mudar a sede do Rio de Janeiro para Brasília, o presidente disse que será necessário impor um “filtro” nas produções nacionais, as regras para esse filtro seriam estabelecidas pelo governo.
Para o crítico de cinema e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lisandro Nogueira, que foi diretor da Cinemateca, a ação é caracterizada como mais um passo de uma guerra cultural. Ele afirma que para se fazer mudanças ao nível do que se propõe será necessário o encaminhamento de matérias ao Congresso para mudar a atual dinâmica, já que a Ancine tem prerrogativas de autonomia.
Durante a entrevista, Bolsonaro disse que as mudanças se baseiam no fato da Agência ser parte do governo. “Vai ter um filtro sim. Já que é um órgão federal, se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos, passarei ou extinguiremos”, afirmou o presidente.
“É o inicio de uma longa batalha, porque caso o governo faça da forma que foi falada, poderá ser recorrido ao parlamento. Faz parte de uma estratégia de quem quer ter em mãos as áreas culturais”, considera Lisandro.