Em nova reportagem o jornal O Estado de S. Paulo, Ramos teria participado diretamente da articulação e criação do orçamento secreto para favorecer políticos aliados ao Governo, o chamado “tratoraço”

Luiz Eduardo Ramos | Foto: Reprodução

A reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, revelou neste mês um esquema montado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no final do ano passado para aumentar sua base de apoio no Congresso. Ele lançou mão de um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas parlamentares.

Nesta terça-feira, 18, em nova reportagem o Estadão mostrou que o atual ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos participou diretamente da articulação e criação do orçamento secreto para favorecer políticos aliados ao Governo, o chamado “tratoraço”. Na época, Ramos era chefe da Secretaria de Governo quando reformulou uma proposta antes barrada pelo presidente jair Bolsonaro.

Ainda segundo a matéria do Estadão, a operação de Ramos ocorreu três semanas após Bolsonaro vetar a tentativa do Congresso de criar a RP9. No mesmo projeto enviado ao Congresso, o general da reserva chegou a incluir no texto um artigo, o 64-A, que dava ao Congresso o direito de indicar o que deveria ser feito com o dinheiro. O ministro desconsiderou ter assinado o projeto e repetiu que “a iniciativa da criação da RP9 foi da Comissão de Orçamento do Congresso”. Toda negociação dos parlamentares para divisão do dinheiro da RP9 foi feita no gabinete da Secretaria de Governo, pasta que Ramos comandava quando assinou o texto.

Também segundo uma reportagem publicada na última sexta-feira, 14, pela Revista Crusoé, a lógica é a mesma de escândalos que emergiram em governos anteriores: “usar dinheiro público para garantir o apoio de congressistas. Era assim no mensalão, o esquema descoberto no primeiro mandato de Lula, e era assim no Petrolão, em que contratos gigantescos da Petrobras se convertiam em propinas para políticos aliados do governo. A diferença é que, agora, sob Bolsonaro, a coisa se dá com recursos do orçamento, usando de subterfúgios para maquiar a distribuição.”

Cinco parlamentares goianos estão na lista dos que teriam sido contemplados pelo Governo Bolsonaro. O deputado Célio Silveira (PSDB); José Nelto (Podemos); Vitor Hugo (PSL), líder no governo na Câmara Federal; o senador Luiz do Carmo (MDB-GO) e o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).