Um dos programas mais fortes da administração de Marconi Perillo, o Cheque Mais Moradia está ajudando a melhorar qualidade de vida das famílias camponesas 

Foto: Sergio Willian
Família de Catalão comemora nova casa: “Até meu cono melhorou”, diz trabalhadora rural | Foto: Sergio Willian

“É difícil explicar com palavras. Só mesmo vendo com os próprios olhos para entender a transformação que tivemos em nossa vida. Até meu sono melhorou”. É assim que a trabalhadora rural Marivalda Aparecida dos Santos descreve a sensação de morar em uma casa nova, edificada em uma propriedade com 23 hectares no município de Catalão, no Sudoeste do Estado.

A casa da família de Marivalda foi construída pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Habitação (Agehab), com recursos do Cheque Mais Moradia, em parceria com o Movimento Camponês Popular (MCP) e o Programa Nacional de Moradia Rural, (PNHR). O programa de moradia rural de Goiás é considerado o melhor do País. Já conquistou o Prêmio Caixa Melhores Práticas de Gestão e foi reconhecido internacionalmente pela ONU-Habitat.

São construções diferenciadas, em respeito às tradições rurais, com casas de 80 metros quadrados e avarandadas. Os valores podem chegar a R$ 20 mil por unidade para construção e até R$ 3,6 mil para reforma. Desde 2011, já foram beneficiadas cerca de duas mil famílias no Estado nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Noroeste.

Um novo convênio foi celebrado este mês pelo governador Marconi Perillo (PSDB) com a Caixa Econômica Federal/PNHR para expansão do programa, abrindo possibilidades de parcerias com todos os segmentos representativos do setor rural (prefeituras, sindicatos e movimentos sociais).

De imediato, o convênio ampliou a parceria da Agehab com o Movimento Camponês Popular para construção e reforma de 1000 moradias, totalizando investimento de R$ 11,8 milhões. Atualmente, está em execução outro convênio, celebrado em 2012 pela Agehab com o MCP, para construção e reforma de cerca de 1000 moradias, com investimento do Cheque Mais Moradia da ordem de R$ 7,5 milhões.

O presidente da Agehab, Luiz Stival, informa que o programa é fruto da sensibilidade e determinação do governador Marconi Perillo de atender os 246 municípios, não só nas cidades, mas também no campo. Segundo ele, Marconi Perillo reconhece a importância do pequeno produtor rural. “O Programa de Moradia Camponesa foi pensado pelo governador e pelo ex-presidente da Agehab, Marcos Abrão, para valorização de nossas raízes, devolvendo ao pequeno produtor o orgulho de viver e trabalhar no campo”, ressalta.

De acordo com a coordenadora estadual do MCP, Jéssica da Silva Brito, o reconhecimento nacional do programa deve-se sobretudo à parceria com o Governo do Estado. “Não existe outro programa de habitação de interesse social com casas de 80 metros quadrados. Nem no campo nem na cidade. É o complemento do Cheque Mais Moradia que possibilidade essa melhoria da qualidade e do tamanho”, afirma a coordenadora.

Roberto pensou em desistir  | Foto: Sergio Willian
Roberto pensou em desistir da vida no campo, mas desistiu por causa do Programa de Moradia Rural e do Projeto Sementes Crioulas  | Foto: Sergio Willian

Segundo Jéssica, a maior demanda que os camponeses têm hoje é pela moradia. O trabalho do MCP começa com a casa e se expande para outras frentes de diálogo, como a produção. “Moradia não é só a casa em si, mas tudo que está ao seu redor. Trabalhamos principalmente com o desenvolvimento de sementes crioulas, puras, que não afetam o meio ambiente e o ser humano”, explica.

O agricultor Roberto Reis dos Santos, 29 anos, de Vianópolis, lembra a importância do convênio para diminuir o problema da sucessão rural. Ele mesmo já pensou em desistir da vida no campo, mas o Programa de Moradia Rural e o projeto de sementes crioulas devolveram a ele a vontade de continuar. “Muitos jovens que tinham saído para procurar emprego na cidade estão voltando. Os programas devolvem a autoestima e estimulam a permanência na zona rural”, reforça Roberto.

Moradia digna no campo

Para a trabalhadora rural Marivalda, o antigo casarão onde morava vai ficar só como recordação. A moradia já tinha um século de existência e foi construída pelo sogro dela. O marido da trabalhadora rural, Sebastião Tomé Sobrinho, de 56 anos, nasceu sob aquele teto, mas ultimamente tinha muitos motivos para se preocupar.

Sebastião conta que o telhado estava em situação tão ruim que a goteira caia lá dentro como uma cachoeira, a madeira estava apodrecendo e os vãos abertos com as rachaduras chegavam a um palmo. Foram inúmeras as tentativas de reforma, mas a situação chegou a um limite. Marivalda não dormia mais com medo das paredes caírem em cima de seus filhos. O menino Gabriel, de 13 anos, ainda convivia com o medo de insetos e animais peçonhentos.

Todas as noites, antes de dormir, Gabriel tinha que fazer uma vistoria no dormitório. Batia a lanterna embaixo da cama, atrás das portas. No dia em que encontrou um escorpião, aumentou ainda mais a vontade de se mudar. “Agora tenho até vontade de trazer os amigos na minha casa. Antes, não tinha”, revela o adolescente.

A menina Carla Gabriela, de 11 anos, tem um motivo extra para comemorar. Ela, que sempre dormiu com os pais, agora tem um quarto exclusivo. Segundo a garota, possuir um espaço só seu melhora até na hora de fazer as lições de casa. Carla gosta de morar no campo e pretende continuar lá quando crescer. “A gente come fruta no pé, tem mais liberdade para sair e explorar o quintal. Nas férias, brincamos de casa na árvore. Agora, de moradia nova, dá até mais prazer morar aqui”, ressalta.

Conforto no campo

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Luta pela conquista da casa durou três anos | Foto: Sergio Willian

Com a construção do lago de Três Ranchos, a família de Antônio Luiz da Silva, 55 anos, teve que ser realocada. Desde 1988, quando ele construiu uma casa para viver com a esposa Lucila Ribeiro, 51 anos, a habitação não passava por uma boa reforma. Contemplado no convênio entre Governo de Goiás, com a Agehab, Caixa, Prefeitura e MCP, a família dele tem agora à disposição uma moradia ampla e confortável.

Antônio conta que a luta pela conquista da nova habitação durou três anos. Na opinião dele, o maior ganho foi o banheiro, pois o antigo não tinha vaso sanitário. A filha mais nova do casal, Cristiane Regina de Assunção, 19 anos, estuda engenharia de produção em Catalão. Ela relata que a vida no campo não é fácil. A moça precisa da carona do pai para chegar ao ponto na estrada, onde pega um ônibus coletivo para a faculdade. Pelo menos com a situação da moradia ela não vai se preocupar mais. Em sua opinião, é mais fácil cuidar e manter limpa a nova habitação.

Reforma e ampliação

A sede da propriedade de três hectares no município de Ouvidor tinha apenas um quarto, sala, banheiro e cozinha. Hoje, o local foi reformado e se tornou uma extensão da casa principal, que foi construída em anexo, com mais três quartos. Orgulhoso, o aposentado Jaci Cândido Ribeiro, 62 anos, conta que cultiva mandioca, banana, pimenta e milho. Ele ainda cria pato, ganso, galinha, peru, angola e duas vacas, sem se esquecer dos peixes, divididos em três tanques.

Apesar da variedade, até então os produtos eram apenas para consumo próprio. Mas agora, com a construção da nova casa, Jaci pretende tornar a propriedade rentável. “Vou me dedicar ao que realmente gosto. Para mim, trabalhar na roça é ter higiene mental, é trabalhar com prazer”, revela. A mulher dele, Sirlene Amélia de Jesus Ribeiro, 62 anos, também está curtindo a nova fase. Em sua opinião, a casa é boa e confortável.

Alegria com novo lar

As irmãs Adelina Rodrigues Duarte, 55 anos, e Zilva Duarte, 72, nasceram e cresceram na propriedade rural onde vivem até hoje, em Catalão. Apesar de ampla, a casa principal não tem mais a imponência de quando elas eram crianças. “Quando chovia, balançava tudo. Estava muito estragada, querendo cair”, lembra a irmã caçula. Hoje, elas vivem na moradia nova, construída ao lado da antiga, e estão muito satisfeitas. Adelina conta que a mais velha passa até dois anos sem ir à cidade. Principalmente para Zilva, uma casa confortável é muito importante. “Agora nós temos qualidade de vida”, resume Adelina.

Foto: Sergio Willian
“Agora temos qualidade de vida”, defende Adelina | Foto: Sergio Willian

Logo ao lado da propriedade rural, mora outra irmã da dupla, Valdenice Duarte Rodrigues, de 58 anos. Ela foi contemplada na primeira etapa do convênio entre a Agehab e o MCP, em 2012. A trabalhadora rural conta que o projeto foi melhorando a cada dia, com a conquista de mais recursos e aumento da qualidade das moradias. Para ela, esse projeto é muito importante, pois aumenta a autoestima das pessoas do campo. Valdenice conta que tinha até desgosto com a condição de sua casa. Depois da reforma, ela readquiriu o gosto de ser dona de casa, encheu a varanda de plantas e adora ver a casa cheia de visitas. “É como se eu morasse em um barraco de barro e me mudasse para a cobertura de um prédio”, compara sua vida antes e depois.