Programa de habitação rural do Governo é destaque nacional
13 abril 2016 às 17h59
COMPARTILHAR
Um dos programas mais fortes da administração de Marconi Perillo, o Cheque Mais Moradia está ajudando a melhorar qualidade de vida das famílias camponesas
“É difícil explicar com palavras. Só mesmo vendo com os próprios olhos para entender a transformação que tivemos em nossa vida. Até meu sono melhorou”. É assim que a trabalhadora rural Marivalda Aparecida dos Santos descreve a sensação de morar em uma casa nova, edificada em uma propriedade com 23 hectares no município de Catalão, no Sudoeste do Estado.
A casa da família de Marivalda foi construída pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Habitação (Agehab), com recursos do Cheque Mais Moradia, em parceria com o Movimento Camponês Popular (MCP) e o Programa Nacional de Moradia Rural, (PNHR). O programa de moradia rural de Goiás é considerado o melhor do País. Já conquistou o Prêmio Caixa Melhores Práticas de Gestão e foi reconhecido internacionalmente pela ONU-Habitat.
São construções diferenciadas, em respeito às tradições rurais, com casas de 80 metros quadrados e avarandadas. Os valores podem chegar a R$ 20 mil por unidade para construção e até R$ 3,6 mil para reforma. Desde 2011, já foram beneficiadas cerca de duas mil famílias no Estado nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Noroeste.
Um novo convênio foi celebrado este mês pelo governador Marconi Perillo (PSDB) com a Caixa Econômica Federal/PNHR para expansão do programa, abrindo possibilidades de parcerias com todos os segmentos representativos do setor rural (prefeituras, sindicatos e movimentos sociais).
De imediato, o convênio ampliou a parceria da Agehab com o Movimento Camponês Popular para construção e reforma de 1000 moradias, totalizando investimento de R$ 11,8 milhões. Atualmente, está em execução outro convênio, celebrado em 2012 pela Agehab com o MCP, para construção e reforma de cerca de 1000 moradias, com investimento do Cheque Mais Moradia da ordem de R$ 7,5 milhões.
O presidente da Agehab, Luiz Stival, informa que o programa é fruto da sensibilidade e determinação do governador Marconi Perillo de atender os 246 municípios, não só nas cidades, mas também no campo. Segundo ele, Marconi Perillo reconhece a importância do pequeno produtor rural. “O Programa de Moradia Camponesa foi pensado pelo governador e pelo ex-presidente da Agehab, Marcos Abrão, para valorização de nossas raízes, devolvendo ao pequeno produtor o orgulho de viver e trabalhar no campo”, ressalta.
De acordo com a coordenadora estadual do MCP, Jéssica da Silva Brito, o reconhecimento nacional do programa deve-se sobretudo à parceria com o Governo do Estado. “Não existe outro programa de habitação de interesse social com casas de 80 metros quadrados. Nem no campo nem na cidade. É o complemento do Cheque Mais Moradia que possibilidade essa melhoria da qualidade e do tamanho”, afirma a coordenadora.
Segundo Jéssica, a maior demanda que os camponeses têm hoje é pela moradia. O trabalho do MCP começa com a casa e se expande para outras frentes de diálogo, como a produção. “Moradia não é só a casa em si, mas tudo que está ao seu redor. Trabalhamos principalmente com o desenvolvimento de sementes crioulas, puras, que não afetam o meio ambiente e o ser humano”, explica.
O agricultor Roberto Reis dos Santos, 29 anos, de Vianópolis, lembra a importância do convênio para diminuir o problema da sucessão rural. Ele mesmo já pensou em desistir da vida no campo, mas o Programa de Moradia Rural e o projeto de sementes crioulas devolveram a ele a vontade de continuar. “Muitos jovens que tinham saído para procurar emprego na cidade estão voltando. Os programas devolvem a autoestima e estimulam a permanência na zona rural”, reforça Roberto.
Moradia digna no campo
Para a trabalhadora rural Marivalda, o antigo casarão onde morava vai ficar só como recordação. A moradia já tinha um século de existência e foi construída pelo sogro dela. O marido da trabalhadora rural, Sebastião Tomé Sobrinho, de 56 anos, nasceu sob aquele teto, mas ultimamente tinha muitos motivos para se preocupar.
Sebastião conta que o telhado estava em situação tão ruim que a goteira caia lá dentro como uma cachoeira, a madeira estava apodrecendo e os vãos abertos com as rachaduras chegavam a um palmo. Foram inúmeras as tentativas de reforma, mas a situação chegou a um limite. Marivalda não dormia mais com medo das paredes caírem em cima de seus filhos. O menino Gabriel, de 13 anos, ainda convivia com o medo de insetos e animais peçonhentos.
Todas as noites, antes de dormir, Gabriel tinha que fazer uma vistoria no dormitório. Batia a lanterna embaixo da cama, atrás das portas. No dia em que encontrou um escorpião, aumentou ainda mais a vontade de se mudar. “Agora tenho até vontade de trazer os amigos na minha casa. Antes, não tinha”, revela o adolescente.
A menina Carla Gabriela, de 11 anos, tem um motivo extra para comemorar. Ela, que sempre dormiu com os pais, agora tem um quarto exclusivo. Segundo a garota, possuir um espaço só seu melhora até na hora de fazer as lições de casa. Carla gosta de morar no campo e pretende continuar lá quando crescer. “A gente come fruta no pé, tem mais liberdade para sair e explorar o quintal. Nas férias, brincamos de casa na árvore. Agora, de moradia nova, dá até mais prazer morar aqui”, ressalta.
Conforto no campo
Com a construção do lago de Três Ranchos, a família de Antônio Luiz da Silva, 55 anos, teve que ser realocada. Desde 1988, quando ele construiu uma casa para viver com a esposa Lucila Ribeiro, 51 anos, a habitação não passava por uma boa reforma. Contemplado no convênio entre Governo de Goiás, com a Agehab, Caixa, Prefeitura e MCP, a família dele tem agora à disposição uma moradia ampla e confortável.
Antônio conta que a luta pela conquista da nova habitação durou três anos. Na opinião dele, o maior ganho foi o banheiro, pois o antigo não tinha vaso sanitário. A filha mais nova do casal, Cristiane Regina de Assunção, 19 anos, estuda engenharia de produção em Catalão. Ela relata que a vida no campo não é fácil. A moça precisa da carona do pai para chegar ao ponto na estrada, onde pega um ônibus coletivo para a faculdade. Pelo menos com a situação da moradia ela não vai se preocupar mais. Em sua opinião, é mais fácil cuidar e manter limpa a nova habitação.
Reforma e ampliação
A sede da propriedade de três hectares no município de Ouvidor tinha apenas um quarto, sala, banheiro e cozinha. Hoje, o local foi reformado e se tornou uma extensão da casa principal, que foi construída em anexo, com mais três quartos. Orgulhoso, o aposentado Jaci Cândido Ribeiro, 62 anos, conta que cultiva mandioca, banana, pimenta e milho. Ele ainda cria pato, ganso, galinha, peru, angola e duas vacas, sem se esquecer dos peixes, divididos em três tanques.
Apesar da variedade, até então os produtos eram apenas para consumo próprio. Mas agora, com a construção da nova casa, Jaci pretende tornar a propriedade rentável. “Vou me dedicar ao que realmente gosto. Para mim, trabalhar na roça é ter higiene mental, é trabalhar com prazer”, revela. A mulher dele, Sirlene Amélia de Jesus Ribeiro, 62 anos, também está curtindo a nova fase. Em sua opinião, a casa é boa e confortável.
Alegria com novo lar
As irmãs Adelina Rodrigues Duarte, 55 anos, e Zilva Duarte, 72, nasceram e cresceram na propriedade rural onde vivem até hoje, em Catalão. Apesar de ampla, a casa principal não tem mais a imponência de quando elas eram crianças. “Quando chovia, balançava tudo. Estava muito estragada, querendo cair”, lembra a irmã caçula. Hoje, elas vivem na moradia nova, construída ao lado da antiga, e estão muito satisfeitas. Adelina conta que a mais velha passa até dois anos sem ir à cidade. Principalmente para Zilva, uma casa confortável é muito importante. “Agora nós temos qualidade de vida”, resume Adelina.
Logo ao lado da propriedade rural, mora outra irmã da dupla, Valdenice Duarte Rodrigues, de 58 anos. Ela foi contemplada na primeira etapa do convênio entre a Agehab e o MCP, em 2012. A trabalhadora rural conta que o projeto foi melhorando a cada dia, com a conquista de mais recursos e aumento da qualidade das moradias. Para ela, esse projeto é muito importante, pois aumenta a autoestima das pessoas do campo. Valdenice conta que tinha até desgosto com a condição de sua casa. Depois da reforma, ela readquiriu o gosto de ser dona de casa, encheu a varanda de plantas e adora ver a casa cheia de visitas. “É como se eu morasse em um barraco de barro e me mudasse para a cobertura de um prédio”, compara sua vida antes e depois.