Professor de história é confundido com ladrão e precisa dar aula para se livrar de linchamento

01 julho 2014 às 11h10

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Jovem de 27 anos praticava atividade física pela localidade e teve de falar sobre a Revolução Francesa. Cerca de 20 pessoas o agrediram

A onda de fazer justiça com as próprias mãos por pouco não vitimou mais um inocente. Desta vez foi um professor de história, que ao ser confundido com um ladrão em São Paulo, precisou dar aula sobre a Revolução Francesa para se livrar das agressões e não ser espancado até a morte. André Rodrigues, de 27 anos, foi acusado pelo dono do estabelecimento vítima do roubo e chegou a passar dois dias preso em uma delegacia.
O professor foi confundido com o criminoso porque corria próximo ao local do fato, aditividade física que pratica diariamente na localidade. André, além de estar vestido com roupa esportiva, estava com fones de ouvido, mesmo assim foi acorrentado pelo dono do bar e seu filho e agredido por cerca de 20 pessoas. Depois de falar que não era ladrão, mas sim professor, os agressores pediram que provasse passando informações sobre a Revolução Francesa. Bombeiros que passavam em frente ao estabelecimento prestaram os primeiros socorros.
Ele falou por cerca de três minutos, mesmo tendo sido desacorrentado, teve de ir para a delegacia. “Falei que a França era o local onde o antigo regime manifestava maior força, e que a burguesia comandou uma revolta junto com as causas populares, e que havia fases da revolução. Falei por uns três minutos e perguntei se já estava bom. Aí me desacorrentaram, mas fui levado para a delegacia”, conta.
Como começou
Em 31 de janeiro último um menor suspeito de assaltos foi agredido, deixado nu e preso com uma trava de bicicleta a um poste no Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro. A partir deste caso, que ganhou repercussão nacional e internacional, outros casos parecidos com o menor do Flamengo tomaram os noticiários. Dentre os casos mais alarmantes está o de Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, ocorrido em 5 de maio em Guarujá, no litoral de São Paulo. A mãe de família teve uma foto divulgada no Facebook como suspeita de praticar magia negra com sacrifício de crianças e morreu vítima de linchamento por populares.